A reunião de hoje entre o presidente eleito do PSD,
Pedro Passos Coelho, e a ex-dirigente do partido,
Manuela Ferreira Leite, na sede nacional
social-democrata demorou cerca de meia hora e
terminou sem declarações.
PÚBLICO
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Passos Coelho esmagou os seus adversários nas eleições para a presidência do PSD, porque foi ele o único candidato a fazer o discurso de ruptura com o baronato remanescente da era cavaquista, cujos membros sempre pretenderam influenciar, do lado de fora, as orientações partidárias emanadas internamente pelos diversos e transitórios presidentes de turno. Por outro lado, Passos Coelho foi o candidato mais radical em relação ao governo de José Sócrates, embora o discurso da consagração tivesse assumido uma tonalidade mais apaziguadora e menos contundente.
Os eleitores do PSD, ao escolherem Passos Coelho, deixaram bem claro que já não se revêem naquela elite de políticos do cavaquismo, mandando, por outro lado, um recado a Cavaco Silva para que ele se dedique por inteiro ao desempenho das suas funções de Presidente da República e abandone a persistente ideia de continuar a ser o presidente do PSD, através de interpostas pessoas. Abre-se, por certo, uma nova era para o partido mais ecléctico da sociedade portuguesa, onde se reúnem, como num albergue espanhol, os velhos saudosistas do marcelismo e do salazarismo, os actuais caciques dos aparelhos autárquicos, os liberais, os sociais democratas e os populistas, numa profusão de tendências, que só um líder com uma personalidade muito forte conseguirá federar.
Ao nível ideológico nenhuma mudança se vislumbra no horizonte. O PSD continuará a ser um partido conservador de direita, a propor soluções liberalizantes, com a concomitante diminuição das funções sociais do Estado, e a defender os interesses do grande patronato e dos agentes do capital financeiro.
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