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sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Notas do meu rodapé: Uma crise para durar!...

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Neste espaço, na secção Notas do meu rodapé de 7 de Dezembro ( http://alpendredalua.blogspot.com/2009/12/notas-do-meu-rodape-verdadeira-crise-so.html ) referimo-nos à situação gravíssima das finanças do país, a acusar, em 2009, um preocupante agravamento da dívida pública, que já ultrapassou o valor anual do PIB, ao mesmo tempo que o défice orçamental regressa aos oito por cento daquele valor.
Ontem, as campainhas das redacções soaram freneticamente com o alarme do fundamentado estudo do BPI, a comprovar esta amarga realidade.
Por outro lado, e sem esconder um certo espanto, diga-se, o primeiro ministro, pela primeira vez, veio responsabilizar os bancos pelo descalabro financeiro que varreu dramaticamente o mundo, esquecendo-se, porém, de referir a responsabilidade política dos governos atrelados à economia neo-liberal, que patrocinaram e promoveram essa política suicida e que, depois da crise explodir, se precipitaram erradamente a injectar somas astronómicas nesses bancos falidos, salvando assim as fortunas dos homens mais ricos do mundo.
No entanto, estas claras evidências, que também já foram abordadas no Alpendre da Lua, não têm obtido da parte do primeiro ministro de Portugal, nem do conjunto dos governos ocidentais, uma resposta política condizente com a denúncia, resposta essa que deveria suportar-se num outro paradigma, que privilegiasse as economias nacionais e acabasse com a especulação financeira e com os cancros dos paraísos fiscais.
Todas as medidas aprovadas no sentido de combater a crise tiveram unicamente o objectivo de reproduzir o perverso sistema anterior, que irá certamente colapsar, quando começarem a faltar os estímulos dos estados. É alarmante a insensatez e a irresponsabilidade dos actuais governantes, que, conscientes da perversidade da sua política e da catástrofe que a sua implementação irá provocar, não consigam assumir uma ruptura completa com o passado, renunciando com coragem à nefasta influência do domínio absoluto e oculto do capital financeiro e dos grandes poderes económicos, que cruzam reciprocamente, entre si, os seus respectivos interesses.

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