segunda-feira, 30 de junho de 2014
domingo, 29 de junho de 2014
Redação*
“Eu gosto muito da minha escola. As carteiras estão quase todas vazias e a minha escola vai fechar. A professora disse que iam fazer aqui uma casa mortuária porque há mais mortos que meninos. Eu não gosto de mortos, só nos filmes e nos desenhos animados. Eu e os outros três meninos vamos para uma escola nova chamada agrupamento escolar que tem um autocarro que começa a dar volta ao concelho às sete da manhã para apanhar todos os meninos do tal agrupamento. É como quando se recolhiam as cabras para a vezeira ir pr’ó monte, disse a minha avó que só fala tipo antigamente. Eu não me importo. Depois durmo no agrupamento. Quando o agrupamento tiver também só três ou quatro meninos, o autocarro leva-nos para outro agrupamento onde estaremos quatro dias da semana em camaratas porque é muito longe para vir a casa. Quando for grande, o agrupamento já deve ser fora de Portugal como o agrupamento onde estão os meus pais e quase todos os adultos da minha terra. Chamam-se emigrantes e os nossos governantes dizem que é bom emigrar. Porque é que os nossos governantes não saem do agrupamento deles para emigrar? Conheciam terras novas, outras culturas com internet, outros governantes fixes e assim. Pronto.”
* In artigo de opinião "Decadência" da autoria do geógrafo Álvaro Domingues
Redação*
“Eu gosto muito da minha escola. As carteiras estão quase todas vazias e a
minha escola vai fechar. A professora disse que iam fazer aqui uma casa
mortuária porque há mais mortos que meninos. Eu não gosto de mortos, só nos
filmes e nos desenhos animados. Eu e os outros três meninos vamos para uma
escola nova chamada agrupamento escolar que tem um autocarro que começa a dar
volta ao concelho às sete da manhã para apanhar todos os meninos do tal
agrupamento. É como quando se recolhiam as cabras para a vezeira ir pr’ó monte,
disse a minha avó que só fala tipo antigamente. Eu não me importo. Depois durmo
no agrupamento. Quando o agrupamento tiver também só três ou quatro meninos, o
autocarro leva-nos para outro agrupamento onde estaremos quatro dias da semana em
camaratas porque é muito longe para vir a casa. Quando for grande, o
agrupamento já deve ser fora de Portugal como o agrupamento onde estão os meus
pais e quase todos os adultos da minha terra. Chamam-se emigrantes e os nossos
governantes dizem que é bom emigrar. Porque é que os nossos governantes não
saem do agrupamento deles para emigrar? Conheciam terras novas, outras culturas
com internet, outros governantes fixes e assim. Pronto.”
* In artigo de opinião "Decadência" da
autoria do geógrafo Álvaro Domingues
Educação, precisa-se
José Mujica - Presidente do Uruguai |
Foi este fator, a aposta na educação, que operou
o milagre económico irlandês, nos anos oitenta e noventa do século passado.
Portugal preferiu apostar no cimento, no tijolo, no alcatrão e na banca. Quando
acordou, já era tarde. É certo que ainda teve tempo de formar uma pequena elite
de universitários, de elevada qualidade, que, entretanto, já emigrou ou está
para emigrar. Mas, a grande maioria da população continua mergulhada no
obscurantismo da iliteracia funcional.
Educação, precisa-se...
José Mujica é Presidente do Uruguai |
Foi este fator, a aposta na educação, que operou
o milagre económico irlandês, nos anos oitenta e noventa do século passado.
Portugal preferiu apostar no cimento, no tijolo, no alcatrão e na banca. Quando
acordou, já era tarde. É certo que ainda teve tempo de formar uma pequena elite
de universitários, de elevada qualidade, que, entretanto, já emigrou ou está
para emigrar. Mas, a grande maioria da população continua mergulhada no
obscurantismo da iliteracia funcional.
sábado, 28 de junho de 2014
O Governo apenas está a gerir a massa falida
O Presidente alemão, de visita a Portugal,
elogiou "as reformas bem-sucedidas", considerando-nos um bom exemplo.
Desconhece a realidade portuguesa. Mas quais reformas? Reformas nos cortes das
pensões, nos aumentos dos impostos. Bem-sucedidas?! Mais uma vez, ignora os
factos reais. A situação do País é, na verdade, "impressionante", tal
como ele referiu quanto ao resultado das reformas: falta de crédito nas
empresas, fraca recuperação do investimento, risco de deflação (queda contínua
dos preços), endividamento público e privado, baixos níveis de crescimento para
permitir a sustentabilidade das finanças píblicas. E mais, senhor Gauck, veja
bem a situação impressionante do País: encerramento de empresas, de centros de
saúde, demissões em massa de direções dos hospitais... (...)
Francisco José Casal Pina
***«»***
Na realidade, não ocorreu nenhum Reforma do
Estado, neste período tutelado pela troika. A ação do governo centrou-se na
política dos cortes nos salários, nas pensões e nos subsídios socais, no
aumento dos impostos e no encerramento de serviços públicos (centros de saúde,
tribunais, centros da Segurança Social e Repartições de Finanças).
E para fazer este trabalho, não eram necessários
os ministros. Bastava dar o poder aos porteiros dos ministérios.
O que resta, é um país destroçado, sem
expectativas para o futuro. O desemprego é o preço da austeridade e o espelho
de uma economia em recessão. O que é bom para a Europa é mau para os
portugueses. O Estado deixou de corresponder às necessidades dos cidadãos para
satisfazer as ordens emanadas de Bruxelas e de Berlim. O Governo apenas está a
gerir a massa falida.
sexta-feira, 27 de junho de 2014
Notas do meu rodapé: Três apontamentos, breves e necessários…
1- Ao reduzirem-se as despesas na Saúde e na
Segurança Social, procura-se induzir a morte precoce dos idosos (pela ausência
de cuidados de saúde e pela sua condenação a uma má nutrição), fenómeno opaco que se
dilui na opinião pública e que não provoca alarme social, mas que, pela
dimensão trágica que comporta, irá ser certamente ser considerado, no registo
futuro da História, como um verdadeiro Holocausto silencioso. Na Educação, a
redução das despesas irão cortar as pernas ao futuro, a milhares de jovens.
