sábado, 31 de julho de 2010
sexta-feira, 30 de julho de 2010
Informação
quarta-feira, 28 de julho de 2010
Notas do meu rodapé: O euro deve acabar?
Se retirarmos uma peça importante da estrutura de funcionamento de um automóvel , ele não andará. Esta óbvia conclusão das leis de funcionamento de um automóvel, podem ser transpostas para o modelo dialéctico do funcionamento da moeda no quadro mais vasto da estrutura da economia. Sem moeda, nas suas múltiplas funções de instrumento priviligiado de troca, de entesouramento, e de investimento, a economia claudicaria. Por isso, a moeda, para cumprir as suas múltiplas funções, necessita da correspondente política monetária.
Com a criação do euro, os países aderentes perderam a capacidade de emitir e gerir moeda, funções que passaram a pertencer ao Banco Central Europeu (BCE). A principal consequência deste modelo monetário, que não tem equivalente na economia moderna (desde a revolução industrial no século XVIII), teve como principal consequência a perda da possibilidade de cada governo lançar mão às desvalorizações para aumentar a competitividade da sua econonomia. O recurso às desvalorizações sucessivas da moeda era o caminho mais fácil e mais rápido para obter ganhos na balança comercial. O reverso da medalha desta política repercutia-se no aumento da inflação e na desvalorização dos salários.
Ao BCE, coube-lhe como principal função, além da soberania como emitente, a de evitar surtos inflacionistas na zona euro, através da cautelosa manipulação das taxas de juro, política que conseguiu sobreviver durante o período expansionista da economia. A actual crise financeira veio pôr em evidência a falta de outros mecanismos, considerados essenciais para uma completa gestão do euro, e que ficaram nas mãos dos estados membros. Um desses mecanismos assenta na centralização no BCE da capacidade de emissão da dívida soberana para toda a zona euro, sendo posteriormente redistribuída para cada país. Esta mudança estrutural levaria as agências de rating a debruçarem-se sobre a situação de uma única dívida, a dívida da zona euro, sendo obrigadas a abandonar, porque inconsistente, a avaliação da dívida de cada país, que apenas reportaria ao controlo do BCE. Por outro lado, e porque quem controla a moeda também tem de controlar a economia, impõe-se a institucionalização de uma política economica comum. E aqui voltamos à estrutura do funcionamento do automóvel, em que tudo obedece a uma centralização da coordenação de todas as funções, ressalvando-se, porém, a diferença que existe entre as relações mecânicas e as relações dialécticas.
É evidente que, com este novo paradigma, os estados perderiam cada vez mais independência, e acabavam por se transformar em regiões de uma Europa federalista. Mas se não for assim as coisas não funcionam, sendo então preferível acabar com o euro e regressar às moedas nacionais, o que constituiria um grande revés para o sonho europeu.
Agradecimento
O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento à Dalia Faceira (Dacha), pela sua decisão de se inscrever como seguidora deste blogue.
A Dacha, uma antiga colega minha do liceu de Lamego, é uma notável pintora, já com dezenas de exposições realizadas no país e no estrangeiro. O Alpendre da Lua publicou recentemente algumas pinturas suas, a que juntarão outras brevemente.
Ontem, a pintora inaugurou, em Caminha, uma exposição subordinada ao tema "Retratos de Alma".
terça-feira, 27 de julho de 2010
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Anita escreve aos grandes-chefes
Caro Zé,
Caro Aníbal,
Caro Aníbal,
O meu nome é Ana e nasci em Lisboa, mas vivi no Porto quase toda a minha vida. Foi lá que cresci, junto ao rio e ao mar; foi lá que estudei e aprendi tudo o que sei; foi a Norte que passei todas as minhas férias e foi também lá que me ensinaram os valores que hoje me regem.
Foi a Norte que me ensinaram que não se cruza os braços perante a adversidade; foi a Norte que me mostraram que, quando o ser-humano deixa que as mordaças da hipocrisia lhe calem a voz, perde terreno importante para as trevas da exploração; foi a Norte que percebi que a Honra tem muito mais a ver com a forma e a força com que arregaçamos os braços para trabalhar e ajudar o próximo, do que com a gravata que escolhemos para receber um cargo com o qual, afinal de contas, não sabemos bem o que fazer; foi lá em cima que sempre ouvi que não podemos deixar de lutar contra aqueles que nos pisam, que nos oprimem, que nos limitam, que nos reduzem a pouco quando somos muito. Tudo isto aprendi pela boca de pessoas várias, unidas em torno de valores comuns e de uma herança de combatividade (não apenas pela região, mas principalmente pelo próprio país); pessoas de diferentes cores políticas, profissões, estratos e condições sociais; pessoas que às vezes nem sabiam a importância do que me estavam a transmitir; pessoas que falam com o coração na boca e que, se tivessem o país nas mãos, fariam de nós algo ainda maior do que o que agora somos. Só porque sim – só porque os seus antepassados o fizeram sempre.
