Exportações
aumentam apenas 1,7%, importações crescem 3,3%
As exportações de bens aumentaram apenas 1,7% em
termos acumulados e nominais no período de janeiro a novembro de 2014 face aos
mesmos 11 meses de 2013, indicou hoje o Instituto Nacional de Estatística
(INE). As importações engordaram 3,3%.
… Já as importações totais acumuladas
até novembro mantiveram o ritmo na casa dos 3%. De janeiro a novembro de 2014
comparado com igual período do ano precedente, o aumento foi de 3,3%.
Assim, até novembro, Portugal exportou no total
dos 11 meses em análise 44,4 mil milhões de euros, mas comprou ao estrangeiro
54,1 mil milhões de euros, o que coloca o défice comercial (diferença
entre exportações e importações) nos 9,6 mil milhões de euros.
Ora, isto representa uma degradação da posição
externa já que o mesmo défice de 11 meses em 2013 foi de 8,6 mil milhões. Há,
pois, uma deterioração de mil milhões.
***«»***
O programa de ajustamento da troika partiu do enganador pressuposto
de que a sustentabilidade da economia portuguesa seria conseguida, a médio
prazo, com uma aposta vigorosa no aumento das exportações de bens e serviços e
na desvalorização salarial (na altura, não assumida diretamente), através da
aplicação musculada de uma apertada política de austeridade, que então foi
anunciada como sendo de curta duração. A desvalorização salarial está a fazer o
seu percurso, atingindo já os vinte por cento, e sabendo-se também que a ideia
é atingir os trinta por cento, para que o respetivo nível salarial, terceiro-mundista,
permita obter a competitividade que o nível modesto de desenvolvimento
tecnológico não consegue. Mas, por sua vez, as exportações, depois de um
período de euforia inicial, que serviu para fazer o festim da glorificação do
governo, começaram a derrapar. Sem a Auto Europa e sem a Galp, a economia
portuguesa, devido ao seu atraso tecnológico, que impede um aumento do valor
acrescentado, não revela capacidade de ser competitiva, face ao exterior, mesmo
beneficiando da desvalorização salarial em curso. Por isso, na perspetiva dos
gestores, dos economistas neoliberais e dos políticos de direita, será
necessário aplicar mais austeridade. Trata-se de impor ao país uma política de
baixos salários, em vez de uma política de desenvolvimento, que é o que o país
precisa. Asfixia-se o país, em vez de o desenvolver.
No desenho do programa de ajustamento, na
avaliação da situação, foram cometidos dois erros. O primeiro diz respeito ao
leviano otimismo, por parte da troika
e do atual governo, em relação à evolução da economia europeia (principal destino das exportações nacionais), que outros
políticos e economistas, não enfeudados ao sistema, contestavam. Hoje, a
realidade mostra que a economia europeia está a passar por um período de
recessão, ao mesmo que existe a ameaça de entrar num grave e longo período
daflacionário, o que será um problema acrescido para Portugal e para a Grécia, países
que vão ter, a médio prazo, grandes dificuldades de financiamento externo.
Nesta perspetiva, o horizonte para a próxima
década apresenta-se muito sombrio para os portugueses, principalmente, para os
trabalhadores, desempregados e pensionistas.
AC
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