Foi uma verdadeira sexta-feira negra para o governo de Passos Coelho. A moção de
censura do Partido Comunista foi demolidora, com Jerónimo de Sousa a fazer a
sua melhor intervenção parlamentar de sempre, e que teve o mérito, além de
denunciar e desmascarar a política agressiva e de empobrecimento prosseguida
pela coligação de direita, de obrigar o PS a votá-la favoravelmente.
Da parte da tarde, o Tribunal Constitucional
declarava inconstitucionais os cortes nos vencimentos dos funcionários públicos,
o que vai obrigar o governo a demitir-se, o que será pouco provável, ou a avançar com mais uma dose de
austeridade, através de um Orçamento Retificativo.
Ao mesmo tempo, a Ordem dos Médicos fazia um
inaudito e violento ultimato ao Ministério da Saúde, com uma série de
exigências em relação ao Serviço Nacional de Saúde, às quais, devido à
fragilidade atual do executivo, o ministro da Saúde não poderá deixar de dar
resposta, sob pena de os médicos
lançarem a confusão nos serviços do ministério, recorrendo às receitas manuais,
e de começarem a denunciar publicamente todas as insuficiências dos serviços de
saúde, abrindo assim o caminho para a convocação de uma greve, através dos seus
sindicatos.
Para agravar o pesadelo, a Ordem dos Advogados
aprovou no mesmo dia, numa assembleia geral extraordinária, a apresentação de
uma queixa-crime contra todos os membros do Governo por atentado ao Estado de
Direito, por se considerar que, com a entrada em vigor, a partir de Setembro, do
novo mapa judiciário, e do subsequente encerramento de duas dezenas de
tribunais e a redução de funções de outros tantos, fica comprometido o direito
fundamental dos cidadãos de acesso à justiça.
A guerra já começou! Julgo que nem nas férias o
governo vai ter descanso. Animada pela monumental derrota sofrida pela
coligação PSD/CDS, que só a fraca prestação eleitoral do PS parcialmente
camuflou, a Intersindical irá lançar um plano de manifestações de protesto, que
irão mobilizar cada vez mais trabalhadores, prosseguindo assim o objetivo de aprofundar
uma frente unitária de contestação ao governo, a fim de precipitar a sua
queda.
Tudo isto, somado, vai pôr à prova o Presidente
da República, que até aqui tem sido o anjo da guarda do governo da sua cor
política.
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