O secretário-geral do PS, António José Seguro,
assumiu esta quarta-feira o compromisso de, caso seja primeiro-ministro,
"criar as condições" para, numa primeira legislatura, acabar com os
sem-abrigo no país.
"Assumo este meu compromisso de no espaço
de uma legislatura criar as condições de modo a que os portugueses que vivem na
rua deixem de o fazer.
PÚBLICO
***«»***
António José Seguro, para se tornar credível,
deveria explicar aos portugueses onde é que vai arranjar dinheiro para acabar
com o problema dos sem-abrigo e inverter o ciclo depressivo da pobreza, tal
como já anda a prometer, sabendo nós que não será possível alterar a atual
política recessiva, enquanto não se fizer frente com firmeza aos abutres de
Bruxelas e de Berlim. Quem, num ato de submissão, aceita os termos da
intervenção do plano ajustamento (porque o PS assinou o Memorando de
Entendimento), e, mais recentemente, assinou o Tratado Orçamental não pode, em boa
verdade, afirmar que vai impedir, no futuro, a imposição de mais austeridade.
Matematicamente, a astronómica dívida do Estado português, para ser paga nas
condições que estão acordadas, exigirá cada vez mais o aumento da austeridade.
E António José Seguro nunca disse que - para garantir o crescimento económico (objetivo indispensável para pagar a dívida), a fim de conseguir formar excedentes orçamentais e um saldo líquido
externo positivo - é necessário obrigar os credores, os institucionais e os
privados, a aceitarem a reestruturação da dívida soberana (um perdão de uma
parte, a diminuição dos juros e o alargamento dos prazos de reembolso).
António José Seguro, tal como anteriormente José
Sócrates e Passos Coelho, anda a prometer aquilo que sabe não poder cumprir. A
mentira e a demagogia eleitoralista têm sido a suprema arte dos políticos do
arco da traição.
Promessas leva-as o vento...
6 comentários:
Toda esta austeridade, tem tido os mesmos efeitos de uma cheia, que inundou todo o país. Os que viviam nos pontos mais baixos, há muito perderam o abrigo. Para acabar com os sem abrigo, a quantidade de coisas que não tinham que acabar primeiro...
Com este tipo de demagogia, de quem apenas tenta obter um "ponto alto", para que nenhuma cheia o leve, não admira que cada vez mais haja abstenção no voto, ou voto nulo.
Bom dia, Alexandre.
Beijo
Uma excelente metáfora, esta, a das cheias dos rios, que retrata exemplarmente os diferentes níveis de exposição aos efeitos da crise dos vários grupos sócio-económicos, assim como os seus respetivos comportamentos e respostas.
Vale mais uma imagem, mesmo a expressa literariamente por uma metáfora, do que mil palavras de um discurso clássico.
Esqueci-me de agradecer este contributo da "poeta" Sónia M.
Beijos
Seguro ele próprio
um sem abrigo
Não lhe faria mal nenhum, antes pelo contrário, ensaiar a experiência, e, de caminho, levar o tipo do BPI.
Excelente texto.
Obrigado.
Cuidado com as abstenções, os votos brancos e nulos, que só servem os que estão "de alto". Alto lá com eles...
Um abraço
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