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O selecionador Paulo Bento é como os tecnocratas
do FMI, que levam no bolso uma série de fórmulas matemáticas, para aplicar nos
países em crise, mas que, na maior parte das vezes, essas mágicas fórmulas não
permitem obter os objetivos pretendidos. Em Portugal, segundo foi afirmado,
enganaram-se na escolha dos multiplicadores
Também foi esse o problema de Paulo Bento. No
encontro com a Alemanha, Paulo Bento enganou-se nos multiplicadores, falhando,
pois, o objetivo de marcar golos e ganhar a prova. Falta-lhe, como treinador,
pensamento dialético, tal como falta aos técnicos do FMI, que querem fazer da
economia uma ciência de números e equações, esquecendo-se das pessoas.
Não se chegou a perceber bem qual a tática que
Paulo Bento teria adotado no balneário, pois, no campo, os jogadores alemães
não lhe deram margem de manobra para a levar à prática, embora se presuma que o
seu plano consistisse em pôr a jogar a equipa para Cristiano Ronaldo, esperando
que um golpe de génio do avançado português colocasse Portugal em vantagem,
logo no início da partida. Optou por uma arriscada tática ofensiva, que
esbarrou na muralha de aço da equipa alemã.
Perante uma Alemanha, que é sempre forte, mesmo
que a sua equipa seja fraca, Paulo Bento deveria ter sido mais cauteloso, e ter
optado pela tática que os alemães aplicaram, mal asseguraram um resultado
confortável, começando a prender o jogo a meio campo, em sucessivas
triangulações, que obrigaram os jogadores portugueses a correr sem êxito, atrás
da bola. Deste modo, os alemães iam queimando tempo e levaram ao esgotamento
físico e anímico os jogadores portugueses, que, posteriormente, já não
conseguiram resistir às novas e incisivas ofensivas dos avançados alemães, que,
com êxito, concretizaram as jogadas, dilatando facilmente o resultado.
Paulo Bento deveria ter começado com o esquema
de 4 x 4 x 2, reforçando a defesa e o meio campo e devolvendo aos alemães a
iniciativa para o jogo atacante. Na parte inicial da partida, para a equipa
portuguesa, não deveria ter havido o desejo imediato de chegar à baliza
adversária. A bola deveria correr a meio campo, trocando-a em passes
sucessivos, num carrossel contínuo, entre os defesas e os médios, a fim de
atrair os jogadores alemães, que assim esgotariam a sua força física e a sua
paciência. Neste esquema, a equipa portuguesa exploraria o contra-ataque, de
preferência pelos flancos, à procura de Ronaldo, que, no centro, e com a defesa
alemã ainda não reconstituída, poderia fazer o milagre de marcar um golo. E
este esquema de jogo manter-se-ia atá ao final da partida, levando os alemães
ao desespero e à derrota.
Com uma equipa, como a alemã, só esta tática da
equipa portuguesa poderia ter tido êxito. E é esta tática que Paulo Bento deverá
escolher para os próximos jogos, uma vez que, neste momento, a equipa
portuguesa está insegura, quanto à sua capacidade, e desmoralizada, perante a
humilhante derrota infligida pela equipa germânica. Também deverá deitar pelo
esgoto abaixo as fórmulas do FMI. E se não fizer isto, Paulo Bento arruinará a
sua carreira de treinador, arriscando-se
a ter de ir vender copos de vinho, atrás do balcão da taberna.
Como nota final, também deverá dizer-se que esta
humilhante derrota teve origem no rápido esgotamento físico dos jogadores
portugueses, que não tiveram tempo de adaptar-se às condições climatéricas do
Brasil (a mistura de calor e humidade é altamente desgastante, para quem não
está habituado). Na fase de preparação, a seleção portuguesa deveria ter ido
estagiar para o Brasil e realizar jogos com equipas locais, dispensando-se a
digressão pelos EUA, onde foi amealhar, para a FPF, algumas receitas de
bilheteira e de publicidade e recolher as migalhas do patriotismo esfarrapado
dos emigrantes portugueses, que anda pelas ruas da amargura, devido a uma outra
humilhação, bem mais grave e vergonhosa, a submissão de Portugal à ditadura dos
mercados e à política agressiva da troika.
1 comentário:
De verde nunca se vestiu a esperança
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