De vestido de algodão vermelho, colar e saco de
pano ao ombro, era apenas uma das jovens manifestantes do Parque Gezi em
Istambul, mas facilmente se tornou um símbolo da resiliência turca, neste que
já é um dos movimentos sociais que certamente alterará o panorama político da
Turquia. Esta mulher de vermelho, que com toda a frontalidade estava na linha
da frente do protesto, bombardeada com gás lacrimogéneo, e mesmo assim de pé,
sem abdicar da sua luta, é hoje um rosto desta manifestação. Como ela, são
muitas as que enchem neste momento a Praça Gezi, e que sonham com uma Turquia
livre, longe da ditadura de Erdogan. Contudo a mulher de vermelho não
representa apenas um símbolo do que se está a passar na Turquia, representa
acima de tudo a face visível de quem combate a escassez de democracia que
assombra o mundo.
Porque esta mulher não tem idade, veste-se como
quer, é dona de si própria, é pro-ativa e combativa, é a mulher do progresso,
do hoje e do amanhã, num claro combate à sociedade machista e patriarca em que
vivemos, numa procura incansável pela democracia e justiça social.
Neste momento mais do que o destino do Parque
Gezi discute-se o destino da mulher e da democracia na sociedade turca e quem
sabe no mundo islâmico. Não fiquemos indiferentes a isso. Onde houver um
governo autoritário, uma troika, um fanático religioso, um fascista, um capitalista,
haverá sempre uma mulher de vermelho. Porque no final de contas, nós crescemos
ao ritmo da vossa violência, seja sob que forma for.
André Moreira
In
ESQUERDA NET
Sem comentários:
Enviar um comentário