As políticas sociais são imprescindíveis para o
desenvolvimento do país e para a sua coesão social. Sem elas, Portugal descerá
as escadas para o inferno do Terceiro Mundo. E este cenário dantesco, de
miséria e de desgraça, não comove nada os donos da Europa. Eles saberão
conviver com ele, uma vez que já estão a pensar em formar uma gigantesca bolsa
de mão de obra, a preços de saldo.
2- A moeda única foi o instrumento ideal para a
Alemanha estabelecer o seu domínio, quase absoluto, sobre a Europa, com as
instituições da UE totalmente subordinadas à sua hegemónica vontade. Angela
Merkel pretendeu fazer com o euro aquilo que Hitler não conseguiu com os
tanques e com os canhões. Ao impor o terrorismo político da austeridade, para
defender os interesses do capitalismo financeiro alemão, a Hitler de saias
(embora ela use sempre calças) lançou o caos sobre as economias que se
sujeitaram aos pactos de ajustamento, já que as políticas prosseguidas
privilegiaram a vertente financeira, secundarizando a vertente económica. E é a
economia que deve caminhar à frente das finanças, e não o contrário.
3- As estatísticas do Eurostat mostram que as despesas totais com a
Saúde, Educação e Segurança Social, em Portugal, percentualmente, e em relação
ao PIB, alinham pela média da despesa, nestes mesmos setores, de todos os países da UE
e também pela média da zona euro, o que desmente aquela ideia de que Portugal
tem um Estado Social acima das suas possibilidades.
A dívida soberana não foi contraída para
alimentar o Estado Social, porque ele foi pago e é pago pelos impostos e
contribuições dos portugueses. As causas do endividamento excessivo devem ser
encontradas nos ruinosos negócios do Estado, com as Parcerias Púbico Privadas
(PPP) e com os swaps, bem como nas intencionais derrapagens orçamentais
nas grandes obras públicas, na construção exagerada de auto estradas, para
satisfazer a gula dos lobies da construção civil, nas despesas faraónicas dos
sucessivos governos em consultorias e na corrupção da máquina do Estado e das
autarquias.
quinta-feira, 26 de junho de 2014
Cavaco convoca Conselho de Estado para 3 de julho
O Presidente da República convocou um Conselho
de Estado para o dia 3 de julho, às 17h30, avança a SIC Notícias.
A Presidência da República anunciou a convocação
de um Conselho de Estado para o dia 3 de julho, às 17h30, de acordo com o
avançado pela SIC Notícias.
Os temas a discutir serão a situação política,
económica e social na sequência do fim do programa de ajustamento e também a
relação de parceria entre Portugal e a União Europeia, no Âmbito do programa
2020 da União Europeia.
***«»***
Esperemos que, desta vez, Cavaco não leve as
conclusões do conclave, já previamente escritas, tal como aconteceu na última
reunião do Conselho de Estado. Isto faz-me lembrar aquele médico que, mal o
doente entrou no gabinete de consulta, já tinha o impresso da receita
preenchido, antes de lhe ouvir as queixas e de o observar clinicamente.
Para serem coerentes, os conselheiros não podem
deixar de reconhecer a progressiva degradação da situação política portuguesa, cujo
epicentro se encontra na falta de legitimidade política do atual governo, claramente
evidenciada pelos resultados das
eleições europeias, o que exige, como saída limpa, uma proposta para que o
Presidente da República provoque a sua imediata demissão e convoque eleições
legislativas.
É urgente devolver a voz ao povo, se é que isto
ainda é uma democracia.
terça-feira, 24 de junho de 2014
"NÃO AO FASCISMO! SOLIDARIEDADE COM OS POVOS DA UCRÂNIA!"
Portugueses convidam-vos a participar no debate
"Não ao fascismo - Solidariedade com os povos da Ucrânia" a realizar
na próxima Sexta-feira, dia 27 de Junho pelas 18h30 no Clube Estefânia, em
Lisboa.
O debate contará com a presença de Gustavo
Carneiro (CPPC) e de José Pedro Soares (URAP).
Conselho Português para a Paz e
Cooperação
Rua Rodrigo da Fonseca, 56 – 2º 1250 -193
Lisboa, Portugal
Tel. 21 386 33 75 / Fax 21 386
32 21 e-mail: conselhopaz@cppc.pt
Livro explica os grandes erros do programa da “troika”
Uma equipa mal preparada, com pouco conhecimento
da economia portuguesa e que subestimou os efeitos da austeridade, é parte da
justificação encontrada por Rui Peres Jorge, jornalista do Jornal de Negócios,
para justificar as dificuldades do programa.
O livro "Os 10 erros da troika", da
autoria de Rui Peres Jorge, parte da premissa de que o programa de ajustamento
falhou praticamente todas as metas a que se propôs, explicando o falhanço
através de dez erros que o autor considera cruciais
***«»»***
A mim, fica-me sempre a dúvida (para não dizer a
certeza) se foi um erro de cálculo ou um erro premeditado. O objetivo da troika
consistiu em promover, por um lado, a transferência da dívida pública do Estado
português, detida pelos grandes bancos e pelos fundos de investimento,
para as instituições oficiais (BCE, UE, FMI), defendendo assim as entidades
financeiras privadas de um qualquer incumprimento, por parte de Portugal, e,
por outro lado, promover a desvalorização salarial do trabalho, para que o
respetivo remanescente venha a garantir o pagamento futuro dos juros e das
amortizações da nova dívida contraída, junto daquelas três instituições
oficiais. O eufemisticamente chamado plano de ajustamento foi desenhado no
interesse do governo alemão, pois eram (e ainda são, em parte) os grandes
bancos da Alemanha os principais credores da dívida pública portuguesa.
