Os deputados da Assembleia da República
receberam hoje [ontem] vários economistas para debaterem a sustentabilidade da dívida
pública portuguesa: o diagnóstico foi comum, mas as soluções para resolver o
problema do endividamento divergiram.
Os especialistas hoje ouvidos na comissão
parlamentar de Orçamento, Finanças e Administração Pública concordaram que é
preciso que haja crescimento económico para inverter a trajetória da dívida da
pública, mas uns defenderam que é também necessário reestruturar a dívida ao passo
que outros advertiram para os perigos de tal solução.
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Façam lá
os cálculos, se faz favor..
Eu gostava que os economistas neoliberais,
aqueles que rejeitam a hipótese da renegociação e reestruturação da dívida
pública, como solução para a ultrapassagem desta crise profunda da economia
portuguesa, que está para ficar, e que, de forma unilateral, privilegiam a
questão orçamental (despesa e défice), demonstrassem matematicamente,
socorrendo-se de elementos estatísticos e partindo dos dados macro-económicos
de 2013, qual o crescimento anual do PIB, em percentagem, que seria necessário
obter para conseguir meios financeiros para pagar os juros da dívida (serviço
da dívida) e a sua amortização, nos prazos acordados com os credores
internacionais (FMI-UE-BCE). Segundo cálculos já realizados, o PIB nacional
teria de crescer anualmente 3,5% a 4%, o que é manifestamente impossível, pois
a economia portuguesa não tem arcabouço para tais objetivos ambiciosos. Os
aumentos de produtividade conseguidos recentemente foram obtidos pela
desvalorização salarial (cerca de 20 por cento), que permitiu ganhar
competitividade externa e que se refletiu no aumento das exportações e não no
aumento do valor acrescentado, o que não augura nada de promissor para o
futuro.
Por outro lado, também não percebo o medo que os
economistas neoliberais indígenas manifestam, quando se lhes fala de
renegociação e reestruturação da dívida portuguesa. A Argentina, no princípio
do século renegociou e reestruturou a sua dívida e saiu da recessão,
salvando-se. A Alemanha, em 1953, tinha optado pela mesma solução, e é uma
potência económica, embora esteja a perder vigor, atualmente. Eu julgo que
estes economistas estão a defender mais as suas posições ideológicas e
políticas, e até partidárias, do que as posições ancorados na ciência
económica.
Façam lá os cálculos, se faz favor...
(1) Uma estimativa do Deutsche Bank publicada num artigo do Financial Times estima a dívida pública Portuguesa em cerca de 200 mil milhões de euros. [O Inseurgente]
(1) Uma estimativa do Deutsche Bank publicada num artigo do Financial Times estima a dívida pública Portuguesa em cerca de 200 mil milhões de euros. [O Inseurgente]
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