O primeiro-ministro conservador grego Antonis
Samaras remodelou hoje o seu governo de coligação, com a pasta das Finanças a
ser atribuída ao professor e economista Gikas Hardouvelis, informou um
porta-voz do executivo.
A decisão surge a meio do mandato de quatro anos
da atual coligação, liderada pela Nova Democracia (ND) de Samaras e que também
integra o Partido Socialista Pan-Helénico (Pasok), do vice-primeiro-ministro e
chefe da diplomacia Evangelos Venizelos, que reforça o seu peso no executivo.
Nas eleições europeias de maio, e pela primeira
vez, a ND foi derrotada pelo partido da esquerda radical Syriza, que obteve
mais três por cento de votos e exigiu de imediato legislativas antecipadas.
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Na Grécia, tal como em Portugal, na Espanha e na
França, o poder político perdeu a base social de apoio, não retirando, todavia,
desta clara evidência, as respetivas conclusões, que seriam, naturalmente, a
demissão do governo e a convocação de eleições legislativas. Perante a
hecatombe das eleições europeias, os governos destes quatro países, invocando
formalismos falaciosos, que lhes justifiquem a legitimidade governativa, não se
demitem, dando assim continuidade à sua servil fidelidade ao diretório de
Berlim/Bruxelas, com quem firmaram compromissos, que um dia, para o espanto das
gentes, virão à à luz do dia.
Mas não é apenas através da perspetiva política
que a realidade deve ser avaliada. O que se passa na Grécia, onde está a ser
aplicada uma política criminosa de terrorismo financeiro, que está a provocar
fraturas sociais gravíssimas, que os órgãos de comunicação social omitem, é a
prova provada de que a intenção inicial proclamada não é salvar a Grécia, mas
sim salvar o capitalismo financeiro europeu, salvando o euro e os bancos. Os
índices macroeconómicos da Grécia são aterradores. Desde a intervenção da
troika, o país já perdeu vinte e cinco por cento da sua riqueza e a dívida
soberana já atinge um valor astronómico (176% do PIB). Nos arrabaldes das
grandes cidades e nas cidades do interior, as populações vivem num cenário
dantesto de miséria e de degradação, com a fome a vitimar crianças e idosos, e
onde os serviços de saúde entraram em rutura.
É para a Grécia e não para a Irlanda, que
Portugal deverá olhar, pois é no que está a acontecer naquele país que
poderemos antecipar o cenário do que está reservado para o povo português.
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