Tentar atribuir aos técnicos do FMI ingenuidade e falta de preparação, é uma tentativa de branquear a atual política do saque, de que os portugueses estão a ser vítimas, através da ativa cumplicidade do governo e do Presidente da República.
Tentar atribuir aos técnicos do FMI ingenuidade e falta de preparação, é uma tentativa de branquear a atual política do saque, de que os portugueses estão a ser vítimas, através da ativa cumplicidade do governo e do Presidente da República.
segunda-feira, 23 de junho de 2014
E se o ministro da Saúde colocasse veterinários nos Centros de Saúde?!...
Governo: OM fez "interpretação errada"
de portaria sobre cuidados primários
23/06/2014 - 08:04
O Ministério da Saúde diz que a portaria em
causa dirige-se a "um universo limitado de utentes que já não frequentam
serviços de Medicina do Trabalho e apenas são seguidos em Cuidados
Primários", avança a agência Lusa, citada pelo Diário Digital.
Na sexta-feira, a Ordem dos Médicos anunciou que
vai dar instruções aos clínicos para se recusarem a realizar consultas de
medicina do trabalho, conforme está determinado num diploma que entrou este
domingo em vigor.
“A portaria não é cumprível e não vai ser aplicada.
É mais uma das várias iniciativas legislativas do Ministério da Saúde que não
vão ser aplicadas”, disse então à Lusa o bastonário da Ordem dos Médicos, José
Manuel Silva. Adiantou que “a Ordem dos Médicos vai dar indicações no sentido
de não cumprirem e não se sentirem coagidos a fazê-lo”.
Uma portaria publicada que entrou este domingo
em vigor, regula a possibilidade de a promoção e vigilância da saúde a
determinados grupos de trabalhadores – independentes, de serviço doméstico,
agrícolas sazonais, aprendizes de artesãos, pescadores e funcionários de
microempresas – pode ser assegurada através de unidades do Serviço Nacional de
Saúde (SNS).
José Manuel Silva justifica a decisão com o
facto de esta não ser uma das competências dos médicos de medicina geral e
familiar, considerando que ao cumprir o diploma, os profissionais estão a
“extravasar o limite das suas competências”, violando o código deontológico,
nos pontos 1 e 2 do artigo 36.
Na resposta, o MS contrapõe que a portaria em
causa é a "regulamentação" de um artigo de uma lei de 10 Setembro de
2009 e que "os médicos de família apenas continuarão a fazer o que já
fazem, seguindo os utentes da sua lista que não têm médico de trabalho, nem
condições para o terem".
"Nada mais do que isto. Não se altera o
quadro funcional de nenhuma das especialidades reconhecidas pela OM", diz
uma nota do MS enviada à Lusa, observando que a portaria dirige-se a "um
universo limitado de utentes que já não frequentam serviços de Medicina do
Trabalho e apenas são seguidos em Cuidados Primários".
O MS alega ainda que a portaria dos Cuidados
Primários de saúde foi elaborada de acordo com parecer e acompanhamento da
Direcção-Geral de Saúde, pelo que se "estranha" as acusações de
"desnorte" proferidas pelo bastonário sobre o diploma em causa.
Acentua também que a legislação em vigor segue
recomendações da Organização Mundial de Saúde e da Organização Internacional do
Trabalho (OIT), garantindo, agora também, que os médicos de cuidados primários,
sem ultrapassarem as suas competências, possam emitir documentos que atestem o
estado de saúde de trabalhadores.
Ao insurgir-se contra o diploma, o bastonário
lembrou que “a medicina do trabalho é uma carreira específica que não pode, por
portaria, passar a ser desempenhada por um profissional de outra
carreira", pelo que seria o mesmo que "decidir por portaria que um
médico de medicina interna passava a operar doentes”.
Para o bastonário esta é mais uma decisão que
vem demonstrar que “o Ministério da Saúde está completamente desnorteado”.
Além disso, argumenta com a falta de tempo dos
médicos de família, que “estão cheios de utentes e com problemas gravíssimos no
sistema informático”.
José Manuel Silva sublinha que a Ordem é
favorável e apoia a existência de medicina do trabalho nos centros de saúde
para trabalhadores liberais e de microempresas, mas desempenhada
especificamente por esses profissionais.
***«»***
Lá por haver camelos sem bossa, iguais aos
camelos com bossa, o ministro da Saúde tem de perceber que os sapateiros fazem
sapatos e os alfaiates fazem fatos, embora ambos trabalhem, nos seus respetivos
ofícios, com agulhas.
O Bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel
Silva, desmontou numa penada a argumentação falaciosa do Ministério da Saúde,
quando afirmou: “a medicina do trabalho é uma carreira específica que não pode,
por portaria, passar a ser desempenhada por um profissional de outra carreira,
pelo que seria o mesmo que decidir por portaria que um médico de medicina
interna passava a operar doentes”…
Perante o caminho tortuoso que este ministro da
Saúde está a percorrer, para destruir paulatinamente o Serviço Nacional de
Saúde, já não me admirava nada se ele acordasse um dia com a ideia peregrina
de colocar veterinários nos Centros de Saúde. É que os veterinários também são
médicos e, por outro lado, também nós, os portugueses, já começámos a ser tratados como animais.
domingo, 22 de junho de 2014
Costa insultado à saída de Ermesinde
A coisa está tremida |
António Costa foi alvo de insultos à saída da
Comissão Nacional de Ermesinde. No momento em que falava para as televisões, o
presidente da câmara de Lisboa, e candidato a líder do PS, viu as suas palavras
serem abafadas por militantes que se juntaram para o acusarem de oportunismo e
de dividir os socialistas. Houve mesmo alguns encontrões
“Oportunista”, “Ficas bem é no poleiro de
Lisboa”, “devias ter vergonha de dividir os socialistas”, ouviu-se à porta do
Fórum Cultural de Ermesinde. Jorge Lacão, apoiante de Costa, também foi vaiado
e insultado.
