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terça-feira, 27 de maio de 2014

Paquistanesa morre apedrejada em nome da honra da família - Mulher casou-se com homem que amava contra a vontade da família


Farzana Iqbal, 25 anos, grávida de três meses, foi apedrejada até à morte por membros da sua família, incluindo o próprio pai, quando esperava para ser ouvida em tribunal esta terça-feira. A mulher é uma das várias centenas que morrem anualmente vítimas dos chamados “crimes de honra”. Neste caso, Farzana casou-se com um homem que não foi escolhido pela sua família.
Farzana esperava pela abertura do tribunal na cidade de Lahore, quando foi cercada por um grupo de cerca de 20 homens, entre eles o pai, dois irmãos e um antigo noivo. Os homens começaram a apedrejá-la com tijolos e pedras e após vários ferimentos sofridos a mulher caiu inanimada. A sua morte foi declarada pouco depois no hospital, indicou à Reuters Umer Cheema, um responsável da polícia local.
Com a chegada das autoridades, apenas o pai de Farzana foi interceptado e interrogado. À polícia o homem admitiu ter contribuído para a morte da filha, que resultou de uma questão de honra da família. Muitos paquistaneses acreditam que quando uma mulher se casa com alguém de sua escolha desonra os seus familiares.
Segundo Umer Cheema, a paquistanesa chegou a estar noiva de um primo, para um casamento arranjado pela família, mas recusou a imposição e decidiu casar-se com o homem que amava. O marido de Farzana acabou por ser acusado do rapto da jovem e esta terça-feira esta preparava-se para testemunhar em tribunal e negar a versão da família, indicou o seu advogado, Rao Mohammad Kharal, à AFP.
Este é um dos perto de mil casos de mortes que se registam todos os anos no Paquistão justificadas com a necessidade de honrar a família. Segundo o grupo activista pela defesa dos direitos humanos Aurat Foundation, o número de mulheres assassinadas pela própria família deverá ser superior, já que os casos registados foram todos reunidos com base em notícias.
O Governo paquistanês não tem quaisquer estatísticas sobre estes casos e são poucas as vezes em que chegam a tribunal. Quando chegam a uma sala de audiência, os processos prolongam-se durante meses ou mesmo anos. Mesmo que haja uma condenação, é raro que o acusado seja punido, porque a legislação do país permite à família da vítima perdoar o seu homicida. Na maioria dos casos, a mulher e o homicida têm uma relação familiar.

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Nestes países longínquos, afastados da partilha dos avanços civilizacionais da Humanidade, a cultura do islão moldou os comportamentos sociais dos povos em relação à mulher, a quem não é dada dignidade de género, e submetendo-a à cruel prática da lapidação, quando ela reivindica o direito de escolher a sua vida e a liberdade do seu corpo.
A monstruosidade dos crimes praticados sobre as mulheres, no Paquistão, em nome da honra da família, e que o poder judicial, por omissão, acaba por sancionar, não preocupa nada os governos do ocidente, sempre tão lestos a denunciar e até a intervir em determinados países, acusados de infringir os Direitos Humanos, apenas quando isso politicamente lhes interessa. No entanto, silencia a denúncia em relação ao Paquistão, porque o Paquistão é um importante e sólido aliado dos EUA.

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