A coligação da Esquerda Radical (Syriza), que
esteve sempre à frente das sondagens, é a vencedora das eleições de hoje. O
Aurora Dourada (extrema-direita) está em terceiro lugar quando estão 52,59% dos
votos apurados.
***«»***
A agressiva política de austeridade, concebida
pela Alemanha e servilmente executada pela UE, sofreu uma clamorosa derrota. E
logo, pela via eleitoral, o que não deixa margem de manobra aos austeritários
do costume, que já não podem diabolizar quem não se perfila, em rigoroso
respeitinho, perante o seu totalitário pensamento único. É certo que nós ainda
não sabemos se Alexis Tsipras será capaz de manter a firmeza necessária para,
sem tibiezas e manobrismos, dar a cara pelos desafios que as suas promessas
eleitorais exigem, e que são difíceis. O povo grego vai querer resultados
palpáveis, ao nível das questões centrais, a renegociação da dívida e o fim da
penosa austeridade, uma austeridade selvagem e humilhante, que levou ao enriquecimento
dos mais ricos e ao empobrecimento dos segmentos populacionais mais
vulneráveis, incluindo as classes médias, que já vivem no limiar da pobreza. A
fome, na Grécia, não é uma metáfora. É uma realidade brutal, em expansão. Os
jornais já noticiaram os casos de mulheres grávidas sub-alimentadas e crianças
que vão em jejum para a escola.
O fracasso ou o êxito de Alexis Tsipiras será também o fracasso ou o êxito daquela parte da Europa que está a lutar contra as
políticas da austeridade, o que quer dizer que o futuro primeiro-ministro grego tem
uma dupla responsabilidade. Perante o povo grego, que o elegeu, e perante os
europeus da verdadeira esquerda (sem rebuços, excluo da definição de esquerda o
PS e todos os partidos filiados na Internacional Socialista, pela
simples razão de que fazem parte do problema e não da sua solução), que nele depositaram muitas expectativas.
Sem comentários:
Enviar um comentário