Os secretários-gerais da CGTP e do PCP
manifestaram-se hoje solidários com os milhares de reformados e pensionistas
que esta tarde protestaram em Lisboa contra os cortes nos salários e nas
pensões, os quais também lembraram os ideais de Abril.
"Estamos aqui para dizer que os
trabalhadores no ativo de hoje são os filhos destes homens e mulheres, destes
pais e mães, destes avós, e estamos com eles numa luta que é de todos",
afirmou o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, que esta tarde se juntou ao
protesto e saudou alguns idosos, distribuindo cravos vermelhos.
Arménio Carlos enalteceu o facto de "estes
homens e mulheres, ao contrário do que alguns pensavam, não estarem resignados,
nem tão pouco condenados a ficarem na exclusão e no isolamento".
Também o secretário-geral do PCP, Jerónimo de
Sousa, se juntou à manifestação e demonstrou a solidariedade do partido com
aqueles que estão a sofrer cortes nas reformas.
"Esta é uma manifestação, não só de
solidariedade, mas também de admiração. Creio que é caso único na Europa uma
manifestação em vários pontos do país de um setor que tem sido profundamente
fustigado por este Governo, por esta política, sujeito a sistemáticos cortes e
ao roubo das suas pensões e das suas reformas", afirmou Jerónimo de Sousa.
***«»***
Os dirigentes do Partido Socialista, e, principalmente,
o seu Secretário-geral, António José Seguro, primaram pela ausência, esta
tarde, na manifestação dos pensionistas e reformados, muitos deles militantes e
simpatizantes ou simples eleitores tradicionais daquele partido, que assim não puderam
rever-se no ideário político em que acreditaram até este momento. Naturalmente,
que se sentiram traídos e frustrados, pois é nestes momentos de veemente
protesto, que os dirigentes partidários devem estar presentes, junto dos seus
militantes e simpatizantes, e também dos seus eleitores. É muito provável que
alguns daqueles manifestantes do partido da rosa comecem a perceber que António
José Seguro apenas refere os reformados e pensionistas como pretexto para
atacar o governo de direita e para ganhar mais votos entre o eleitorado
descontente. Ele não está nada interessado em resolver os problemas deste
fragilizado grupo social, até porque não pode, devido ao seu secreto alinhamento
com a política dominante da UE (ele assinou o Tratado Orçamental). Ele apenas se aproveita do problema.
Sabe-se que António José Seguro não quer
estragar a sua imagem de político alinhadinho - no pensamento político e nos comportamentos - com o
figurino europeu do politicamente correto, que rejeita, de todo, o alinhamento em
manifestações de rua, consideradas pejorativamente de arruaças do povo miúdo. É
certo que António José Seguro, se comparecesse, também não saberia como deveria
comportar-se, ele que passou uma vida a treinar ao espelho as poses corretas de
um candidato a primeiro-ministro de Portugal. Não saberia onde meter as mãos e
hesitaria muito se levaria ou não a gravata. Outro problema que se lhe colocaria
seria o de participação ativa na entoação dos slogans. Não tenho dúvidas que se sentiria ridículo, e cheio de
medo que a Kaiser alemã começasse a rir-se, quando o visse naqueles propósitos,
na televisão.
AC
AC
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