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quarta-feira, 18 de junho de 2014

Treinador de bancada: Paulo Bento não pode continuar a utilizar as fórmulas do FMI

Imagem do portal do Google

O selecionador Paulo Bento é como os tecnocratas do FMI, que levam no bolso uma série de fórmulas matemáticas, para aplicar nos países em crise, mas que, na maior parte das vezes, essas mágicas fórmulas não permitem obter os objetivos pretendidos. Em Portugal, segundo foi afirmado, enganaram-se na escolha dos multiplicadores
Também foi esse o problema de Paulo Bento. No encontro com a Alemanha, Paulo Bento enganou-se nos multiplicadores, falhando, pois, o objetivo de marcar golos e ganhar a prova. Falta-lhe, como treinador, pensamento dialético, tal como falta aos técnicos do FMI, que querem fazer da economia uma ciência de números e equações, esquecendo-se das pessoas.
Não se chegou a perceber bem qual a tática que Paulo Bento teria adotado no balneário, pois, no campo, os jogadores alemães não lhe deram margem de manobra para a levar à prática, embora se presuma que o seu plano consistisse em pôr a jogar a equipa para Cristiano Ronaldo, esperando que um golpe de génio do avançado português colocasse Portugal em vantagem, logo no início da partida. Optou por uma arriscada tática ofensiva, que esbarrou na muralha de aço da equipa alemã.
Perante uma Alemanha, que é sempre forte, mesmo que a sua equipa seja fraca, Paulo Bento deveria ter sido mais cauteloso, e ter optado pela tática que os alemães aplicaram, mal asseguraram um resultado confortável, começando a prender o jogo a meio campo, em sucessivas triangulações, que obrigaram os jogadores portugueses a correr sem êxito, atrás da bola. Deste modo, os alemães iam queimando tempo e levaram ao esgotamento físico e anímico os jogadores portugueses, que, posteriormente, já não conseguiram resistir às novas e incisivas ofensivas dos avançados alemães, que, com êxito, concretizaram as jogadas, dilatando facilmente o resultado.
Paulo Bento deveria ter começado com o esquema de 4 x 4 x 2, reforçando a defesa e o meio campo e devolvendo aos alemães a iniciativa para o jogo atacante. Na parte inicial da partida, para a equipa portuguesa, não deveria ter havido o desejo imediato de chegar à baliza adversária. A bola deveria correr a meio campo, trocando-a em passes sucessivos, num carrossel contínuo, entre os defesas e os médios, a fim de atrair os jogadores alemães, que assim esgotariam a sua força física e a sua paciência. Neste esquema, a equipa portuguesa exploraria o contra-ataque, de preferência pelos flancos, à procura de Ronaldo, que, no centro, e com a defesa alemã ainda não reconstituída, poderia fazer o milagre de marcar um golo. E este esquema de jogo manter-se-ia atá ao final da partida, levando os alemães ao desespero e à derrota.
Com uma equipa, como a alemã, só esta tática da equipa portuguesa poderia ter tido êxito. E é esta tática que Paulo Bento deverá escolher para os próximos jogos, uma vez que, neste momento, a equipa portuguesa está insegura, quanto à sua capacidade, e desmoralizada, perante a humilhante derrota infligida pela equipa germânica. Também deverá deitar pelo esgoto abaixo as fórmulas do FMI. E se não fizer isto, Paulo Bento arruinará a sua carreira de treinador,  arriscando-se a ter de ir vender copos de vinho, atrás do balcão da taberna.  
Como nota final, também deverá dizer-se que esta humilhante derrota teve origem no rápido esgotamento físico dos jogadores portugueses, que não tiveram tempo de adaptar-se às condições climatéricas do Brasil (a mistura de calor e humidade é altamente desgastante, para quem não está habituado). Na fase de preparação, a seleção portuguesa deveria ter ido estagiar para o Brasil e realizar jogos com equipas locais, dispensando-se a digressão pelos EUA, onde foi amealhar, para a FPF, algumas receitas de bilheteira e de publicidade e recolher as migalhas do patriotismo esfarrapado dos emigrantes portugueses, que anda pelas ruas da amargura, devido a uma outra humilhação, bem mais grave e vergonhosa, a submissão de Portugal à ditadura dos mercados e à política agressiva da troika.
 Alexandre de Castro

1 comentário:

Mar Arável disse...

De verde nunca se vestiu a esperança