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quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Economistas discutem sustentabilidade da dívida sem acordo sobre solução

Dados de 2013 (1)

Os deputados da Assembleia da República receberam hoje [ontem] vários economistas para debaterem a sustentabilidade da dívida pública portuguesa: o diagnóstico foi comum, mas as soluções para resolver o problema do endividamento divergiram.
Os especialistas hoje ouvidos na comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Administração Pública concordaram que é preciso que haja crescimento económico para inverter a trajetória da dívida da pública, mas uns defenderam que é também necessário reestruturar a dívida ao passo que outros advertiram para os perigos de tal solução.

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Façam lá os cálculos, se faz favor..

Eu gostava que os economistas neoliberais, aqueles que rejeitam a hipótese da renegociação e reestruturação da dívida pública, como solução para a ultrapassagem desta crise profunda da economia portuguesa, que está para ficar, e que, de forma unilateral, privilegiam a questão orçamental (despesa e défice), demonstrassem matematicamente, socorrendo-se de elementos estatísticos e partindo dos dados macro-económicos de 2013, qual o crescimento anual do PIB, em percentagem, que seria necessário obter para conseguir meios financeiros para pagar os juros da dívida (serviço da dívida) e a sua amortização, nos prazos acordados com os credores internacionais (FMI-UE-BCE). Segundo cálculos já realizados, o PIB nacional teria de crescer anualmente 3,5% a 4%, o que é manifestamente impossível, pois a economia portuguesa não tem arcabouço para tais objetivos ambiciosos. Os aumentos de produtividade conseguidos recentemente foram obtidos pela desvalorização salarial (cerca de 20 por cento), que permitiu ganhar competitividade externa e que se refletiu no aumento das exportações e não no aumento do valor acrescentado, o que não augura nada de promissor para o futuro.
Por outro lado, também não percebo o medo que os economistas neoliberais indígenas manifestam, quando se lhes fala de renegociação e reestruturação da dívida portuguesa. A Argentina, no princípio do século renegociou e reestruturou a sua dívida e saiu da recessão, salvando-se. A Alemanha, em 1953, tinha optado pela mesma solução, e é uma potência económica, embora esteja a perder vigor, atualmente. Eu julgo que estes economistas estão a defender mais as suas posições ideológicas e políticas, e até partidárias, do que as posições ancorados na ciência económica.
Façam lá os cálculos, se faz favor...

(1) Uma estimativa do Deutsche Bank publicada num artigo do Financial Times estima a dívida pública Portuguesa em cerca de 200 mil milhões de euros. [O Inseurgente]

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