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quinta-feira, 6 de junho de 2013

Poema: "De frente para os versos" - maria azenha

óleo -Gustavo Poblete Catalan.
Imagem selecionada pela autora.

"De frente para os versos" 

De frente para os versos 
entro no quarto do poeta. 
Está sentado numa nuvem. Os olhos, 
duas tochas acesas nos vidros das ruas.
Minha mãe, no camião das vozes, uma estrela 
de modos silenciosos, noviça de futuro.
E vai deixando tombar nas mãos de meu pai 
uma criança, uma gazela, e a manhã branca 
coroada de rosas.

Lá fora, se não fora o vento e os gomos de junho,
cada fruto cairia dentro de si. 

Em foco, 
a luz do poeta nos ombros de Deus,
para medir a solidão do mundo.

maria azenha 

Nota:  Este poema transporta-nos, em convulsão, para um universo etéreo de emoções, que vão desde a puríssima ternura da manhã branca coroada de rosas até à grandeza épica de um poeta, que, nos ombros de Deus, mede a solidão do mundo.
Será também interessante transcrever um comentário de um amigo da “poeta”, Citoyen du Monde, a propósito deste poema:  Dois sujeitos, o pai - o poema, a mãe - a poesia e o ofício de "medir a solidão do mundo". Muito belo.
AC

A "poeta" Maria Azenha colabora neste blogue, publicando-se um poema seu, às quintas-feiras.

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