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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Notas do meu rodapé: "Empréstimos ao BPN sem impacto na CGD", afirmou Faria de Oliveira, o seu presidente!...



O presidente da Caixa Geral de Depósitos
(CGD), Faria de Oliveira, assegurou hoje
aos deputados que as injecções de liquidez
no Banco Português de Negócios (BPN),
que ascendem a 4,2 mil milhões de euros,
não têm impacto nos resultados do banco
público.
Diário de Notícias
.
Não tem impacto no banco público, mas tem impacto nas contas do Estado, ao contrário do que, de uma maneira ambígua e artificiosa, andou a dizer, durante um ano, o ministro das Finanças. Tal como aconteceu nos Estados Unidos, o dinheiro dos contribuintes foi obscenamente mobilizado para salvar os accionistas dos bancos, que, anteriormente, já tinham arrecadado fortunas com a desenfreada e irresponsável especulação bolsista.
O argumento aduzido, de que a decisão de nacionalizar o BPN fora tomada para evitar o risco sistémico do sistema financeiro nacional, carece de fundamentação. A bondade da intenção de defender os valores dos depositantes esconde a hipocrisia dos verdadeiros e secretos objectivos, que motivaram a precipitada nacionalização. A meia centena de empresas accionistas do BPN beneficiou largamente de créditos generosos, a juro baixo, só possíveis de conceder devido à gestão fraudulenta da administração do banco, que fazia saltar dinheiro debaixo das pedras da calçada. Uma falência do banco apenas iria afectar os interesses dessas empresas e dos accionistas singulares, que teriam de repor rapidamente o valor das dívidas contraídas, para que o BPN saldasse os seus compromissos com o exterior. É aí que o Estado entra, garantindo o elevado empréstimo concedido pela CGD, também a juro baixo, e que os contribuintes vão pagar.
Nos Estados Unidos e na UE o esquema foi o mesmo, provando-se assim que o sistema financeiro dos países capitalistas actua orgânicamente, numa perfeita sintonia de movimentos.
Não se justificava, pois, a nacionalização, já que o risco apenas existiria se a maioria da banca se encontrasse em sérias dificuldades, o que não era o caso. Nos Estados Unidos, mais de uma centena de pequenos e médios bancos faliram em 2009, não se repercutindo os seus efeitos no respectivo sistema financeiro.

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