No Ano Europeu da Luta Contra a
Pobreza e Exclusão Social, que começa
hoje, Portugal gastará 700 mil euros
para colocar o tema na agenda.
As estimativas no país apontam para
dois milhões de pobres.
PÚBLICO
Trata-se de uma campanha de sensibilização e de mobilização, igual a tantas outras, promovidas pela Comissão Europeia, desde 1983, em que, em cada ano, é seleccionado um determinado tema para amplamente ser discutido pela sociedade civil, pelos governos e pelos agentes económicos.
O tema de 2010 é premente e actual, já que na União Europeia (UE), apesar da existência do melhor sistema de protecção social do mundo, o número de cidadãos europeus a viverem abaixo do limiar da pobreza (com um rendimento inferior a 60 por cento do rendimento médio) ainda é muito elevado, atingindo 78 milhões de pessoas (16 por cento da população total) . Em Portugal, aplicando aquele critério estatístico da UE, a pobreza atinge 18 por cento da população do país (cerca de dois milhões de pessoas), quando em 2005 essa percentagem era de 20 por cento, melhoria esta que tem de ser creditada ao governo de José Sócrates .
Mas esta progressão da redução da pobreza, que se desejava acelerada para, pelo menos, atingir a convergência com o perfil da média europeia, encontra-se ameaçada nos próximos anos, pelo efeito combinado da crise internacional, que ainda persiste, e pela grave debilidade da situação económica e financeira do país, a debater-se novamente com um défice orçamental elevado (8 por cento do PIB), com uma dívida pública astronómica e com uma competitividade da sua economia em declínio.
Perante a extrema dureza das medidas que se adivinham, e que irão ter reflexos gravosos na classe média, já de si muito sacrificada, vai assistir-se ao paradoxo de começar a ouvir bondosos discursos sobre as estratégias para combater a pobreza, ao mesmo tempo que ela irá aumentar, com o aparecimento dos novos pobres e da pobreza envergonhada. Nem a economia nem as políticas de apoio social irão dar resposta aos milhares de desempregados, que a crise provocou e continuará a provocar (há já quem fale na hipótese de se atingir um milhão de desempregados nos próximos dois anos). A tibieza da política social actual para minorar as dificuldades das famílias pobres com filhos em idade escolar perderão o seu efeito, ao nível da estatística, quando os actuais desempregados, que não terão qualquer hipótese de encontrar um novo emprego nem de pedir a reforma, deixarem de receber os subsídios da Segurança Social. O drama social do desemprego transformar-se-à, então, numa verdadeira tragédia, a da da pobreza!...
1 comentário:
Com o fim de um ano problemático no que toca a contas derivado a uma crise financeira global, chegamos a 2010.
Um ano que se espera ser mais calmo a esse nível. Contudo este novo ano é visto como “Ano Europeu da Luta Contra a
Pobreza e Exclusão Social” e o facto é que realmente é um tema que tem de ser debatido e solucionado, obviamente questiono eu oportunamente como se pode debater este tipo de problema como é a pobreza que cada vez mais se faz sentir no bolso dos portugueses, se problemas como as “diferenças salariais” no país. Repare-se que desde sempre se observam valores absurdos com disparidades elevadas. O nosso caro Presidente da república aufere de uma remuneração de ~7.262,77 euros, tendo em conta que é o órgão máximo do país, explique-se o salário de Vitor Constâncio que reside na casa dos 17mil euros e por sua vez o do prezado seleccionador nacional, Carlos Queiroz de aproximadamente 112.5 milhões. Depois disto deparamo-nos com um aumento do salário mínimo nacional, que passa ao irrisório valor de 475 euros.
Esta é a realidade, quer no nosso país quer em muitos outros, “doentes” do mesmo mal, a maioria da população fixa-se no salário mínimo, com uma crise que embora comece a dissuadir-se, persiste em continuar e com o sequencial aumento de todos os preços, a pobreza aumenta. É de referir que esta pobreza tem vindo a diminuir, mas tenha-se em conta a pobreza “oculta” pela vergonha de quem a passa, que por sinal não é vergonha deles, mas de quem inadvertidamente os atinge.
Discuta-se esses problemas mas tenham-se em conta as suas origens, nomeadamente a distribuição de rendimentos…
Enviar um comentário