Tal como disse no início desta carta, foi no Norte que estudei. Mas não foi no Norte que arranjei emprego. Não é no Norte que estou a conseguir desenvolver-me e criar riqueza para o meu país. Não é a terra onde nasci que Norteia as minhas escolhas, nem é lá (ainda) que posso contribuir com as minhas capacidades, explorar o meu potencial ou rentabilizar a minha energia.
É que a Norte não há emprego. A Norte há poucas possibilidades de receber um bom salário. A Norte somos constantemente alvo dos caprichos da capital e acabamos sempre a pagar as favas dos amuos da vossa gente quando sente os bolsos mais leves. A Norte somos pior servidos de transportes e na prática acabamos por pagá-los mais caros. A Norte temos que fazer duplo-esforço para lutar contra o isolamento cultural e artístico e estóicamente ultrapassar violentos ataques e barreiras ao renascimento e desenvolvimento das indústrias que, um dia, alimentaram o país – isto é hoje tão evidente, que só não o vê quem, como os senhores, pura e simplesmente não quer.
Eu não me estou a queixar. Eu tenho dois braços, duas pernas, uma voz potente e três ou quatro capacidades que, certamente, me proverão o sustento mais tarde ou mais cedo. A Norte, pois claro. (Se tiver que ser a Sul, pois que seja, de fome não morrerei – mas o meu coração continuará no Norte e jamais me venderei como tantos dos vossos colegas de mexerico político). Basta os senhores olharem à história e terão diversas provas de que aqui em cima sempre estivemos bem acordados. Repito, não me estou a queixar, porque sei que mais dia, menos dia, esta situação terá um fim. O Norte será Norte e continuará a ser Portugal, mas um Portugal que não baixa a cabeça ao poder central e nem se governa pelo desgoverno que vem da Capital. Só mais uma vez, para que fique bem claro: eu não me estou a queixar – estou apenas a avisar. Junto a minha voz às de tantos outros que têm vindo a fazer avisos semelhantes, por motivos que, entre outros, se prendem com a subsistência e dignidade de uma Juventude que se recusa a apodrecer calada.
Estarão agora os senhores a pensar: “Bolas, a miúda está revoltada!”. Estou sim, meus senhores. Estou eu e os meus irmãos; o meu namorado; os meus vizinhos; os meus amigos; os amigos do meu namorado e os amigos dos meus amigos; os meus colegas de curso; os meus colegas de trabalho (temporário, claro); os meus companheiros de autocarro e de metro; os meus tios, primos e avós; todos os amigos e colegas deles; os meus pais e os seus amigos…somos muitos. E seremos cada vez mais.
Só para acabar, uma última ressalva: os senhores lembrem-se de que não estão a brincar com tostões. Estão a brincar com a vida de pessoas unidas pelo orgulho de, historicamente, sempre terem aceite de peito aberto a luta pela dignidade. Repito: de peito aberto; coração na boca; e o Mundo nas mãos.
Não roubo mais do vosso precioso tempo. Fá-lo-ei, certamente, com o próximo boletim de voto que me chegue às mãos.
Aquele abraço de fair-play,
Anita
Enviado pelo João Fráguas, seguidor deste blogue.
domingo, 25 de julho de 2010
Agradecimento
Sexo na varanda só com pára-quedas!...
***
Amantes caem da janela enquanto fazem sexo
Um casal de amantes que praticava relações sexuais junto à janela do apartamento, em Lübeck, Alemanha, distraiu-se e acabou por cair de uma altura de cerca de cinco metros.
Os vizinhos garantem que o casal estava a praticar actos sexuais, no entanto, a mulher refutou esta ideia, afirmando que os dois estavam só a brincar.
Segundo o jornal alemão Bild, a queda obrigou a receber tratamento hospital, dado que sofreram ferimentos significativos, mas o curioso foi a mulher que é casada ter encontrado o marido no hospital, internado a recuperar de uma queda que sofrera há alguns dias.
Segundo o jornal alemão Bild, a queda obrigou a receber tratamento hospital, dado que sofreram ferimentos significativos, mas o curioso foi a mulher que é casada ter encontrado o marido no hospital, internado a recuperar de uma queda que sofrera há alguns dias.
Correio da Manhã
***
E ainda por cima, não foi com o marido!...
sábado, 24 de julho de 2010
Notas do meu rodapé: A autofagia da economia europeia
A Comissão Europeia decidiu hoje autorizar o
prolongamento do plano português de apoio ao
sector bancário até 31 de Dezembro de 2010,
por considerar que os regimes de garantias
bancárias e de recapitalização estão “bem
orientados”.
... Bruxelas lembra que já tinha prorrogado,
mediante as mesmas condições, “a autorização
de regimes de garantias bancárias na Suécia,
Alemanha, Áustria, Letónia, Irlanda, Espanha,
Dinamarca, Países Baixos, Eslovénia, Grécia e
Polónia”.
PÚBLICO
PÚBLICO
***
O que a Comissão Europeia está a fazer, com a aprovação das garantias estatais dos vários governos europeus, é a institucionalização da socialização parcial da banca a retalho, em que os únicos beneficiários serão os respectivos accionistas, que nada arriscam neste jogo, onde os peões de brega continuarão a ser os contribuintes. Se estes bancos, num cenário de uma mais que provável depressão da economia europeia, não conseguirem assumir os seus compromissos, perante os seus credores, os grandes bancos por grosso, sediados em Wall Street, na City e nos offshores, será o dinheiro dos contribuintes que avançará mais uma vez.
