Páginas

terça-feira, 28 de maio de 2013

Notas do meu rodapé: Será a modernidade uma tragédia?


Num debate em que participei no Facebook, a propósito de uma discussão sobre os efeitos nefastos da nova sociedade de informação/comunicação e das novas tecnologias que a suporta, escrevi este comentário, que achei por bem partilhar com os leitores do Alpendre da Lua:

Estou cada vez mais ligado ao mundo, às pessoas, as que conheço e as que não conheço. No entanto, se morrer, ninguém irá dar conta! Anulamos-nos nas multidões invisíveis, que se escondem para lá dos ecrãs das televisões, dos telemóveis, dos computadores e das redes sociais. A solidariedade das sociedades só funciona por choques emocionais e não existe na sua forma racionalizada e organizada. Vivemos, há mais de vinte anos, no meio do turbilhão de uma revolução, que não é só tecnológica, mas a Humanidade acabará por a absorver positivamente, tal como aconteceu com a outra grande revolução que a antecedeu - a Revolução Industrial. Para compreender alguma coisa, o que será sempre insuficiente, temos de olhar para os ciclos longos da História da Humanidade, que abarcam várias gerações, e que registam o axioma invariável, porque permanente, da lei da mudança, com mais ou menos velocidade e intensidade. E neste nosso tempo, porque atingimos a Idade Global, em que se vive o instantâneo e em que a memória se satura, a mudança é muito intensa e veloz, e mais difícil de compreender, o que explica a dificuldade da respetiva adaptação. Mas existe um perigo. Um perigo que não vem da televisão, dos telemóveis, da Internet e das redes sociais. E esse perigo é a Guerra Global, que poderá levar a Humanidade à estaca zero. A atual crise económica e financeira, cuja gravidade não está a ser percecionada em plenitude (é uma crise que ainda não tem solução à vista) poderá desencadear a maior tragédia do planeta.

2 comentários:

Tais Luso de Carvalho disse...

Muito bom! Ainda ontem pensei nisso; é uma maneira diferente de destruição, e de agressão, que será muito pior. Focos isolados que acabam se unindo desencadeando a tragédia global. Está se alastrando.

Abraços!

Alexandre de Castro disse...

Obrigado, Tais Luso, pelo seu lúcido e oportuno comentário. Na realidade, o movimento tende a aglutinar os focos dispersos do descontentamento, que se juntarão, quando for o estômago a comandar o comportamento. Não tenho dúvida que, daqui a quatro anos, a Europa, que está a perder a competitividade em relação à China, estará em convulsão, como já esteve, por duas vezes, no século passado. O que está a passar-se nos países periféricos, irá alastrar para os países do centro e do norte, os mais ricos. Não se pode fazer futurologia, mas que vai acontecer qualquer coisa de grave, disso tenho a certeza.