a crise já tinha batido no fundo e que a despesa orçamental estava controlada
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Fitch corta rating português e condiciona debate do PEC
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A mensagem dos mercados foi transmitida, desta
vez, pela Fitch, uma das três principais agências
de notação financeira internacionais. Cumprindo
uma ameaça que já vinha do ano passado, cortou
o rating atribuído a Portugal, passando-o de AA
para AA-. Ao mesmo tempo, manteve a ameaça
de que novos cortes podem vir a surgir no futuro,
não deixando de salientar que, se houver sinais
de desentendimento político em torno do objectivo
de consolidação orçamental, esta ameaça será
rapidamente concretizada. No comunicado emitido
ontem, a Fitch diz que a principal razão para
a deterioração da notação de risco está na perspectiva
de crescimento muito fraco da economia. E assim,
apesar de o PEC ser considerado "credível",
um cenário a prazo de crescimento persistentemente
lento pode provocar, num futuro próximo
- especialmente em 2012 e 2013 - renovadas dificuldades
às finanças públicas, já que as receitas poderão não crescer
à velocidade desejada.
PÚBLICO
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Portugal arrisca-se a perder a batalha da integração europeia, porque já perdeu a batalha da globalização. As políticas erráticas do PSD e do PS ao longo dos últimos trinta anos conduziram a economia portuguesa a um beco sem saída. Os dois partidos, em alternância, governaram sempre ao sabor dos interesses instalados, praticando um política de favorecimento das grandes clientelas e não estimulando os factores da competitividade. Os resultados estão à vista.
Percebeu-se, logo desde o início, que este Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), elaborado exclusivamente para agradar à agências de rating, as guardas avançadas do capitalismo internacional, e que, como se vê, têm a enorme capacidade de influenciar as políticas dos governos, principalmente as dos países mais pequenos, continha tudo sobre estabilidade e não tinha nada sobre crescimento, reconhecendo assim, implicitamente, que a economia portuguesa, tal como afirma a Fitch, não tem capacidade de crescer a curto e a médio prazo, ao ponto de não conseguir gerar as receitas fiscais para reduzir o défice. E este é um problema estrutural, que não se resolve imediatamente no espaço temporal de uma geração. O paradigma de apostar numa política de desenvolvimento, sem aprofundar a qualidade do ensino e a qualificação profissional (as nossas principais debilidades), chegou a fim, e está provado que não é com a cultura política dominante naqueles dois partidos, que se poderá contar no futuro. O povo portugês vai perceber nos próximos tempos, e de uma forma muito dura, que vai de ter de encontrar outro caminho.
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