1- Ao reduzirem-se as despesas na Saúde e na
Segurança Social, procura-se induzir a morte precoce dos idosos (pela ausência
de cuidados de saúde e pela sua condenação a uma má nutrição), fenómeno opaco que se
dilui na opinião pública e que não provoca alarme social, mas que, pela
dimensão trágica que comporta, irá ser certamente ser considerado, no registo
futuro da História, como um verdadeiro Holocausto silencioso. Na Educação, a
redução das despesas irão cortar as pernas ao futuro, a milhares de jovens.
As políticas sociais são imprescindíveis para o
desenvolvimento do país e para a sua coesão social. Sem elas, Portugal descerá
as escadas para o inferno do Terceiro Mundo. E este cenário dantesco, de
miséria e de desgraça, não comove nada os donos da Europa. Eles saberão
conviver com ele, uma vez que já estão a pensar em formar uma gigantesca bolsa
de mão de obra, a preços de saldo.
2- A moeda única foi o instrumento ideal para a
Alemanha estabelecer o seu domínio, quase absoluto, sobre a Europa, com as
instituições da UE totalmente subordinadas à sua hegemónica vontade. Angela
Merkel pretendeu fazer com o euro aquilo que Hitler não conseguiu com os
tanques e com os canhões. Ao impor o terrorismo político da austeridade, para
defender os interesses do capitalismo financeiro alemão, a Hitler de saias
(embora ela use sempre calças) lançou o caos sobre as economias que se
sujeitaram aos pactos de ajustamento, já que as políticas prosseguidas
privilegiaram a vertente financeira, secundarizando a vertente económica. E é a
economia que deve caminhar à frente das finanças, e não o contrário.
3- As estatísticas do Eurostat mostram que as despesas totais com a
Saúde, Educação e Segurança Social, em Portugal, percentualmente, e em relação
ao PIB, alinham pela média da despesa, nestes mesmos setores, de todos os países da UE
e também pela média da zona euro, o que desmente aquela ideia de que Portugal
tem um Estado Social acima das suas possibilidades.
A dívida soberana não foi contraída para
alimentar o Estado Social, porque ele foi pago e é pago pelos impostos e
contribuições dos portugueses. As causas do endividamento excessivo devem ser
encontradas nos ruinosos negócios do Estado, com as Parcerias Púbico Privadas
(PPP) e com os swaps, bem como nas intencionais derrapagens orçamentais
nas grandes obras públicas, na construção exagerada de auto estradas, para
satisfazer a gula dos lobies da construção civil, nas despesas faraónicas dos
sucessivos governos em consultorias e na corrupção da máquina do Estado e das
autarquias.
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