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sexta-feira, 31 de maio de 2013

Falta de vagas no internato médico é hoje debatida na Assembleia


O parlamento vai hoje debater uma petição na qual os estudantes de medicina contestam a falta de vagas para o internato médico, essencial para exercer a profissão, e por isso defendem a redução das vagas nos cursos.
“Só se é médico com internato. É obrigatório que todos os que terminam o mestrado tenham a hipótese de ingressar no internato. Não podemos abrir vagas para estudantes que depois não podem completar a formação”, indicou à agência Lusa o presidente da Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM).
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Há falta de médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), porque os sucessivos governos tudo têm feito, em surdina, para limitar o seu acesso ao Internato Geral (sem o qual um licenciado em Medicina não pode exercer a respetiva atividade), bem como impedir a sua progressão na carreira, através de sucessivos concursos (que não se realizam), a fim de preencher as vagas dos médicos que vão saindo  do sistema. É pois falaciosa, quando os responsáveis políticos vêm justificar as insuficiências a este nível, aquela tentativa de fazer crer que a falta de médicos é uma causa e não uma consequência. 
A este propósito, vale a pena recordar aqui uma história, que ilustra bem a hipocrisia dos responsáveis governamentais, e que me foi contada, há uns anos, pelo primeiro presidente do Sindicato Independente dos Médicos. À margem de uma cerimónia oficial, aquele médico sindicalista abordara o antigo ministro da Saúde, Arlindo de Carvalho, do segundo governo cavaquista, no sentido de o alertar para a necessidade de ir abrindo concursos para a admissão de mais especialistas de Medicina Geral e Familiar (Médicos de Família), que se encontravam suspensos, a fim de prevenir previamente os hiatos geracionais, que inevitavelmente iriam ocorrer, quando a primeira fornada destes médicos viesse a reformar-se. Em tom informal, o ministro ter-lhe-ia confidenciado: "Oh, doutor! Cale-se com isso! É que, por cada médico introduzido no sistema, a despesa dispara logo, pois, ao respetivo vencimento, tem de somar-se a despesa do seu receituário".  
E foi esta visão redutora, e exclusivamente economicista, que norteou a ação de todos os ministros da Saúde posteriores, e que, depois, também acabou por vir a aplicar-se às especialidades hospitalares. 
Fica assim explicado, porque há falta de médicos. Fica assim explicado por que razão milhares de portugueses não têm Médico de Família, o que os obriga a terem de se sujeitar ao martírio matinal da extensa fila de espera, à porta dos seus respetivos centros de Saúde, para se inscreverem numa consulta avulsa do médico de turno, uma prática médica incorreta, já que, deste modo, não se forma um elo de continuidade na importante relação médico/doente, nem os elementos da história clínica poderão ser totalmente valorizados.

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