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quinta-feira, 19 de junho de 2014

66 diretores do Centro Hospitalar S. João demitem-se


A demissão em bloco foi apresentada esta manhã. São 66 diretores, entre chefes de unidades intermédias de gestão, diretores clínicos e não clínicos, que disseram não estar disponíveis para continuar na unidade perante a degradação dos cuidados. Administração está solidária.
Entre as razões apontadas para a decisão tomada em bloco estão "a qualidade na prestação de cuidados de saúde à população estar em risco", a desvalorização do centro hospitalar e da sua missão e a centralização administrativa "no que concerne a políticas de recursos humanos, investimento, manutenção estrutural e infraestruturas e de equipamentos e compras, que afetará gravemente a prossecução da atividade assistencial".

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O diretores do Centro Hospitalar de S. João já fiizeram o que deviam, demitindo-se em bloco, devido à degradação progressiva da qualidade dos serviços de saúde, prestados à população, iniciativa que o conselho de administração subscreveu.. Falta agora idêntica iniciativa dos responsáveis de todas as outras unidades de saúde do país.
Não se trata de uma reação corporativa, à procura de privilégios, nem de nenhuma reivindicação sindical a exigir aumentos de salários. É apenas o aflorar de um sentimento coletivo de impotência, perante a ofensiva surda de um ministro, apostado em destruir gradualmente o Serviço Nacional de Saúde, para que os privados possam abocanhar a sua parte mais rentável. E as queixas apresentadas pelos profissionais demissionários do Centro Hospitalar de S. João são comuns a todo o universo do Serviço Nacional de Saúde.
O ministro da Saúde que, com o seu ar bonacheirão, tem passado incólume pelos intervalos da chuva, levou, com esta demissão coletiva, uma estocada de morte. Ele até pode não se demitir - pois está vinculado, tal como todos os outros ministros deste governo, ao compromisso de "missão" de instalarem em Portugal um verdadeiro Estado neoliberal e de obedecerem cegamente aos interesses dos agentes do capitalismo financeiro internacional e aos diretórios políticos europeus - mas, a partir de agora, ele ficou a saber que a onda de protesto vai molhá-lo dos da cabeça até aos tornozelos.

7 comentários:

Ana disse...

Ainda bem que estes tomaram a decisão acertada. O que está a acontecer no serviço nacional de saúde, é lamentável. É uma maneira de matar indiretamente. Onde já escasseia os bens essenciais para os utentes. Ontem, no centro hospitalar de Viana, um cunhado meu já tinha ordem médica para sair de OBS, e passar para o internamento. Manteve-se em OBS, porque não existiam maceiros para o transportar. Só à noite é que foi possível fazer a transferência. Não sei se o Ministro da Saúde se vai preocupara ou não. Faz falta que se estenda efetivamente a todos os centros hospitalares do País, para o abanão ser grande. Está a chegar-se ao limite em tudo. É claro, que a cavala está montada para encher os grandes, ou seja, os privados. Onde maior parte dos detentores destes serviços são os gestores da banca

Alexandre de Castro disse...

Espero que o exemplo frutifique... Os serviços ameaçam ruptura. E muitas pessoas irão morrer, devido a esta política assassina.

Alexandre de Castro disse...

Espero que o exemplo frutifique... Os serviços ameaçam ruptura. E muitas pessoas irão morrer, devido a esta política assassina.

Lia Trepa disse...

O problema é que existem muitos outros 66 em funções e a compactuar com o regime.

Lia Trepa disse...

Voltaram atrás... voltaram a ser peças do regime como convém.

Alexandre de Castro disse...

Lia Trepa: Falta saber o nível de concessões que o Ministério da Saúde teria feito, para motivar este recuo. Espero que as direções demissionárias não se tivesem deixado subornar politicamente.
Entretando, ontem, a Ordem dos Médicos fez o apelo para que as direções de todos os outros hospitais apresentem a sua demissão.
Por sua vez, a FNAM já decretou a sua greve.
A Luta Continua...

Alexandre de Castro disse...

Depois de ler as notícias sobre o recuo negociado das chefias e das direções clínicas do C. H. de S. João, fica-me a dúvida se tudo isto não passou de uma encenação, inserida na manobra de esvaziar o sentido da próxima greve dos médicos, convocada pela FNAM.
Oxalá que esteja enganado.