António José Seguro, pelo contrário, foi
aplaudido por um grupo maior de pessoas, mas que incluiu alguns dos que depois
insultaram Costa.
O secretário-geral do PS pediu que os costistas
deixem as questões estatutárias e “deixem os rodriguinhos”. Seguro não deixou
sem resposta os que se aproximavam de si para criticar Costa. “Fomos traídos”,
dizia um socialista exaltado, ao que Seguro respondeu “Nós ganhámos e a direita
perdeu, mas parece que foi tudo ao contrário”. A outro militante que chamou
“oportunista” a Costa por ter tido a oportunidade e não ter avançado ,
Seguro disse “vamos dizer nas eleições”.
Costa começou por sorrir e acernar para os que o
insultavam. Depois, disse aos jornalistas: “vamos deixar o partido serenar,
devemos dar um exemplo de serenidade”. Depois das primárias, espera “contar com
todos os socialistas”. Ainda assim lamentou que a Comissão Nacional não tenha
sequer discutido a proposta de um congresso antecipado.
“O melhor era termos já congresso“, seria “tudo
mais claro e mais sólido” mas “mais tarde ou mais cedo os militantes vão poder
votar”, afirmou Costa. “Não me vou dedicar a ataques pessoais”.
António Costa viu rejeitada a proposta de um
congresso antecipado, não tendo sequer a proposta sido admitida a votação pela
presidente Maria de Belém.
Também foi rejeitada uma moção, dos costistas,
para adiar para depoisa das primárias as eleições nas federações – um processo
que corre em paralelo no PS, por decisão de Seguro. A Comissão Nacional marcou
estas eleições para 5 ou 6 de Setembro, três semanas antes das primárias para a
escolha do candidato a primeiro-ministro
***«»***
Atualmente, O PS é um partido fraturado. Nem
Costa nem Seguro têm o elã para mobilizar os militantes. O problema é que ambos
dizem a mesma coisa por outras palavras. Ambos são europeístas, no sentido de
que apoiam o que de mais negativo tem a UE, e que se consubstancia na
pulsão federadora da Europa, imposta sob a batuta da Alemanha.
Para se diferenciar do PSD, os socialistas têm
de encontrar um líder que defenda precisamente o contrário. Caso isto não
aconteça, o PS arrisca-se a vir a ser uma muleta do PSD, como está a acontecer ao PSOE, de Espanha, que deixou de ser, a nível eleitoral, uma
alternativa credível ao PP, tal foi a deserção dos seus eleitores para os
partidos mais à esquerda.
Júlio Meirinhos é o novo grão-mestre da Grande Loja
O socialista Júlio Meirinhos foi hoje eleito com
uma "larga margem" o novo grão-mestre da Grande Loja Legal de
Portugal, confirmou ao DN fonte da obediência
O atual vice-grão-mestre da Grande Loja Legal de
Portugal (GLLP), Júlio Meirinhos, foi escolhido pelos "irmãos" da
maçonaria regular para suceder a José Moreno. Fonte da GLLP confirmou ao DN que
o advogado e político Júlio Meirinhos venceu confortavelmente (por uma
"larga margem") o seu opositor, o arquiteto José Pereira da Silva.
Na maçonaria desde 1992, Júlio Meirinhos tem
tido uma vida "profana" ativa na política. Foi durante quatro
mandatos presidente da Câmara de Miranda do Douro (onde vive) e deputado do PS.
Nas últimas autárquicas, em outubro de 2013,
concorreu pelo PS à Câmara de Bragança, perdendo para Hernâni Dias (do PSD, que
é seu "irmão" de Loja na R: L: Rigor).
***«»***
Eu ainda não percebi se a Opus Dei é a maçonaria
do Vaticano ou se a maçonaria é a Opus Dei do Bloco Central (PS-PSD).
Possivelmente, as duas afirmações são verdadeiras....
Uma coisa, no entanto, é certa: Quer na prezalia
pessoal, quer na organização iniciática (ambas secretas), dinheiro é coisa que
não falta e a influência política é enorme. São dois grandes trampolins para o
salto à vara.
E assim temos um triângulo equilátero, cujos
vértices são a política, a religião e os negócios. Antes, odiavam-se uma à
outra, hoje, toleram-se, competindo. Amanhã não sei de optarão para uma união
de facto, em "part time".
FNAM - GREVE NACIONAL DOS MÉDICOS A 8 E 9|JULHO
FEDERAÇÃO NACIONAL DOS MÉDICOS
GREVE NACIONAL DOS MÉDICOS A 8 E 9|JULHO
A Federação Nacional dos Médicos (FNAM), face às
medidas governamentais de destruição do SNS e do direito constitucional à Saúde
em curso, bem como ao incumprimento, por parte do Ministério da Saúde, de
pontos importantes do acordo celebrado em 14 de Outubro de 2012, tomou hoje a
decisão na reunião da sua Comissão Executiva de proceder à emissão do
aviso-prévio de greve para os dias 8 e 9 de Julho.
A gravidade da situação actual impõe a adopção
de medidas enérgicas e a conjugação de esforços com os cidadãos na defesa de
uma das maiores conquistas sociais e humanistas do nosso rgime democrático.
Não seremos cúmplices na destruição do SNS.
Coimbra, 20 de Junho de 2014
A Comissão Executiva da FNAM
***«***
É a existência, a viabilidade e a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde o que esta greve dos médicos pretende defender, perante um governo que o quer destruir.
sábado, 21 de junho de 2014
Hollande junta vários líderes da UE em apoio a Juncker
Nove líderes da União Europeia, hoje reunidos em
Paris pelo presidente francês, apoiaram a indigitação do conservador
Jean-Claude Juncker para presidir à Comissão Europeia, após a vitória do
Partido Popular Europeu (PPE) nas últimas eleições europeias.
