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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Notas do meu rodapé: A pescadinha com o rabo na boca...


Ontem, tanto na Europa como nos EUA,
foram conhecidos novos dados sobre
o mercado de trabalho, e em ambos os
blocos económicos a perda de empregos
continua a ser uma realidade. De acordo
com o Eurostat, a taxa de desemprego
da zona euro atingiu, no passado mês
de Novembro, a barreira dos 10 por cento,
algo que, desde que foi criada a moeda
única, ainda não tinha acontecido.
Agravam-se deste modo os problemas
europeus com o desemprego, algo que
já acontece sem interrupção desde
que a economia entrou em recessão,
no segundo trimestre de 2008 e que se
mantém, apesar da saída da recessão
conseguida no terceiro trimestre de 2009.
Nos EUA, o problema é em tudo
semelhante. Os dados ontem divulgados
pelo Departamento do Trabalho, neste
caso relativos a Dezembro, desiludiram
aqueles que estavam à espera de um
sinal de que a hemorragia de empregos
iniciada com a crise já está a acabar. No
último mês do ano passado, perderam-se
mais 85 mil empregos, contrariando o
resultado positivo que se tinha registado
em Novembro e que tinha levado a
projecções mais optimistas pela maior
parte dos analistas.
PÚBLICO

.
O aumento contínuo do desemprego, que teimosamente persiste nos Estados Unidos e na Europa, desmente todas aquelas declarações de optimismo moderado que periodicamente os dirigentes políticos têm vindo a proferir, sempre que um ou outro indicador económico aparece a inverter o sentido da queda. No final do terceiro trimestre, os indicadores da confiança, do consumo, do investimento e do comércio mundial deram algum alento a todos aqueles que ainda acreditam que a crise económica poderá ser debelada com as mesmas políticas que a provocaram. A débil recuperação daqueles indicadores deveu-se ao discutível artifício das ajudas estatais, muitas vezes concedidas sem uma avaliação prévia da potencialidade das empresas que as recebem. De nada vale salvar uma empresa que, em face dos balões de oxigénio, continua a produzir mercadorias ou a prestar serviços que ninguém compra. Enquanto se mantiver o crescimento do desemprego, o consumo voltará a cair, quer por via da quebra abrupta do poder de compra dos desempregados, quer pela inibição dos trabalhadores empregados, que optam por se prevenir contra uma eventual perda dos respectivos postos de trabalho, influenciando assim, negativamente, os níveis de confiança.
E com o desemprego a aumentar e o consumo e a confiança a descerem, o necessário investimento para recuperar a economia contrai-se, já que os detentores do capital preferem arriscar na bolsa ou comprar ouro.
Entra-se num círculo vicioso, sem fim à vista, e que só será reversível se houver a coragem de afrontar o capital financeiro, retirando-lhe o suporte especulativo e os paraísos fiscais.

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