óleo -Gustavo
Poblete Catalan.
Imagem selecionada pela autora.
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"De frente para os
versos"
De
frente para os versos
entro
no quarto do poeta.
Está
sentado numa nuvem. Os olhos,
duas
tochas acesas nos vidros das ruas.
Minha
mãe, no camião das vozes, uma estrela
de
modos silenciosos, noviça de futuro.
E
vai deixando tombar nas mãos de meu pai
uma
criança, uma gazela, e a manhã branca
coroada
de rosas.
Lá
fora, se não fora o vento e os gomos de junho,
cada
fruto cairia dentro de si.
Em
foco,
a
luz do poeta nos ombros de Deus,
para
medir a solidão do mundo.
maria azenha
Nota: Este poema
transporta-nos, em convulsão, para um universo etéreo de emoções, que vão desde
a puríssima ternura da manhã branca coroada de rosas até à grandeza épica de um
poeta, que, nos ombros de Deus, mede a solidão do mundo.
Será também interessante transcrever um
comentário de um amigo da “poeta”, Citoyen du Monde, a propósito deste poema: Dois
sujeitos, o pai - o poema, a mãe - a poesia e o ofício de "medir a solidão
do mundo". Muito belo.
AC
A "poeta" Maria Azenha colabora neste blogue, publicando-se um poema seu, às quintas-feiras.
A "poeta" Maria Azenha colabora neste blogue, publicando-se um poema seu, às quintas-feiras.
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