Com esta comunicação, a Comissão vem reconhecer que a economia europeia está hipotecada ao grande capital financeiro, que não vai deixar-se iludir com as medidas de cosmética ensaiadas pelo Banco Central Europeu para acalmar os mercados. A última referência para as agências de rating baseia-se na capacidade potencial da economia, em desenvolver-se, depois de corrigida a dívida e o défice orçamental. E isto não vai acontecer nos países menos desenvolvidos da Europa, já que a sua economia cresceu através de um processo autofágico, com a maioria das suas trocas comerciais a operarem-se no seu seio, o que beneficiou os países mais ricos, pricipalmente a Alemanha.
Com esta comunicação, a Comissão vem reconhecer que a economia europeia está hipotecada ao grande capital financeiro, que não vai deixar-se iludir com as medidas de cosmética ensaiadas pelo Banco Central Europeu para acalmar os mercados. A última referência para as agências de rating baseia-se na capacidade potencial da economia, em desenvolver-se, depois de corrigida a dívida e o défice orçamental. E isto não vai acontecer nos países menos desenvolvidos da Europa, já que a sua economia cresceu através de um processo autofágico, com a maioria das suas trocas comerciais a operarem-se no seu seio, o que beneficiou os países mais ricos, pricipalmente a Alemanha.
sexta-feira, 23 de julho de 2010
PGR respondeu a requerimento que diz não ter recebido
O Procurador-geral da República enviou, ontem, para
o Parlamento as respostas a um requerimento dos
deputados do PSD sobre o caso Face Oculta.
Hoje, Pinto Monteiro, garantiu não ter conhecimento
de qualquer pedido de informação feito pela Assembleia
da República.
É mais uma contradição do Procurador-Geral da República.
... Esta declaração de Pinto Monteiro não corresponde
com a realidade. O DN sabe que a resposta do Procurador-
Geral ao requerimento dos deputados do PSD chegou,
ontem, à Assembleia da República e é assinada pela sua
chefe de gabinete, Amélia Cordeiro.
Diário de Notícias
***
Por um lado, sabe-se que um Procurador-Geral da República nunca mente, nem entra em contradição. A lei não o permite. Tudo o que um Procurador-Geral da República disser é a mais pura das verdades, encontrando-se assim, também por força da lei, acima de qualquer suspeita, privilégio de que também usufruem todos os detentores de altos cargos do Estado, primeiro-ministro incluído.
Por outro lado, no caso vertente, o Procurador-Geral da República não é obrigado a saber o que anda a fazer a sua chefe de gabinete, que, tal como os juízes, parece gozar de total autonomia e independência no exercício do seu cargo. Só assim se pode explicar esta contradição, que o Diário de Notícias, malevolamente, imputa ao distinto procurador.
FEDERAÇÃO NACIONAL DOS MÉDICOS
A revisão constitucional como pretexto para a destruição dos direitos sociais
De entre todos os sectores de actividade do nosso país, a Saúde foi o único que nos colocou nos primeiros lugares mundiais quanto ao índice global de desempenho (12º lugar) na base de indicadores concretos analisados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Em 36 anos de Democracia, a realização social e humanista mais marcante na nossa sociedade foi o Serviço Nacional de Saúde (SNS), constituindo um marco de desenvolvimento civilizacional.
O SNS conseguiu alterar todos os indicadores de saúde e colocar o nosso país ao nível dos países mais desenvolvidos. A título de exemplo, basta ter presente que em 1970 a mortalidade infantil era de 58,6 por mil e há 1 ano atrás era pouco superior a 4 por mil. E quanto ao indicador da mortalidade materna, o nosso país era o 8º a nível mundial quanto ao menor número de mortes, 4 por cada 100.000 nascimentos.
Em termos de custos globais, o nosso país é, a nível europeu, dos que tem menores gastos per capita e em toda a E.U. é aquele que tem menor percentagem de despesas públicas no total das despesas nacionais de saúde, ligeiramente acima de 50%.
Ora, é neste elucidativo quadro que surgiu nos últimos dias a divulgação de extractos de uma proposta de revisão constitucional da autoria da nova direcção política do PSD.
De acordo com as notícias publicadas, essa proposta pretende, entre outros aspectos, eliminar a Escola Pública, permitir os despedimentos arbitrários e liquidar o SNS.
No caso do SNS é colocada a questão de eliminar o princípio do “tendencialmente gratuito”, acrescentando que “em caso algum o acesso pode ser recusado por insuficiência de meios económicos”.
Desde logo, é imperioso sublinhar a falta de seriedade política do argumento sobre a suposta gratuitidade dos cuidados de saúde, quando todos sabemos que os serviços públicos são financiados através da carga fiscal aplicada aos cidadãos e que por esta via é desenvolvido o esforço solidário entre os vários sectores sociais em função dos seus rendimentos.
