COMPANHEIROS
Quero
escrever-me
de homens
quero
calçar-me
de terra
quero
ser
a
estrada marinha
que
prossegue depois do último caminho
e
quando ficar sem mim
não
terei escrito
senão
por vós
irmãos
de um sonho
por
vós
que
não sereis derrotados
deixo
a
paciência dos rios
a
idade dos livros
mas
não lego
mapa
nem bússola
porque
andei sempre
sobre
meus pés
e
doeu-me
às
vezes
viver
hei-de
inventar
um
verso que vos faça justiça
por
ora
basta-me
o arco-íris
em
que vos sonho
basta-te
saber que morreis demasiado
por
viverdes de menos
mas
que permaneceis sem preço
companheiros
MIA COUTO
Uma escolha da
"poeta" Sónia M
***«»***
Um
poema épico, que prescinde da linguagem épica, para evitar estilos
estereotipados. Com agrado, regista-se a originalidade.
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