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Afonso Armada de Castro _ mancha negra |
Afonso Armada de Castro _ figuras no escuro |
Afonso Armada de Castro _ cabos vermelhos |
A dança
das linhas – Desenho de Afonso Armada de Castro
Se, nos anteriores trabalhos de Afonso Armada de
Castro, meu filho, aqui publicados, ele privilegiou a exuberante abordagem
policromática, de que é exemplo a pintura “Índio”, o que levou uma leitora a
dizer «Perco-me no meio de tanta criatividade», nestes trabalhos, agora aqui
apresentados, a opção virou-se para um processo de uma apurada estilização
extrema – a máxima que é possível na nossa imaginação – reflectida naquilo que
eu chamo a “pureza e a elegância das linhas”. A simplicidade beneficiou o
autor, que resistiu à tentação de encher a tela com muitos e variados elementos
pictóricos. Utilizou apenas as linhas rectas, em “cabos vermelhos”, e uma
variedade de figuras geométricas, em “figuras no escuro”, o que será,
tecnicamente, fácil de executar, mas que é naturalmente muito difícil de
conceber, para que se alcance aquele patamar, em que a obra consiga entrar no
universo do que aceitamos ser “Arte”.
Em “figuras no escuro” e “cabos vermelhos”
consegue-se um equilíbrio e uma harmonia, através de um muito bem estudado
ordenamento das linhas e das figuras geométricas, às quais a opção de um fundo
monocolor deu relevo.
Em “mancha negra”, para mim, o melhor trabalho
desta série, deparei-me com aquilo que eu mais admiro em qualquer obra de arte
(pintura, arquitectura, escultura, literatura, cinema, etc.), e que se
constituiu num elemento importante e decisivo do meu processo analítico, e que
defino assim: “A obra de arte, em todas as artes, tem de superar a realidade visível,
que ela imediatamente exibe, e obrigar o pensamento a migrar para outros construções
mentais, quanto mais misteriosos e enigmáticos melhor, e que a obra não refere
explicitamente. E, ao olhar pela primeira vez para “mancha negra”, o meu
pensamento deslocou-se da tela e voou ao sabor da imaginação, à procura do
significado daquela mancha, apenas sustentada, num equilíbrio delicado, por
frágeis suportes e por curtas linhas rectas cruzadas, que transmitem ao
conjunto um enquadramento esteticamente perfeito.
Alexandre
de Castro
2014 11 09
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Poderá ver aqui os trabalhos do Afonso, assim como a
minha abordagem crítica e três comentários de leitores.