Qualquer
semelhança daquele cujo nome não se pode pronunciar com uma pessoa é pura
coincidência. Ele é mesmo uma máquina de calcular com um parafuso a menos.
À
espera de Godot?
O
feitor que, em Portugal, representa os superiores interesses de um triunvirato,
especialista em agiotagem, falou ontem (03.05.2013) ao país. Apesar da
abundância e da qualidade, não citou poetas, nem sequer escritores; sem
engenho e desprovido da arte que, às vezes, ilumina um ou outro político, veio,
enfatuado com os despojos do Adamastor, ameaçar as pequenas caravelas que ainda
flutuam no nosso imaginário. A sua linguagem, há muito empobrecida pela
grandeza de números, que mal conseguimos abarcar, é rude e desapiedada,
desprovida de qualquer sentimento que não seja o que mora na frieza de uma
simples máquina de calcular. Não temos um primeiro-ministro que olhe o país
para além do apertado horizonte de duas atávicas mentiras: Andámos (servidores
do estado e aposentados) a viver acima das nossas possibilidades e não há
alternativa à austeridade. Era necessário que esta excelência, que ocupa a
residência oficial, se serve dos bens públicos e não dispensa as sumptuosas
mordomias, próprias de um país (muito) rico, se desse conta que o seu “passo”
apressado para o abismo, elegendo como alvos preferenciais os trabalhadores da
administração pública e os aposentados|reformados, arrasta consigo um país
inteiro. Perante a catástrofe do desemprego e de uma economia em recessão
galopante, preferiu o silêncio, enquanto esbracejava, uma e outra vez, contra o
Tribunal Constitucional, que pretende, sem sucesso, transformar em quimera,
bode expiatório (ou idiota útil) ao serviço do seu tenebroso projecto. Para
amanhã está prevista nova prelecção, desta vez, pelo homem que, segundo consta,
tem um traumatismo na mão, derivado dos murros com que tem presenteado a mesa
do conselho de ministros. Seria desejável, porque sociologicamente este governo
já não representa quem julga representar, que o Paulo, além dos murros, batesse
com a(s) porta(s) e deixasse o Pedro, seu parceiro de coligação, a falar
sozinho, esperando que se desmoronasse a partir dos seus pés de barro. Mas
neste jogo de espelhos que, definitivamente, estabeleceu o divórcio entre os
interesses do país e o desmesura dos políticos, com a bênção de Belém, a
dissertação que nos aguarda, bem poderia ser um milagre, mas tem mais o esboço
de um pesadelo. Veremos.
Joaquim Pereira da Silva
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