Lendo nas estrelas a carta de intenções para o FMI |
Uma carta com boas ou más intenções?
O Partido Socialista e o Governo estão há uma
semana a discutir se a carta de intenções que será enviada ao Fundo Monetário
Internacional (FMI) deve ou não ser do conhecimento público antes do dia 17 de
Maio, que é quando termina o programa de resgate. A carta de intenções é uma
espécie de adenda aos relatórios do FMI em que, no final da cada avaliação, o
Governo se compromete com as medidas e reformas que entretanto negociou com o
fundo. Pela voz da ministra das Finanças e do primeiro-ministro, o Governo já
disse que a carta que vai enviar ao FMI não terá novidades. Mas o PS insiste na
sua divulgação e parece desconfiar que o Governo estará a esconder alguma
intenção menos boa para só revelar a carta a seguir às eleições de 25 de Maio.
Se realmente o documento é tão anódino como diz, o próprio Governo teria com
certeza bastante a ganhar em o publicar quanto antes. Prolongar um
clima de suspeição não beneficia ninguém.
PUBLICO (Editorial)
***«»***
Os portugueses têm todos os motivos para
desconfiar da palavra do primeiro-ministro e também da da ministra das Finanças, em
relação à bondade do conteúdo da carta de intenções a enviar pelo governo ao Fundo Monetário
Internacional, e que ambos recusam divulgar antes das eleições de 25 de Maio. Um
e outro afirmaram que, nessa carta, não constam mais medidas de austeridade,
além daquelas que foram anunciadas no Documento de Estratégia Orçamental para o período 2014-2018. Mas nós também sabemos que cada um deles, anteriormente, já mentiu aos
portugueses. Passos Coelho mentiu, quando na campanha eleitoral das últimas
eleições legislativas prometeu que não aumentaria os impostos e que não
reduziria as pensões e os salários dos funcionários públicos, e Maria Luís
Albuquerque, supostamente, também mentiu em relação ao caso dos swaps.
Tudo leva a crer que aquela carta inclui um
conjunto de pesadas medidas de austeridade, principalmente relacionadas com os cortes nas pensões e nos vencimentos dos funcionários públicos, que, se fossem
agora anunciados, poderiam provocar uma verdadeira hecatombe nos resultados eleitorais
dos partidos da maioria e que, por outro lado, iriam desmascarar o quadro cor-de-rosa,
com que se tem apresentado a saída da troika,
como se a troika já tivesse terminado a
sua tarefa. Não tivesse a carta de intenções incluídas as tais gravosas medidas,
que se adivinham, e já as trombetas de vitória e de sucesso teriam tocado a
música no Palácio de S. Bento.
E é isto o que todos os pensionistas e todos os
funcionários públicos devem ponderar, quando, no próximo dia 25 de Maio,
colocarem a cruzinha no boletim de voto.
Que ninguém decrete a sentença da sua própria condenação!...
2 comentários:
Pois apraz-me dizer que os portugueses vão ditar a sentença deles...estes doidos vêm com palavras de boi manso, e o zé acredita. Acreditar em semelhantes pulhas???? Alguma vez disseram a verdade. Pior, queimam-se uns aos outros, porque infelizmente, nem comunicar sabem....umas aulinhas de comunicação fazia-lhes falta. É que se enterram uns aos outros, mentem descaradamente. Mas o povinho não entende e o mais certo é levarmos com estes bestas outra vez!!!!
Excetuando a eleição de Salvador Allende, no Chile, na história recente, não se registou mais nenhum caso de uma mudança do paradigma ideológico, político e económico, através de processos eleitorais. As democracias ocidentais estão devidamente blindadas, para evitar essa mudança, que só será possível com um processo revolucionário. E este depende muito, para ter êxito, da existência de condições objetivas e subjetivas, entre as quais avultam o nível de consciencialização das massas populares, em conjugação com elementos progressistas das Forças Armadas, e a existência de contradições flagrantes do sistema. Mas nos tempos atuais, outro problema se coloca às forças progressistas. Enquanto os agentes do capitalismo e os governos por eles sustentados se concertam a nível global, as forças progressistas, os sindicatos verdadeiramente representativos e os partidos políticos autenticamente de esquerda atuam a nível nacional e com uma manifesta inferioridade de meios, ao mesmo tempo que também têm de combater as forças divisionistas e oportunistas, que aparecem sempre, para enfraquecer a unidade revolucionária.
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