domingo, 12 de junho de 2011
Um Poema ao Acaso: trazes um rumor - Miguel Pires Cabral
trazes um rumor
Trazes um rumor escondido entre os lábios.
As palavras ocultas, arrumadas pelo medo
inerte do espaço. Objectos desorientados
pela mesma desrazão dos dias, os olhos
fechados nas sombras dos objectos. Trazes:
um cheiro de amor, um aroma doce de rosas
silvestres e um vestido (que vejo claramente),
como uma espécie de poluição entre a cor e o
aroma campestre de um corpo suado por dentro.
Espalhava-se como um rumor de amor esse teu
vestido, desde o alto dos muros até ao alto dos
sorrisos abertos como flores emprestadas de boca
em boca. Uma espécie de rumor espalhado pela
força dos dedos, as marcas profundas dos anéis.
E agora que regressas, trazes murmúrios:
um rumor frio que esmagas entre os dentes e as águas
profundas do teu pensamento. Um eco calado na boca
como a alta saliva seca pela surdez muda das palavras¬.
Uma porta aberta para um abismo que trazes por dentro.
Um alto mar revolto por nada, ou um todo sal que ficará
......................................................[sempre – por dizer.
Miguel Pires Cabral
http://barbituricodaalma.blogspot.com/2011/05/trazes-um-rumor.html
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