Poema sem título
Conservo
ainda a palavra que fende o Outono,
a
que lava a margem,
e
regressa a este difícil tempo de amar.
Habitando
o destino do teu círculo insurrecto,
velo
incessantemente a noite.
Quando
o sol nascer,
levarei
o amor ao sepulcro inviolado
das
aves;
ao
eco, o fogo pátrio,
o
silêncio arauto da matriz das tempestades.
Nada
nos foi prometido, nem o olvido!
A
palavra é o fragor de um dia sem porto
Nem
por do sol.
Dá-me
o estro
uma
branca toalha
derramando
o esplendor, o sal, a âncora…
Deve
haver um caminho para o mar.
mariagomes
***«»***
Nota: Maria Gomes já nos
impressionou com os dois poemas seus, aqui publicados, onde fazia sobressair
uma melódica carga intimista, que parece ser uma marca sua, em toda a sua obra.
Neste poema, surpreende-nos pelo hábil encadeamento do jogo metafórico,
incisivo e bem temperado pelo eco das palavras escolhidas, cuja sonoridade empresta
ao poema toda a beleza.
“levarei o
amor ao sepulcro inviolado / das aves / ao eco, o fogo pátrio, / o silêncio
arauto da matriz das tempestades, são excelentes metáforas que sustentam todo o
significado amoroso do poema.
1 comentário:
A Poesia de Maria Gomes sempre com uma sonoridade notável. E com uma carga emocional fulgurante.
Obrigada , Maria.
saudades e um abraço,
maria azenha
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