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quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Quanto menos diferenciado, tanto mais explorado...



Trabalhadoras de limpeza "chantageadas" e "exploradas" no Hospital de S. José


Por Alexandre Lopes de Castro

Denúncia parte de um sindicalista que acusa a empresa Iberlim de discriminar funcionárias que são sindicalizadas ao nível dos salários

As trabalhadoras da empresa de limpeza Iberlim que prestam serviço no Hospital de S. José (Centro Hospitalar de Lisboa Central) dizem que estão a ser vítimas de um processo repressivo e chantagista, por parte da sua entidade patronal, alegadamente devido à sua recusa, a conselho do sindicato, em integrar o piquete dos serviços mínimos durante uma greve de 8 de Maio de 2009. Esta greve, que teve uma adesão de 85 por cento, foi desencadeada para protestar contra a discriminação salarial dos trabalhadores inscritos no Sindicato dos Trabalhadores de Serviços de Portaria, Vigilância, Limpezas Domésticas, e de Actividades Diversas (STAD).
A acusação parte de Carlos Trindade, dirigente do STAD, que, em declarações ao PÚBLICO, sustentou que "a Iberlim está a pôr em causa o direito constitucional à livre sindicalização das trabalhadores, utilizando, como arma de repressão, os processos disciplinares". Alguns destes processos foram instaurados na sequência da desobediência ao piquete dos serviços mínimos. O mesmo dirigente entende que a empresa em causa usa "como arma de chantagem" a possível suspensão desses mesmos processos e o fim da discriminação salarial, "desde que a trabalhadora assine uma carta, previamente escrita, apresentada pela entidade patronal, e endereçada ao advogado da empresa". Nessa carta, a que o PÚBLICO teve acesso, a trabalhadora é levada a "pedir desculpa" à Iberlim por não ter integrado o piquete dos serviços mínimos e a afirmar ter sido "mal informada" pelo STAD. A seguir, e segundo informou Carlos Trindade, "a funcionária da Iberlim que medeia esta operação chantagista sugere, directa ou indirectamente, à trabalhadora que anule a sua inscrição no sindicato e deixe de pagar as quotas, através do desconto do salário, feito directamente pela empresa".
"Trata-se de um processo de chantagem e de coacção psicológica sobre as trabalhadoras... um verdadeiro terrorismo laboral", afirmou, indignado, aquele dirigente sindical.
Este conflito laboral iniciou-se no princípio de 2009, quando a Iberlim começou a explorar a concessão do serviço de limpeza de um conjunto de hospitais, integrados no Centro Hospitalar de Lisboa Central.
O STAD enviou à Administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central uma carta a solicitar uma audiência, a fim de denunciar o que o sindicato considera os atropelos às leis laborais que estão a ocorrer num espaço sob a sua jurisdição, embora aquela entidade não tenha nenhuma responsabilidade sobre as empregadas de limpeza. Segundo Carlos Trindade, até ao momento ainda não foi recebida qualquer resposta por parte da administração daquele hospital. Também o PÚBLICO, apesar das tentativas, não obteve da Iberlim qualquer reacção às acusações que lhe são feitas.
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Nota: Na edição papel do PÚBLICO, de 12 de Janeiro, onde foi publicado este meu artigo, encontra-se um outro, complementar a este, e que, na versão da internet, não aparece, devido a um erro informático.
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