“A recessão – se se confirmar
– não será uma boa notícia
para todos os que estão nas
margens da força laboral
(...) Há uma mensagem política.
Os orçamentos dos governos
estão sob stress, mas os cidadãos
estão à espera de que, se há
fundos para salvar os bancos,
então os governos podem
subsidiar benefícios para o
desemprego e para o emprego.
Se os governos podem ser credores
de último recurso, então gostaríamos
de os ver como empregadores de último
recurso. Falando claro, os governos
têm de entrar em acção tal como
Roosevelt fez na Grande Depressão”.
Anthony Atkinson, Professor da Universidade de Oxford
Na realidade, os países das democracias ocidentais, não seguiram os avisados conselhos de Anthony Atkinson. Optaram, tal como é próprio da sua natureza intrínseca, por socorrer os bancos falidos pela voragem especulativa da economia virtual, que o capital financeiro promoveu e estimulou nos últimos trinta anos. Depois de terem acumulado astronómicos lucros, em prejuízo da economia real, que é aquela que gera emprego e produz bens e serviços, indispensáveis às populações, os bancos foram salvos da falência com o dinheiro dos impostos de todos os cidadãos, avançando-se, para justificar o vergonhoso esbulho, com o falacioso argumento da imprescindibilidade de promover o reequilíbrio da sua liquidez, a fim de garantir a segurança dos depósitos do cidadão comum. Na verdade, o que estava a defender-se era a sobrevivência e a perpetuação de um sistema iníquo de acumulação de capital, já que todas essas ajudas, em vez de se constituirem em esteios do desenvolvimento sustentado das empresas, através da concessão de empréstimos, foram reorientadas para as bolsas de valores e para os vários e lucrativos fundos financeiros, que nenhuma autoridade de supervisão controla.
Nos Estados Unidos, por exemplo, não foi equacionada nenhuma medida política para apoiar os incumpridores do crédito à habitação, as vítimas imediatas do rebentamento da bolha do imobiliário, que poderia muito bem ter passado por uma promoção de um esquema de renegociação e de escalonamento das respectivas dívidas, com apoios estatais, o que permitiria a milhares de norte-americanos manter a titularidade das casas que compraram.
Em todos os países, incluindo Portugal, ignorou-se o drama dos desempregados, mantendo-se praticamente inalterados os apoios da Segurança Social, embora no discurso oficial dos políticos o tema do desemprego tivesse sido hipocritamente abordado até à exaustão e promovido ao estatuto de problema prioritário a apoiar e a resolver.
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