O Programa de Crescimento e de Estabilidade foi concebido no pressuposto de que a economia portuguesa iria crescer lentamente, com base no aumento gradual das exportações. A previsão é irrealista, por dois motivos. Em primeiro lugar, porque todas as economias, com o mesmo perfil do da economia portuguesa, procuram obstinadamente, neste ambiente de crise internacional, os mesmos mercados para as suas exportações, aumentando assim a concorrência. Em segundo lugar, porque o consumo interno, outro dos componentes para a formação do PIB, vai diminuir, em virtude da aplicação das pesadas medidas restritivas anunciadas, com a agravante dessa diminuição do consumo interno poder vir a eliminar eventuais ganhos que ainda pudessem ser obtidos através de um pequeno aumento do valor das exportações. Num quadro económico depressivo como este, caracterizado por muitas incertezas, também não se espera que o investimento privado, outro dos componentes que, conjuntamente com o investimento público, contribui para a formação do PIB, venha a acolher grandes entusiasmos entre os agentes económicos.
A concretizar-se esta conjugação de factores, Portugal arrisca-se a chegar a 2013 sem conseguir aumentar substancialmente as receitas fiscais, único objectivo credível, que poderia ser a base do arranque para o crescimento da economia.
Resta explorar, neste raciocínio esquemático, a janela de oportunidade que o governo de José Sócrates tem perversamente escondida na sua agenda, e que se apoia na desvalorização, por meios indirectos, do valor dos salários reais, recuperando a ideia de promover uma maior competitividade dos produtos portugueses nos mercado externos, através da diminuição dos custos do trabalho, medida esta que reflecte a incapacidade e a incompetência dos dirigentes políticos e também dos empresários, assim como a total inutilidade das políticas económicas seguidas nos últimos anos. Portugal está a pagar o desleixo e a falta de rigor da gestão política e económica dos sucessivos governos do PS e do PSD, a que se soma a preocupante questão da impunidade do fenómeno da corrupção, que, se pudesse ser contabilizado, se traduziria negativamente no PIB, em virtude dos elevados valores financeiros envolvidos.
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