Por outro lado, como é possível fazer prova de insuficiência de meios económicos?
Esta abordagem faz-nos retornar dramaticamente à década de 1960 em que os cidadãos tinham de apresentar um atestado de indigência passado pelas Juntas de Freguesia para ficarem isentos do pagamento dos cuidados ou dos internamentos nos poucos hospitais públicos então existentes.
Em todos os países onde foram implementadas políticas de privatização e de mercantilização da Saúde, este tipo de argumentação foi utilizado e conduziu à criação de uma saúde dependente dos rendimentos de cada um.
Quando nos encontramos no meio de uma grave crise politica, social e económica devido ao desenvolvimento de políticas viradas para a mercantilização da vida humana, é inacreditável que um partido político que tem particulares responsabilidades no nosso regime democrático e que tem alternado no exercício da acção governamental tome a iniciativa de tentar impor, de forma ainda mais radical, essas mesmas políticas.
Num momento tão delicado como este, é assustador que haja quem tome como prioridade a revisão constitucional para liquidar o que ainda resta das políticas públicas e sociais.
Todos nós sabemos que existem múltiplos constrangimentos na capacidade de resposta dos serviços públicos de saúde e na acessibilidade aos cuidados.
A FNAM tem efectuado, desde sempre, muitas denúncias sobre casos concretos dessas situações e da incompetência e impunidade gestionária de muitas administrações nomeadas pelas sucessivas tutelas ministeriais.
No entanto, há que ter bem presente que o SNS tem desempenhado um papel insubstituível na garantia da coesão social da população do nosso país, resolvendo os problemas essenciais da saúde da nossa população.
Decidimos adoptar esta posição pública na defesa do SNS tendo bem presente que os direitos sociais não podem ser objecto de negócios aviltantes para os cidadãos.
As propostas apresentadas constituem a mais chocante declaração até hoje efectuada no nosso regime democrático quanto à transformação do direito à saúde num qualquer bem de consumo sujeito às leis da oferta e da procura.
Com medidas destas não estamos somente a regredir no plano civilizacional, mas a enveredar por concepções de barbárie social e política.
A vida humana e a saúde, como sinónimo do seu equilíbrio, não podem estar dependentes dos negócios e de negociantes.
22/7/2010
A Comissão Executiva da FNAM
De entre todos os sectores de actividade do nosso país, a Saúde foi o único que nos colocou nos primeiros lugares mundiais quanto ao índice global de desempenho (12º lugar) na base de indicadores concretos analisados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Em 36 anos de Democracia, a realização social e humanista mais marcante na nossa sociedade foi o Serviço Nacional de Saúde (SNS), constituindo um marco de desenvolvimento civilizacional.
O SNS conseguiu alterar todos os indicadores de saúde e colocar o nosso país ao nível dos países mais desenvolvidos. A título de exemplo, basta ter presente que em 1970 a mortalidade infantil era de 58,6 por mil e há 1 ano atrás era pouco superior a 4 por mil. E quanto ao indicador da mortalidade materna, o nosso país era o 8º a nível mundial quanto ao menor número de mortes, 4 por cada 100.000 nascimentos.
Em termos de custos globais, o nosso país é, a nível europeu, dos que tem menores gastos per capita e em toda a E.U. é aquele que tem menor percentagem de despesas públicas no total das despesas nacionais de saúde, ligeiramente acima de 50%.
Ora, é neste elucidativo quadro que surgiu nos últimos dias a divulgação de extractos de uma proposta de revisão constitucional da autoria da nova direcção política do PSD.
De acordo com as notícias publicadas, essa proposta pretende, entre outros aspectos, eliminar a Escola Pública, permitir os despedimentos arbitrários e liquidar o SNS.
No caso do SNS é colocada a questão de eliminar o princípio do “tendencialmente gratuito”, acrescentando que “em caso algum o acesso pode ser recusado por insuficiência de meios económicos”.
Desde logo, é imperioso sublinhar a falta de seriedade política do argumento sobre a suposta gratuitidade dos cuidados de saúde, quando todos sabemos que os serviços públicos são financiados através da carga fiscal aplicada aos cidadãos e que por esta via é desenvolvido o esforço solidário entre os vários sectores sociais em função dos seus rendimentos.
Por outro lado, como é possível fazer prova de insuficiência de meios económicos?
Esta abordagem faz-nos retornar dramaticamente à década de 1960 em que os cidadãos tinham de apresentar um atestado de indigência passado pelas Juntas de Freguesia para ficarem isentos do pagamento dos cuidados ou dos internamentos nos poucos hospitais públicos então existentes.
Em todos os países onde foram implementadas políticas de privatização e de mercantilização da Saúde, este tipo de argumentação foi utilizado e conduziu à criação de uma saúde dependente dos rendimentos de cada um.
Quando nos encontramos no meio de uma grave crise politica, social e económica devido ao desenvolvimento de políticas viradas para a mercantilização da vida humana, é inacreditável que um partido político que tem particulares responsabilidades no nosso regime democrático e que tem alternado no exercício da acção governamental tome a iniciativa de tentar impor, de forma ainda mais radical, essas mesmas políticas.