Respeitamos as instituições europeias e o
espírito das eleições e o partido com mais votos pode propor o seu candidato,
neste caso Junker", disse o presidente francês, François Hollande, no
final da reunião.
À reunião assistiram, além do presidente
francês, os chefes do Governo de Itália, Bélgica, Roménia, Dinamarca, Eslováquia,
Malta e República Checa, assim como o chanceler austríaco.
***«»***
Com socialistas destes... nem sei o que deva
dizer!...
Um dirigente político de direita não faria
melhor. Quem deve estar a rir-se às gargalhadas é a czarina alemã, que já pediu
ao seu camareiro-mor o casaquinho branco à Hitler, para, ao espelho, poder
dizer: A França já está no papo...
Hollande é a expressão mais eloquente da
natureza e da volatilidade dos dirigentes dos partidos filiados na
Internacional Socialista: Estão sempre do lado mais conveniente.
Falta-me saber se o camarada Hollande é uma
referência inspiradora para António Costa e para António José Seguro.
Meco: MP recusou investigar trajetos de carros dos 'dux'
Os pais pediram para investigar as vias verdes
dos carros de quatro ‘dux’ para saber se teriam estado na casa alugada pelos
estudantes da Universidade Lusófona, em dezembro passado, mas o Ministério
Público negou a investigação, de acordo com o Diário de Notícias.
A investigação que a família pedia junto da Via
Verde tinha como objetivo clarificar se haveriam mais ‘dux’ na casa alugada
pelos estudantes, além do sobrevivente João Gouveia e das seis vítimas.
***«»***
Paira no ar uma sombra de muitas dúvidas sobre a
forma como o Ministério Público e a Polícia Judiciária (PJ) estão a investigar
o caso do Meco. As sucessivas denúncias das famílias das vítimas e do seu
advogado, que acusam aquelas autoridades de não efetuarem todas as diligências
necessárias para o apuramento da verdade, inclusivamente negando avançar com os
procedimentos devidos para aquelas que lhes são sugeridas, leva-nos a perguntar
que tipo de cavernosos poderes ocultos e sinistros estão por detrás do mundo
nebuloso das praxes académicas.
A morte trágica daqueles jovens universitários,
em circunstâncias estranhas, que não se enquadram na narrativa daqueles que
vieram logo a terreiro defender a tese do acidente fortuito, sem qualquer ligação
com exercício de práticas iniciáticas (como é que eles sabiam?!), exige uma
investigação séria e profunda. É a credibilidade da Justiça que está em causa.
Morreu Jaime Gralheiro -advogado e dramaturgo (1930 - 2014)
Imagem retirada do blogue CONVERSA AVINAGRADA |
Privei com Jaime Gralheiro, em Viseu, no início
dos anos sessenta do século passado e interpretei uma das personagens de uma
peça de teatro, da sua autoria, que ele encenou, e que marcou o início da
aventura (na época muito perigosa, porque incomodava os corifeus do regime) de
encontrar um meio libertador, numa cidade amarrada à castradora ideologia
dominante.
Foi com muita tristeza que recebi a notícia da
sua morte.
Exposição de Pintura de Dacha (Dália Faceira), em Caminha
Quem, neste sábado, passar por Caminha, que não
perca a oportunidade de entrar na Galeria de Arte Caminhense, para ver a magia
da cor nas obras de pintura de Dália Faceira (Dacha).
quinta-feira, 19 de junho de 2014
66 diretores do Centro Hospitalar S. João demitem-se
A demissão em bloco foi apresentada esta manhã.
São 66 diretores, entre chefes de unidades intermédias de gestão, diretores
clínicos e não clínicos, que disseram não estar disponíveis para continuar na
unidade perante a degradação dos cuidados. Administração está solidária.
Entre as razões apontadas para a decisão tomada
em bloco estão "a qualidade na prestação de cuidados de saúde à população
estar em risco", a desvalorização do centro hospitalar e da sua missão e a
centralização administrativa "no que concerne a políticas de recursos
humanos, investimento, manutenção estrutural e infraestruturas e de
equipamentos e compras, que afetará gravemente a prossecução da atividade
assistencial".
***«»***
O diretores do Centro Hospitalar de S. João já
fiizeram o que deviam, demitindo-se em bloco, devido à degradação progressiva
da qualidade dos serviços de saúde, prestados à população, iniciativa que o
conselho de administração subscreveu.. Falta agora idêntica iniciativa dos
responsáveis de todas as outras unidades de saúde do país.
Não se trata de uma reação corporativa, à
procura de privilégios, nem de nenhuma reivindicação sindical a exigir aumentos
de salários. É apenas o aflorar de um sentimento coletivo de impotência, perante
a ofensiva surda de um ministro, apostado em destruir gradualmente o Serviço
Nacional de Saúde, para que os privados possam abocanhar a sua parte mais
rentável. E as queixas apresentadas pelos profissionais demissionários do
Centro Hospitalar de S. João são comuns a todo o universo do Serviço Nacional
de Saúde.
O ministro da Saúde que, com o seu ar
bonacheirão, tem passado incólume pelos intervalos da chuva, levou, com esta
demissão coletiva, uma estocada de morte. Ele até pode não se demitir - pois
está vinculado, tal como todos os outros ministros deste governo, ao
compromisso de "missão" de instalarem em Portugal um verdadeiro
Estado neoliberal e de obedecerem cegamente aos interesses dos agentes do
capitalismo financeiro internacional e aos diretórios políticos europeus - mas,
a partir de agora, ele ficou a saber que a onda de protesto vai molhá-lo dos da
cabeça até aos tornozelos.
quarta-feira, 18 de junho de 2014
Treinador de bancada: Paulo Bento não pode continuar a utilizar as fórmulas do FMI
Imagem do portal do Google |
O selecionador Paulo Bento é como os tecnocratas
do FMI, que levam no bolso uma série de fórmulas matemáticas, para aplicar nos
países em crise, mas que, na maior parte das vezes, essas mágicas fórmulas não
permitem obter os objetivos pretendidos. Em Portugal, segundo foi afirmado,
enganaram-se na escolha dos multiplicadores
Também foi esse o problema de Paulo Bento. No
encontro com a Alemanha, Paulo Bento enganou-se nos multiplicadores, falhando,
pois, o objetivo de marcar golos e ganhar a prova. Falta-lhe, como treinador,
pensamento dialético, tal como falta aos técnicos do FMI, que querem fazer da
economia uma ciência de números e equações, esquecendo-se das pessoas.
