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sábado, 31 de maio de 2014

Notas do meu rodapé: A guerra já começou!


Foi uma verdadeira sexta-feira negra para o governo de Passos Coelho. A moção de censura do Partido Comunista foi demolidora, com Jerónimo de Sousa a fazer a sua melhor intervenção parlamentar de sempre, e que teve o mérito, além de denunciar e desmascarar a política agressiva e de empobrecimento prosseguida pela coligação de direita, de obrigar o PS a votá-la favoravelmente.
Da parte da tarde, o Tribunal Constitucional declarava inconstitucionais os cortes nos vencimentos dos funcionários públicos, o que vai obrigar o governo a demitir-se, o que será pouco provável, ou a avançar com mais uma dose de austeridade, através de um Orçamento Retificativo.
Ao mesmo tempo, a Ordem dos Médicos fazia um inaudito e violento ultimato ao Ministério da Saúde, com uma série de exigências em relação ao Serviço Nacional de Saúde, às quais, devido à fragilidade atual do executivo, o ministro da Saúde não poderá deixar de dar resposta, sob pena  de os médicos lançarem a confusão nos serviços do ministério, recorrendo às receitas manuais, e de começarem a denunciar publicamente todas as insuficiências dos serviços de saúde, abrindo assim o caminho para a convocação de uma greve, através dos seus sindicatos.
Para agravar o pesadelo, a Ordem dos Advogados aprovou no mesmo dia, numa assembleia geral extraordinária, a apresentação de uma queixa-crime contra todos os membros do Governo por atentado ao Estado de Direito, por se considerar que, com a entrada em vigor, a partir de Setembro, do novo mapa judiciário, e do subsequente encerramento de duas dezenas de tribunais e a redução de funções de outros tantos, fica comprometido o direito fundamental dos cidadãos de acesso à justiça.
A guerra já começou! Julgo que nem nas férias o governo vai ter descanso. Animada pela monumental derrota sofrida pela coligação PSD/CDS, que só a fraca prestação eleitoral do PS parcialmente camuflou, a Intersindical irá lançar um plano de manifestações de protesto, que irão mobilizar cada vez mais trabalhadores, prosseguindo assim o objetivo de aprofundar uma frente unitária de contestação ao governo, a fim de precipitar a sua queda.
Tudo isto, somado, vai pôr à prova o Presidente da República, que até aqui tem sido o anjo da guarda do governo da sua cor política.

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