Num momento tão delicado como este, é assustador que haja quem tome como prioridade a revisão constitucional para liquidar o que ainda resta das políticas públicas e sociais.
Todos nós sabemos que existem múltiplos constrangimentos na capacidade de resposta dos serviços públicos de saúde e na acessibilidade aos cuidados.
A FNAM tem efectuado, desde sempre, muitas denúncias sobre casos concretos dessas situações e da incompetência e impunidade gestionária de muitas administrações nomeadas pelas sucessivas tutelas ministeriais.
No entanto, há que ter bem presente que o SNS tem desempenhado um papel insubstituível na garantia da coesão social da população do nosso país, resolvendo os problemas essenciais da saúde da nossa população.
Decidimos adoptar esta posição pública na defesa do SNS tendo bem presente que os direitos sociais não podem ser objecto de negócios aviltantes para os cidadãos.
As propostas apresentadas constituem a mais chocante declaração até hoje efectuada no nosso regime democrático quanto à transformação do direito à saúde num qualquer bem de consumo sujeito às leis da oferta e da procura.
Com medidas destas não estamos somente a regredir no plano civilizacional, mas a enveredar por concepções de barbárie social e política.
A vida humana e a saúde, como sinónimo do seu equilíbrio, não podem estar dependentes dos negócios e de negociantes.
22/7/2010
A Comissão Executiva da FNAM
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Os bancos acreditam, as agências de rating é que não!...
O presidente do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, afirmou hoje que o banco deverá passar nos testes de resistência ao sistema financeiro europeu, que serão anunciados na sexta feira.
O presidente do Banco Espírito Santo (BES),
Ricardo Salgado, afirmou hoje que o banco
deverá passar nos testes de resistência ao
sistema financeiro europeu, que serão
anunciados na sexta feira.
...
Fernando Ulrich garante que BPI passou nos testes de stress
O presidente do Banco BPI, Fernando Ulrich,
garantiu hoje que já sabe que o banco
passou nos testes de resistência ao
sistema financeiro europeu, que serão
anunciados oficialmente na sexta feira.
...
Bancos sofrem corte nos ratings mas passam testes de stress europeus
Ontem a agência de notação financeira
Fitch reviu em baixa o rating de cinco
bancos portugueses - BCP, BES, BPI,
Banif e Espírito Santo Financial Group.
PÚBLICO
***
O Banco Central Europeu encomendou os testes ao Ministério da Educação, que se baseou na metodologia das provas de aferição para o 6º ano.
quarta-feira, 21 de julho de 2010
PCP e BE: PSD quer “destruir” princípios fundamentais da Constituição
Bloco de Esquerda e PCP rejeitam peremptoriamente
a proposta do PSD para eliminar da Constituição os
despedimentos por justa causa, substituindo-os por
despedimentos de “razão atendível”.
PÚBLICO
a proposta do PSD para eliminar da Constituição os
despedimentos por justa causa, substituindo-os por
despedimentos de “razão atendível”.
PÚBLICO
***
O PSD, aproveitando o ricochete da crise económica, está a preparar o último e decisivo assalto ao modelo social que derivou da revolução do 25 de Abril. Na cabeça do chefe de turno do PSD baila a perversa ideia do golpe de Estado Constitucional.
No último domingo, na minha nota de rodapé, chamava a atenção para a histeria que se levantou em relação à duração dos mandatos do Presidente da República e do governo, e que isso não era mais do que a cortina de fumo da agenda secreta do PSD, herdada desde o tempo do seu fundador. E a agenda aí está, acompanhada de todos os argumentos demagógicos, que pretendem convencer os portugueses mais incautos das virtudes da liberalização dos despedimentos e da privatização dos serviços da saúde.
Se o PSD chegar a ser governo e se vier a concretizar todas as suas espúrias propostas, com que anda a alarmar o país, Portugal passará em poucos anos para o grupo dos países do Terceiro Mundo. Portugal passará a ter Marrocos como termo de comparação.
domingo, 18 de julho de 2010
Um puxão de orelhas de primeira classe
A ministra do Trabalho esclareceu hoje que
o aumento dos salários da Função Pública
cabe ao Ministério das Finanças e assegurou
que “não há qualquer decisão sobre esta
matéria”, corrigindo a entrevista ao "Diário
de Notícias".
PÚBLICO
***
Helena André, tal como as suas colegas da Educação e da Cultura, ainda não percebeu que é uma ministra de 2ª classe, a quem cabe apenas fazer o trabalho sujo que o chefe do governo lhe ordena. A sua autonomia é reduzida e tem de se resignar, na sua insignificância, à sua função de resguardo do prestígio dos ministros de 1ª classe, cabendo-lhe anunciar publicamente as medidas mais impopulares.
Disse o que não estava autorizada a dizer, exorbitando das suas competências de escriturária graduada, e o chefe do governo ou o todo poderoso ministro da Finanças deram-lhe um valente puxão de orelhas e submeteram-na à extrema humilhação de se retratar publicamente, sendo obrigada a desmentir-se a si própria.