Não se chegou a perceber bem qual a tática que
Paulo Bento teria adotado no balneário, pois, no campo, os jogadores alemães
não lhe deram margem de manobra para a levar à prática, embora se presuma que o
seu plano consistisse em pôr a jogar a equipa para Cristiano Ronaldo, esperando
que um golpe de génio do avançado português colocasse Portugal em vantagem,
logo no início da partida. Optou por uma arriscada tática ofensiva, que
esbarrou na muralha de aço da equipa alemã.
Perante uma Alemanha, que é sempre forte, mesmo
que a sua equipa seja fraca, Paulo Bento deveria ter sido mais cauteloso, e ter
optado pela tática que os alemães aplicaram, mal asseguraram um resultado
confortável, começando a prender o jogo a meio campo, em sucessivas
triangulações, que obrigaram os jogadores portugueses a correr sem êxito, atrás
da bola. Deste modo, os alemães iam queimando tempo e levaram ao esgotamento
físico e anímico os jogadores portugueses, que, posteriormente, já não
conseguiram resistir às novas e incisivas ofensivas dos avançados alemães, que,
com êxito, concretizaram as jogadas, dilatando facilmente o resultado.
Paulo Bento deveria ter começado com o esquema
de 4 x 4 x 2, reforçando a defesa e o meio campo e devolvendo aos alemães a
iniciativa para o jogo atacante. Na parte inicial da partida, para a equipa
portuguesa, não deveria ter havido o desejo imediato de chegar à baliza
adversária. A bola deveria correr a meio campo, trocando-a em passes
sucessivos, num carrossel contínuo, entre os defesas e os médios, a fim de
atrair os jogadores alemães, que assim esgotariam a sua força física e a sua
paciência. Neste esquema, a equipa portuguesa exploraria o contra-ataque, de
preferência pelos flancos, à procura de Ronaldo, que, no centro, e com a defesa
alemã ainda não reconstituída, poderia fazer o milagre de marcar um golo. E
este esquema de jogo manter-se-ia atá ao final da partida, levando os alemães
ao desespero e à derrota.
Com uma equipa, como a alemã, só esta tática da
equipa portuguesa poderia ter tido êxito. E é esta tática que Paulo Bento deverá
escolher para os próximos jogos, uma vez que, neste momento, a equipa
portuguesa está insegura, quanto à sua capacidade, e desmoralizada, perante a
humilhante derrota infligida pela equipa germânica. Também deverá deitar pelo
esgoto abaixo as fórmulas do FMI. E se não fizer isto, Paulo Bento arruinará a
sua carreira de treinador, arriscando-se
a ter de ir vender copos de vinho, atrás do balcão da taberna.
Como nota final, também deverá dizer-se que esta
humilhante derrota teve origem no rápido esgotamento físico dos jogadores
portugueses, que não tiveram tempo de adaptar-se às condições climatéricas do
Brasil (a mistura de calor e humidade é altamente desgastante, para quem não
está habituado). Na fase de preparação, a seleção portuguesa deveria ter ido
estagiar para o Brasil e realizar jogos com equipas locais, dispensando-se a
digressão pelos EUA, onde foi amealhar, para a FPF, algumas receitas de
bilheteira e de publicidade e recolher as migalhas do patriotismo esfarrapado
dos emigrantes portugueses, que anda pelas ruas da amargura, devido a uma outra
humilhação, bem mais grave e vergonhosa, a submissão de Portugal à ditadura dos
mercados e à política agressiva da troika.
segunda-feira, 16 de junho de 2014
Um milhão de nascidos em Portugal vive noutro país europeu
Um milhão de nascidos em Portugal vive noutro
país europeu
Após uma análise detalhada aos dados dos Censos
de 2011, o Observatório da Emigração concluiu que, em 2011, cerca de um milhão
de pessoas nascidas em Portugal estava a residir noutro país da União Europeia.
França, Luxemburgo, Alemanha, Suíça, Reino Unido
e Espanha detinham 98% das pessoas que nasceram em Portugal mas que agora
residem noutro país da União Europeia (UE). Esta é uma das conclusões do estudo
do Observatório da Emigração após análise dos Censos 2011.
***«»***
A Pátria sempre foi madrasta para os seus
filhos!... Só é mãe para alguns!... E mãe perdulária para muito poucos!...
domingo, 15 de junho de 2014
“Acusações de Kruschev contra Stálin são falsas”, afirma o historiador Grover Furr
A Verdade entrevistou Grover Furr,
professor da Universidade de Montclair, no Estado de Nova Jersey, EUA, e autor
do livroAntistalinskaia Podlost (“A infâmia antistalinista”), lançado
recentemente em Moscou, na Rússia. Grover Furr é ph.D. em literatura comparada
(medieval) pela Universidade de Princeton, e, desde 1970, ensina na
Universidade de Montclair, sendo responsável pelos cursos de Guerra do Vietnã e
Literatura de Protesto Social, entre outros. Suas principais áreas de pesquisa
são o marxismo, a história da URSS e do movimento comunista internacional e os
movimentos políticos e sociais. Nesta entrevista, o professor Grover fala de
sua pesquisa e afirma que “60 de 61 acusações que o primeiro-ministro
Nikita Kruschev fez contra Stálin são comprovadamente falsas”.
