Aviso número dois_
Na
sala há uma parede escarlate
Nessa parede está escondido o Führer
Alguns cidadãos são então levados
em fatos transparentes para fora de casa
outros arrastam blocos de pedra
contam as feridas em lascas de ferro
Há um lago de sangue quando o sol cega
onde os náufragos da hora se curam e afogam
Nessa parede está escondido o Führer
Alguns cidadãos são então levados
em fatos transparentes para fora de casa
outros arrastam blocos de pedra
contam as feridas em lascas de ferro
Há um lago de sangue quando o sol cega
onde os náufragos da hora se curam e afogam
às
vezes fico com a frieza da guerra
sou um número fazendo pressão Contra a parede da sala
sou um número fazendo pressão Contra a parede da sala
Somos
cidadãos transparentes É certo
Apagaremos as nossas pegadas Até no deserto
Apagaremos as nossas pegadas Até no deserto
©
maria azenha
***«»***
Nota: Este seria o único poema que faria tremer
a consciência do Führer…
Maria Azenha tem o condão de construir ambientes, sem recorrer à descrição discursiva. Basta-lhe encontrar as palavras certas para a construção das suas eloquentes metáforas. Neste poema, sobressai o pesadelo do trabalho forçado e o da monstruosidade da guerra, através de palavras recorrentes e incisivas, que definem um cenário dantesco de dor e sofrimento, correspondendo assim, desta forma, à mais correta definição de poesia, em que o mais importante é sugestão implícita do que descrição explanativa.
Maria Azenha tem o condão de construir ambientes, sem recorrer à descrição discursiva. Basta-lhe encontrar as palavras certas para a construção das suas eloquentes metáforas. Neste poema, sobressai o pesadelo do trabalho forçado e o da monstruosidade da guerra, através de palavras recorrentes e incisivas, que definem um cenário dantesco de dor e sofrimento, correspondendo assim, desta forma, à mais correta definição de poesia, em que o mais importante é sugestão implícita do que descrição explanativa.
A "poeta" maria
azenha colabora regularmente no Alpendre da Lua.
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