A vã glória de ser ministra por uns meses obriga a alguns sacrifícios. Esta humilhante desautorização é um desses sacrifícios.
Notas do meu rodapé: A agenda escondida do PSD
Governo deve ter mandato de cinco anos e Presidente de seis
Em entrevista exclusiva ao PÚBLICO, o presidente
do PSD defende períodos mais longos de governação,
mas facilita mudanças de executivo: pelo Presidente
e pelo Parlamento.
PÚBLICO
***
Passos Coelho escolheu a pior forma para assumir mediaticamente em termos de liderança a condução do PSD. Necessitava de uma proposta original e de ruptura, que cortasse qualquer ligação com a liderança anterior e elevasse o calor da discussão na comunicação social. Escolheu a revisão do texto constitucional, como se fosse a Constituição a causa de todos os actuais problemas do país.Mas o que mais inquieta nesta proposta não será a intenção de reordenar o quadro da duração dos mandatos do governo e do Presidente da República, intenção essa que terá muitas poucas hipóteses de singrar, já que a actual moldura mostrou-se até aqui satisfatória. O que é preocupante é a abertura de novas oportunidades para a concretização da agenda escondida do PSD, envolvendo o propósito de alterar o figurino da parte económica da Constituição, das leis do trabalho e a integridade dos modelos actuais da Saúde, da Educação e da Segurança Social.Ao longo da sua história, o PSD sempre defendeu a existência de um Estado mínimo, quase reduzido ao exercício das funções de soberania, e, por várias vezes, propôs a alienação aos privados da gestão de uma parte importante das funções sociais do sector público.
sábado, 17 de julho de 2010
Um Poema ao Acaso: Improviso para negar as escrituras...
Improviso para negar as escrituras... *
.
Para que o Pai não duvidasse
do sucesso da sua missão
Judas visitou Cristo na cruz
e
temendo que o Messias
pudesse sofrer mais do que estava predestinado
martelou ainda mais os pregos
para apressar a morte e a história
foi então que o sangue do Redentor golfou
sobre os olhos do traidore Judas
(que não frequentava urgências hospitalares)
desmaiou
à visão do amigo desfalecido
Cristo não resistiu à tentação misericordiosa
e desceu da cruz para o reanimar
consta que já se tinha arrependido
dos caprichos sádicos do Pai
e só esperava um bom pretexto para negar as escritura
se gozar a vida
foram ambos dali para os copos
rindo da ingenuidade dos Apóstolos e das Apóstolas
ainda hoje não se sabe
quem ficou na cruz no seu lugar.
.
.
Ademar
17.07.2006
O "Infanticídio" prossegue...
O ministro da Presidência afirmou hoje que o Governo
está a reavaliar o calendário para a concretização dos
cheques-bebé, medida que já não será introduzida este
ano em virtude das circunstâncias financeiras do país.
Confrontando com estas críticas da oposição sobre a
concretização dos chamados cheques-bebé – medida que
consta do programa do Governo - , Pedro Silva Pereira
referiu no final do Conselho de Ministros que as contas
poupanças futuro tiveram desde sempre uma previsão de
aplicação no final deste ano, não havendo como tal qualquer
atraso na sua execução.
PÚBLICO
está a reavaliar o calendário para a concretização dos
cheques-bebé, medida que já não será introduzida este
ano em virtude das circunstâncias financeiras do país.
Confrontando com estas críticas da oposição sobre a
concretização dos chamados cheques-bebé – medida que
consta do programa do Governo - , Pedro Silva Pereira
referiu no final do Conselho de Ministros que as contas
poupanças futuro tiveram desde sempre uma previsão de
aplicação no final deste ano, não havendo como tal qualquer
atraso na sua execução.
PÚBLICO
***
Para além do desnorte, que já grassa em todos os ministérios, o ministro insiste em considerar os portugueses ignorantes e imbecis. Por um lado afirma que a medida (os cheques-bebé) já não será introduzida este ano, para, depois, com uma enorme desfaçatez, acrescentar que não houve "qualquer atraso na sua execução".
http://publico.pt/Política/governo-esta-a-reavaliar-calendario-para-o-comeco-do-pagamento-do-chequebebe_1447451
sexta-feira, 16 de julho de 2010
O governo nem as crianças poupa!
Algumas Instituições Particulares de Solidariedade
Social (IPPS) já terão sido notificadas pela Segurança
Social, sendo informadas que, a partir de 1 de Setembro,
deixarão de receber as comparticipações relativas aos
almoços dos Ateliers de Tempos Livres (ATL).
... O ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira,
considerou hoje “falsos” e “chocantes” os rumores
de que o Governo iria retirar financiamento às
refeições das crianças dos Ateliers de Tempos
Livres (ATL).
PÚBLICO
***
A este governo só falta cobrar impostos aos mortos, isentando-se apenas aqueles que conseguirem ressuscitar.