A Verdade – Recentemente, um
grande número de livros tem sido publicado atacando a pessoa e a obra de Josef
Stálin. Como o senhor explica a intensificação desse antistalinismo nos EUA e
no mundo?
Grover
Furr –
Desde o fim da década de 1920, Stálin tem sido o maior alvo do anticomunismo
ideológico e acadêmico. Leon Trótsky atacava Stálin para justificar sua própria
incapacidade de ganhar as massas trabalhadoras da União Soviética [URSS]. A
verdadeira causa da derrota de Trótsky é que sua interpretação do marxismo – um
tipo de determinismo econômico extremado – predizia que a revolução estava
fadada ao fracasso a não ser que fosse seguida por outras revoluções nos países
industrialmente avançados. Mas a liderança do Partido preferiu o plano de
Stálin para primeiro construir o socialismo em um só país. As ideias de Trótsky
tiveram (e ainda têm) uma grande influência sobre todos aqueles declaradamente
capitalistas e anticomunistas. Os historiadores trotskistas são muito bem
acolhidos pelos historiadores capitalistas. Pierre Broué e Vadim Rogovin, os
mais proeminentes historiadores trotskistas das últimas décadas, já foram
louvados e ainda são frequentemente citados por historiadores abertamente
reacionários. Muitos na liderança do Partido em 1930 combateram Stálin quando
este lutava por democracia interna no Partido e, especialmente, por eleições
democráticas para os sovietes. As grandes conspirações da década de 1930
revelaram a existência de uma ampla corrente de oposição às políticas
associadas a Stálin. Essas conspirações de fato existiam: os oposicionistas
realmente estavam tentando derrubar o partido soviético e assassinar a
liderança do governo, ou tomar o poder liderando uma revolta na retaguarda, em
colaboração com os alemães e os japoneses. Nikolai Ezhov, líder da NKVD (o
Comissariado do Povo para Assuntos Internos), tinha sua própria conspiração
direitista, incluindo colaboração com o Eixo. Visando aos seus próprios fins;
ele executou centenas de milhares de cidadãos soviéticos completamente
inocentes para minar a confiança e a lealdade ao governo soviético. Quando
Stálin morreu, Kruschev e muitos líderes do Partido viram que poderiam jogar a
culpa por essas grandes repressões em cima de Stálin. Eles também inventaram
muitas outras mentiras escancaradas sobre Stálin, Lavrentii Béria e pessoas
próximas aos dois. Quando, bem mais tarde (1985), [Mikhail] Gorbachev assumiu o
poder, ele também percebeu que as suas “reformas” capitalistas – o
distanciamento do socialismo em direção a relações capitalistas de mercado–
poderiam ser justificadas se sua campanha anticomunista fosse descrita como uma
tentativa de “corrigir os crimes de Stálin”. Essas mentiras e histórias de
horror permanecem como a principal forma de propaganda anticomunista, hoje, no
mundo. A tendência é que elas se intensifiquem, pois os capitalistas estão
diminuindo os salários e retirando benefícios sociais dos trabalhadores,
caminhando em direção a um exacerbado nacionalismo, ao racismo e à guerra.
A Verdade – O que o levou a se
interessar pela história da URSS?
Grover
Furr –
Quando estava na faculdade, de 1965 a 1969, eu fazia protestos contra a guerra
dos EUA no Vietnã. Um dia, alguém me disse que os comunistas vietnamitas não
poderiam ser “caras legais” porque eram todos “stalinistas”, e “Stálin tinha
matado milhões de pessoas inocentes”. Isso ficou na minha cabeça. Foi
provavelmente por isso que, no início da década de 1970, li a primeira edição
do livro O grande terror, de Robert Conquest. Fiquei impressionado quando
o li! Mas eu já tinha um certo domínio do russo e podia ler neste idioma, pois
já vinha estudando literatura russa desde o ensino médio. Então examinei o
livro de Robert Conquest com muito cuidado. Aparentemente ninguém ainda havia
feito isso! Descobri, então. que Conquest fora desonesto no uso de suas fontes.
Suas notas de rodapé não davam suporte a nenhuma de suas conclusões
“anti-Stálin”. Ele basicamente fez uso de qualquer fonte que fosse hostil a
Stálin, independentemente de se era confiável ou não. Decidi, então, escrever
alguma coisa sobre o “grande terror”. Demorou um longo tempo, mas finalmente
foi publicado em 1988. Durante este tempo estudei as pesquisas que estavam
sendo feitas por novos historiadores da URSS, entre os quais Arch Getty, Robert
Thurston e vários outros.
A Verdade – Seu livro Antistalinskaia
Podlost (“A infâmia anti-stalinista”) foi recentemente publicado em
Moscou. Conte um pouco sobre ele.
Grover
Furr –
Há aproximadamente uma década fiquei sabendo da grande quantidade de documentos
que estavam sendo revelados dos antigos arquivos secretos soviéticos, e comecei
a estudá-los. Li em algum lugar que uma ou duas das declarações de Kruschev em
sua famosa “fala secreta”, de 1956, foram identificadas como falsas do início
ao fim. Daí, pensei que poderia fazer algumas pesquisas e escrever um artigo
apontando alguns outros erros de seu pronunciamento da “sessão secreta”. Nunca
esperei descobrir que tudo o que Kruschev disse – 60 de 61 acusações que ele
fez contra Stálin e Béria – eram comprovadamente falsas (não pude encontrar
nada que comprovasse a 61ª)! Percebi que este fato mudava tudo, uma vez que
praticamente toda a “história” anticomunista desde 1956 se baseia ou em
Kruschev ou em escritores de sua época. Verifiquei que a história soviética do
período de Stálin que todos aprendemos era completamente falsa. Não apenas “um
erro aqui e outro ali”, mas fundamentalmente uma fraude gigantesca, a maior
fraude histórica do século! E meus agradecimentos ao colega de Moscou Vladimir
L. Bobrov, que foi o primeiro a me mostrar esses documentos, me deu
inestimáveis conselhos, várias vezes, e fez um excelente trabalho de tradução
de todo o livro. Sem o dedicado trabalho de Vladimir, nada disso teria
acontecido.
