A coisa está tremida |
António Costa foi alvo de insultos à saída da
Comissão Nacional de Ermesinde. No momento em que falava para as televisões, o
presidente da câmara de Lisboa, e candidato a líder do PS, viu as suas palavras
serem abafadas por militantes que se juntaram para o acusarem de oportunismo e
de dividir os socialistas. Houve mesmo alguns encontrões
“Oportunista”, “Ficas bem é no poleiro de
Lisboa”, “devias ter vergonha de dividir os socialistas”, ouviu-se à porta do
Fórum Cultural de Ermesinde. Jorge Lacão, apoiante de Costa, também foi vaiado
e insultado.
António José Seguro, pelo contrário, foi
aplaudido por um grupo maior de pessoas, mas que incluiu alguns dos que depois
insultaram Costa.
O secretário-geral do PS pediu que os costistas
deixem as questões estatutárias e “deixem os rodriguinhos”. Seguro não deixou
sem resposta os que se aproximavam de si para criticar Costa. “Fomos traídos”,
dizia um socialista exaltado, ao que Seguro respondeu “Nós ganhámos e a direita
perdeu, mas parece que foi tudo ao contrário”. A outro militante que chamou
“oportunista” a Costa por ter tido a oportunidade e não ter avançado ,
Seguro disse “vamos dizer nas eleições”.
Costa começou por sorrir e acernar para os que o
insultavam. Depois, disse aos jornalistas: “vamos deixar o partido serenar,
devemos dar um exemplo de serenidade”. Depois das primárias, espera “contar com
todos os socialistas”. Ainda assim lamentou que a Comissão Nacional não tenha
sequer discutido a proposta de um congresso antecipado.
“O melhor era termos já congresso“, seria “tudo
mais claro e mais sólido” mas “mais tarde ou mais cedo os militantes vão poder
votar”, afirmou Costa. “Não me vou dedicar a ataques pessoais”.
António Costa viu rejeitada a proposta de um
congresso antecipado, não tendo sequer a proposta sido admitida a votação pela
presidente Maria de Belém.
Também foi rejeitada uma moção, dos costistas,
para adiar para depoisa das primárias as eleições nas federações – um processo
que corre em paralelo no PS, por decisão de Seguro. A Comissão Nacional marcou
estas eleições para 5 ou 6 de Setembro, três semanas antes das primárias para a
escolha do candidato a primeiro-ministro
***«»***
Atualmente, O PS é um partido fraturado. Nem
Costa nem Seguro têm o elã para mobilizar os militantes. O problema é que ambos
dizem a mesma coisa por outras palavras. Ambos são europeístas, no sentido de
que apoiam o que de mais negativo tem a UE, e que se consubstancia na
pulsão federadora da Europa, imposta sob a batuta da Alemanha.
Para se diferenciar do PSD, os socialistas têm
de encontrar um líder que defenda precisamente o contrário. Caso isto não
aconteça, o PS arrisca-se a vir a ser uma muleta do PSD, como está a acontecer ao PSOE, de Espanha, que deixou de ser, a nível eleitoral, uma
alternativa credível ao PP, tal foi a deserção dos seus eleitores para os
partidos mais à esquerda.
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