Bem pode o ministro Pedro Silva Pereira, com aquela ar angélico de menino do coro, vir tentar reparar os estragos daquela carta assassina, enviada pela Segurança Social a todos os presidentes das IPPS, a comunicar-lhes, de acordo com as afirmações do padre Lino Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, o corte das comparticipações relativas aos almoços das crianças nos ATL. A justificação dada pelo ministro é ridícula e infantil.
O desnorte deste governo já não pode ser ocultado. Desmente-se todos os dias, contradiz-se entre as afirmações daquilo que diz ser e do que realmente é. De nada vale ao primeiro ministro andar a apregoar que o seu governo defende o Estado Social, quando logo a seguir um ministério (ou uma instituição oficial dele dependente) vem dar uma machadada no sistema, retirando cirurgicamente mais um benefício social. Desta vez, as vítimas foram as crianças.
Com um governo destes, a direita não precisa do PSD e do CDS para nada.
Citação de um criminologista português
“Portugal é hoje um paraíso criminal onde alguns
inocentes imbecis se levantam para ir trabalhar,
recebendo por isso dinheiro que depois lhes é
roubado pelos criminosos e ajuda a pagar
ordenados aos iluminados que bolsam certas
leis'.”
Barra da Costa
***
Basta recordar que a tributação fiscal sobre os rendimentos do capital (lucros, dividendos e mais-valias) é escandalosamente muito menor àquela que incide sobre os rendimentos do trabalho. E mesmo entre os rendimentos do capital, existe uma discriminação negativa em relação aos rendimentos das pequenas empresas. E tudo isto é cozinhado na complexa trama das leis fiscais, urdida capciosamente para iludir o cidadão comum.
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Visão deficiente...
Alemão aconselha Teixeira dos Santos
O ministro das Finanças alemão, disse ontem estar
preparado para oferecer "aconselhamento e apoio"
a Portugal, uma ajuda que só deverá chegar "depois
das férias". "Cheguei a acordo com o meu colega
português, Teixeira dos Santos, para nos encontrarmos
após das férias para ver o que pode ser feito
bilateralmente no que diz respeito à informação,
aconselhamento e ajuda", disse Wolfgang Schaeuble.
Diário de Notícias
***
Teixeira dos Santos vai a Berlim receber conselhos ou receber ordens?
Isaltino Morais: De recurso em recurso, até à inocência total!...
Relação desagrava penas a Isaltino Morais
Inconformado com a condenação a sete anos de prisão
efectiva, perda de mandato e 463 mil euros de
indemnização, Isaltino conseguiu convencer os
desembargadores a alterar drasticamente o acórdão.
Foi absolvido do crime de abuso de poder, reaveu a posse
do terreno em Cabo Verde e foram-lhe devolvidos os
bens apreendidos à ordem do processo, descontados
que sejam os 197.266 euros de indemnização que a
Relação fixou e que representa bastante menos do
que a defenida na primeira instância. Foi também
revogada a pena acessória de perda de mandato.
Relativamente aos crimes que os desembargadores
consideraram provados, Isaltino de Morais foi condenado
por três crimes de fraude fiscal em quatro meses por cada
um e na pena de 17 meses pelo crime de branqueamento.
O cúmulo jurídico destes dois ilícitos é de dois anos.
PÚBLICO
PÚBLICO
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Eu sempre acreditei na inocência deste homem e na total independência dos tribunais, quando julgam os figurões políticos. O que fica aqui provado é que os políticos não devem confiar nos sobrinhos, nem os sobrinhos, quando no exercício de cargos políticos, devem confiar nos tios. O sobrinho da Suíça de Isaltino e o tio de Sócrates, no caso Freeport, comprovam a asserção feita.
Provedor de Justiça sem competência para apreciar "caso dos gravadores"
Deontológico (CD) do Sindicato dos Jornalistas
não ter competência para apreciar a queixa
que este lhe apresentou contra o deputado
Ricardo Rodrigues, autor do furto de dois
gravadores a jornalistas da revista "Sábado".
... "Esta decisão segue-se a idênticas posições
transmitidas por duas comissões parlamentares,
que igualmente se consideraram incompetentes
para apreciar o caso que teve como protagonista
o deputado do PS".
Comunicado do Sindicato dos Jornalistas e da Provedoria de Justiça
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Eu não tenho andado a dizer que este é um país de incompetentes?!...
quarta-feira, 14 de julho de 2010
Macquarie diz que BCP vai chumbar nos testes de stress
O presidente do BCP, depois ler o famigerado mail anónimo
A gestora de activos Macquarie Securities
diz que 12 bancos vão chumbar nos testes
de stress e que o BCP é um deles.
Jornal de Negócios
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À atenção da Polícia Judiciária e do Ministério Público: Já descobri quem foi o autor daquele mail anónimo, que afirmava que o BCP estava a afundar-se.
A canga continua!...
Circula na net um mail com um texto de Guerra Junqueiro, de uma virulência inaudita contra a situação política que o país vivia nos finais do século XIX e início do seguinte, e, por paradoxal que pareça, e para grande escândalo dos portugueses, esse texto ainda hoje mantém toda a sua actualidade. O autor do mail junta-lhe um comentário da sua lavra.
Vale a pena ler.
“Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.
Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar.
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O comentário do autor anónimo do mail:
”Por momentos, o texto reproduzido acima parece saído da actualidade social e política nacional, visando descrever a desgraçada situação em que estão mergulhados o país e o povo. Mas não é. Se o fosse, teria que espelhar também as lutas que vêm sendo travadas pelos trabalhadores, em oposição consciente e firme às políticas que vão encaminhando o país para o completo desastre, económico, social, político, civilizacional.
Uma leitura mais atenta, logo no primeiro parágrafo, pelo estilo e pela descrição figurativa das duras penas suportadas pelo povo, revela que se trata de um texto de outra época, datado de um período (segunda metade do século XIX) no qual era comum, para certos autores, identificar o povo português com um jumento. Aliás, nesta concepção se revelava a origem burguesa – pequena ou grande – destes autores.
No caso presente, trata-se de parte de um escrito de Guerra Junqueiro, “Pátria”, de 1896. Para além da avaliação surpreendentemente actual de vários traços da vida colectiva dos portugueses, pela minha parte valorizo muito a afirmação do escritor quanto ao amor que tem pelo seu povo, não obstante parecer acompanhar a resignação deste perante as adversidades (“porque sofre e é bom”) como se isto fosse uma qualidade, avaliação errada para caracterizar os dias de hoje e razão pela qual não pudemos/devemos acompanhá-lo.
Quanto ao mais, está tudo certo: um povo explorado e humilhado e ainda incapacitado de se revoltar contra o actual estado de coisas; uma burguesia venial, corrupta e corruptora, criminosamente predadora das riquezas nacionais e vendilhona da dignidade nacional dos portugueses; um parlamento capacho para todas as diatríbes do governo; um governo lacaio dos grandes grupos económicos e dos banqueiros e pau-mandado do absolutismo do 1°. ministro; uma justiça burguesa, sem venda nos olhos e com uma balança para medir o peso do dinheiro dos litigantes, traindo o exercício dos direitos elementares de quem trabalha, tudo isto para servir os poderosos e o poder; dois partidos (na verdade, são três), iguais como duas gotas – de fel! -, quais “Dupond & Dupond” que só não se fundem num só pela necessidade de continuarem a fingirem-se diferentes partilhando a mesmíssima política, exercendo ambos o governo há 34 anos, anos integralmente passados a recuperar os ilegítimos interesses e benesses daqueles contra os quais se fez Abril, sem uma única ideia ou medida – uma única! – que pudesse destinar-se a assegurar o desenvolvimento do país e o bem-estar dos portugueses.
Enfim, um retrato a sépia de um regime actual dito “democrático” mas gritantemente autoritário, com traços crescentes de uma pulsão neofascista, corrupto, ilegítimo, esgotado, a exigir aos trabalhadores e aos democratas portugueses um vigoroso esforço de saneamento político e moral do país, com a recuperação dos luminosos caminhos abertos em 25 de Abril de 1974.
Um Poema ao Acaso: Mortalidades
terça-feira, 13 de julho de 2010
Notas do meu rodapé: PS e PSD já não são a solução. São o problema!...
Portugal arrisca-se a perder a batalha da integração europeia, porque já perdeu a batalha da globalização. As políticas erráticas do PSD e do PS ao longo dos últimos trinta anos conduziram a
economia portuguesa a um beco sem saída. Os dois partidos, em alternância, governaram sempre ao sabor dos interesses instalados, praticando um política de favorecimento das grandes clientelas e não estimulando os factores da competitividade. Os resultados estão à vista.
Notas do meu rodapé de 25 de Março de 2010
economia portuguesa a um beco sem saída. Os dois partidos, em alternância, governaram sempre ao sabor dos interesses instalados, praticando um política de favorecimento das grandes clientelas e não estimulando os factores da competitividade. Os resultados estão à vista.
Notas do meu rodapé de 25 de Março de 2010
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Hoje acordei com os comentadores encartados das televisões a perorarem enfaticamente sobre a necessidade de do PSD e o PS se entenderem no actual contexto da profunda crise em que o país mergulhou e que ameaça conduzir ao mais completo caos (andam por aí uns românticos, que ainda acreditam no valor da «raça», encarnação capaz de vencer todos os cabos das tormentas) . O pretexto para tamanha eudição apoiou-se nas declarações de um antigo Presidente da República e de um obscuro advogado, que deve a sua celebridade à ainda mais obscura actividade política, e que apontavam no mesmo sentido.
Eu não acredito em bruxas, assim como não acredito que estes dois partidos sejam capazes de se regenerar, tal é o tamanho das suas responsabilidades históricas na desastrosa governação do país. As piruetas de circunstância dos seus sucessivos dirigentes não conseguem esconder a sua identidade profunda nos aspectos essenciais e fundamentais. São dois paridos que são as duas faces de uma mesma moeda, mais vocacionados para servir os interesses dos grupos económicos e financeiros, que os alimentam, do que em conceber políticas que promovam a justiça social e o desenvolvimento económico sustentável. Falharam redondamente. Já não podem fazer parte da solução, porque já fazem parte do problema.
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