Amabilidade de João Fráguas, que enviou o vídeo
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A
música latino-americana, que, mais apropriadamente, deveria designar-se por
música afro-latino- americana, resultou dessa profunda miscigenação dos colonos
europeus com os descendentes dos
escravos africanos. A matriz da negritude entranha-se na língua do antigo
colono, no caso da língua castelhana, polindo-a da sua aspereza original. Já no
Brasil, operou-se a abertura das vogais, o que enriquece a tonalidade da linguagem
falada, mais desprendida e livre.
A
indolência arrastada do ritmo musical é uma herança inundada pela tristeza dos
antigos escravos, que foram arrancados à sua terra, metidos à força nos
negreiros para serem despejados como gado nas lotas, onde eram vendidos em
leilão. A escravidão humilhante e degradante a que foram sujeitos deixou uma
grande nódoa nos pergaminhos da moderna civilização ocidental, já desperta para
a modernidade, através do Humanismo renascentista e do iluminismo e, mais tarde, aprofundada pelo estatuto da universalidade da igualdade dos homens, através da Revolução Francesa. Foi necessário esperar três séculos para que os grihões fossem serrados e a cidadania fosse assumida. Ficou a lendária melodia musical, que nos encanta, na voz quente de Omara Portuondo e de Ibrahim Ferrer (já falecido).
AC
AC
2 comentários:
Boa memória viva
Música lindíssima...cumplicidade!
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