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«Encontrará também aqui o leitor, para além dos
dados extensos, uma reflexão crítica e qualitativa destes dados. Quem trabalha,
como trabalha e como se organiza sindicalmente? Qual o papel da segurança
social na gestão dos desempregados e precários? Qual o valor do rendimento
transferido para o trabalho no 25 de Abril? E para a Segurança Social? Como é
que o fundo da segurança social é descapitalizado? Ter desempregados é ou não
vantajoso para a competitividade no sistema de produção atual? Há alguém de facto
excluído nesta sociedade? Ser pobre em Portugal significa o quê para além dos
números? Por exemplo, qual é a esperança média de vida com saúde em Portugal? O
que significa, económica, social e politicamente, quase 1 milhão de pessoas a
depender de subsídios vários (desemprego, desemprego parcial, RSI, etc.)?
Raquel Varela
Com Eugénio Rosa e Manuel Carlos Silva.
***«»***
Interessante! Nunca tinha pensado nesta questão
equacionada por Eugénio Rosa sobre a desigualdade percentual, em relação à
riqueza líquida criada, das contribuições das empresas de diversos setores de atividade, para
a Segurança Social. Empresas em que, percentualmente, os custos do
trabalho sejam muito elevados em relação ao produto final, como acontece, por
exemplo, nas indústrias transformadoras, maior será o valor percentual, em
relação à riqueza líquida criada, das contribuições dessas empresas para a
Segurança Social. Pelo contrário, empresas com custos de trabalho mais baixos,
como as empresas de eletricidade, o valor percentual daquelas contribuições, em
relação ao mesmo referencial, também será mais baixo, criando-se assim, sob uma
aparente igualdade de condições nas contribuições para a Segurança Social, uma
real desigualdade. Intencionalmente ou não, o sistema premeia as empresas com
maior inovação tecnológica e penaliza as que se apoiam numa mão de obra
intensiva, o que em termos de solidariedade social é questionável. Parabéns,
Raquel Varela, por mais um livro seu. Julgo que está a proceder a um importante
estudo de investigação sobre o Estado Social, numa perspetiva inédita e
original, o que permitirá conhecer melhor a sua natureza, a sua importância
social, a sua sustentabilidade, a sua estrutura de financiamento e de custos,
as suas potencialidades e as suas fragilidades, e cujas conclusões poderão ser
importantes para o decisor político.
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