A Verdade – Em suas pesquisas o
senhor teve acesso direto a arquivos soviéticos abertos recentemente. O
que esses documentos revelam sobre os “milhões de mortos” sob o socialismo,
especificamente no período de Stálin?
Grover
Furr –
Considerando que pessoas morrem a todo instante, eu suponho que você esteja
falando de mortes “excedentes”. A Rússia e a Ucrânia sempre experimentaram
fomes a cada três, quatro anos. A fome de 1932-33 ocorreu durante a
coletivização. Sem dúvida, que um número maior de pessoas morreu do que teria
morrido naturalmente. No entanto, muito mais pessoas iriam morrer em sucessivas
fomes – a cada três, quatro anos, indefinidamente, no futuro – se não fosse
feita a coletivização. A coletivização significou que a fome de 1932-33 foi a
última, com exceção da grave fome de 1946-1947, que foi muito pior, mas isso
devido à guerra. E, como mencionei anteriormente, Nikolai Ezhov deliberadamente
matou milhares de pessoas inocentes. É interessante considerar o que poderia
ter sucedido se a URSS não houvesse coletivizado a agricultura e não tivesse
acelerado seu programa de industrialização, e se as conspirações da oposição
nos anos 1930 não tivessem sido esmagadas. Se a URSS não tivesse feito a
coletivização, os nazistas e os japoneses a teriam conquistado. Se o governo de
Stálin não houvesse contido as conspirações direitistas, trotskistas,
nacionalistas e militares, os japoneses e os alemães teriam conquistado o país.
Em qualquer um desses casos, as vítimas entre os cidadãos soviéticos teriam
sido muito, muito mais numerosas do que os 28 milhões mortos na guerra. Os
nazistas teriam matado muito mais eslavos ou judeus do que mataram.
Com os recursos, e talvez até mesmo com os exércitos da URSS do seu lado, os
nazistas teriam sido muito, muito mais fortes contra a Inglaterra, a França e
os EUA. Com os recursos soviéticos e o petróleo de Sakhalin, os japoneses
teriam matado muito, muito mais americanos do que fizeram. O fato é que a URSS
sob Stálin salvou o mundo do fascismo não apenas uma vez, durante a guerra, mas
três vezes: pela coletivização; pelo desbaratamento das oposições
direitista-trotskista-militares e também na guerra. Quantos milhões isso dá?
A Verdade – Alguns autores vêm
tentando encontrar semelhanças entre Stálin e Hitler, e alguns até chegam a
afirmar que o suposto “stalinismo” foi “pior” que o nazismo. Existia realmente
alguma ligação entre Stálin e Hitler?
Grover
Furr –
Os anticomunistas e os pró-capitalistas não discutem a luta de classes e a
exploração. De fato, eles ou fingem que essas coisas não existem ou que não são
importantes. Mas a luta de classes causada pela exploração é o motor da
história. Então omitir isso significa falsificar a história. Hitler era um
capitalista, um anticomunista autoritário de um tipo que é comum em vários
países capitalistas. Stálin liderou o Partido Bolchevique e a URSS quando os
comunistas em todo o mundo estavam lutando contra todo tipo de exploração
capitalista. Sempre que dizemos “pior”, devemos sempre nos perguntar: “Pior
para quem?” A URSS e o movimento comunista durante o período de Stálin foram
definitivamente “piores que o nazismo”, para os capitalistas. Essa é a razão de
os capitalistas odiarem tanto Stálin e o comunismo. O movimento comunista
durante o período de Lênin e Stálin, e ainda por um bom tempo depois, foi a
maior força de libertação humana da história. E novamente devemos nos
perguntar: “Libertação de quem? Libertação do quê?” A resposta é: libertação da
classe trabalhadora de todo o mundo, da exploração capitalista, da miséria e
das guerras.
A Verdade – Um dos ataques mais
frequentes a Stálin é que ele seria responsável pela fome na Ucrânia, em
1932-1933, também chamada de Holodomor. Esta versão da história corresponde ao
que realmente ocorreu?
Grover
Furr –
O “Holodomor” é um mito. Nunca aconteceu. Esse mito foi inventado por
ucranianos nacionalistas pró-fascistas, junto com os nazistas. Douglas Tottle
comprovou isso em seu livro Fraud, Famine and Fascism(1988). Arch Getty,
um dos melhores historiadores burgueses (isso é, não marxistas, não
comunistas), também tem um bom artigo sobre isso. Até o próprio Robert Conquest
deixou de defender sua antiga versão de que os soviéticos deliberadamente
causaram a fome na Ucrânia. Nenhuma sombra de prova que poderia confirmar essa
visão jamais veio à luz. O mito do “Holodomor” persiste porque ele é o “mito
fundacional” do nacionalismo direitista ucraniano. Os nacionalistas ucranianos
que invadiram a URSS juntamente com os nazistas mataram milhões de pessoas,
incluindo muitos ucranianos. Sua única “desculpa” é propagandear a mentira de
que eles “lutaram pela liberdade” contra os comunistas soviéticos, que eram
“piores”.
A Verdade – Deixe uma mensagem
para os trabalhadores brasileiros.
Grover
Furr –
Lutem pelo comunismo! Todo o poder à classe trabalhadora de todo o mundo!
***«»***
A linguagem da Propaganda, por vezes, é mais
eficaz do que a força dos tanques e dos canhões.
A imagem de um Estaline, sanguinário e sem
escrúpulos, foi meticulosamente trabalhada e difundida pelas centrais do
imperialismo americano.
E são essas mesmas centrais que, agora, estão a
operar mediaticamente na questão ucraniana, limpando a cara dos fascistas que
tomaram o poder em Kiev, através da encenação de uma eleição por braço no ar, na
Praça da Independência.
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