À exceção dos partidos da coligação e seus
adeptos, há uma convicção generalizada de que é urgente renegociar as condições
da nossa dívida.
Não será porém fácil demover os credores,
ligados intimamente, como estão, aos grandes interesses económicos que dominam
toda a política ocidental. (...) Li uma entrevista com Marisa Matias, deputada
com assento no Parlamento Europeu. Foi como relatora desse órgão que participou
em reuniões com o Banco Central Europeu, de cuja administração obteve uma
resposta muito eloquente: As medidas impostas a Portugal alcançaram um
"indicador positivo", a baixa do custo do trabalho no País. Tão
honesta resposta revela bem a estratégia global da troika e portanto dos altos
interesses económico-financeiros que nos governam: baixar ao máximo os níveis
salariais dos países não industrializados, para que as empresas dos poderosos
tenham à sua disposição, em países permanentemente dependentes, um manancial de
mão-de-obra baratíssima.
António Catita
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Cercados pela economia dos EUA, com um maior
valor acrescentado, e pelas economias dos países asiáticos, principalmente a da
China, com baixos custos salariais, as economias mais robustas da Europa, com a
da Alemanha à cabeça, estão a promover aceleradamente, através da austeridade, a baixa dos custos unitários
do trabalho nos países do sul da Europa. Ou através da migração de
trabalhadores dos países mais pobres ou, no futuro próximo, deslocalizando meios de produção para
as economias destes países, os países ricos vão ver assim aumentada a sua competitividade.
Com esta reestruturação económica à escala
europeia, os desequilíbrios entre os países ricos e os países pobres tenderá a
agravar-se. Não serão as remessas dos emigrantes, que, a curto e a médio prazo, virão
atenuar os desequilíbrios de médio e longo prazo, provocados aos países da periferia, dos quais se destacam, principalmente, as futuras quedas da
natalidade, que irão marcar um destino duradouro de uma pobreza endémica e de um acentuado subdesenvolvimento.
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