Líder do Syriza vai ser candidato à Comissão
pela Esquerda Europeia e pretende travar “catástrofe económica”.
É contra os “fanáticos do neoliberalismo” e para
acabar com a divisão entre ricos e pobres na Europa que Alexis Tsipras, o
líder da coligação de esquerda radical grega Syriza, quer avançar com uma
“frente antiausteridade” nas próximas eleições para o Parlamento Europeu (PE),
em Maio de 2014.
Num artigo de opinião publicado esta
quinta-feira no The Guardian, Tsipras assume a candidatura à Comissão Europeia,
que deverá ser ratificada no congresso da Esquerda Europeia, em Madrid, no
próximo mês. “Eu vou candidatar-me à presidência da Comissão Europeia pelo
partido da Esquerda Europeia, e essa decisão é motivada pelo desejo de reunir a
Europa e reconstruí-la sobre uma base democrática e progressiva”, revelou
Tsipras.
Referindo-se em primeiro lugar à “catástrofe
económica e humanitária sem precedentes” que se abateu sobre a Grécia, Tsipras
sublinhou que “a tragédia humana” não se limita ao seu país. “Europa fora os
salários foram reduzidos e o Estado social recuou a uma velocidade sem
precedentes no pós-guerra”, sustentou.
“Fanáticos do neoliberalismo viraram do avesso a
vida das pessoas normais. As suas políticas de ajustamento servem um modelo de
governação económica que transfere o risco para os ombros dos trabalhadores e
dos jovens”, afirmou Tsipras. As lideranças europeias são consideradas
“hipócritas” pelo líder do principal partido da oposição na Grécia, que alerta
para “a crescente crise de confiança na União Europeia (UE) na catastrófica
subida de popularidade dos partidos de extrema-direita”.
O nome de Alexis Tsipras como candidato à
Comissão Europeia foi proposto pela Conferência de Líderes do Partido da
Esquerda Europeia, que se reuniu no mês passado. O congresso, que vai decorrer
em Madrid entre 13 e 15 de Dezembro, deverá confirmar a sua candidatura.
Alexis Tsipras tornou-se num dos rostos mais
conhecidos da esquerda radical europeia quando o Syriza ficou em segundo lugar
nas eleições legislativas de 2011, ultrapassando o Pasok (Partido Socialista,
centro-esquerda).
O novo presidente da Comissão será escolhido
pelos chefes de Estado ou de governo da UE em Junho de 2014 e confirmado por um
voto do PE que sair das eleições europeias de 22 a 25 de Maio. Com as
reformulações introduzidas pelo Tratado de Lisboa, o PE ganha mais peso no
processo de decisão do presidente da Comissão, pelo que os partidos europeus
são encorajados a apresentar um candidato à sucessão de Barroso.
Até agora apenas o Partido dos Socialistas
Europeus confirmou que vai avançar com Martin Schulz, actual presidente do PE e
membro do Partido Social Democrata alemão. Este mês foi também anunciada uma
aliança de partidos eurocépticos, liderada pela Frente Nacional, de Marine Le
Pen, e pelo Partido da Liberdade holandês, de Geert Wilders, que têm o
objectivo de criar um grupo parlamentar europeu.
***«»***
Alexis Tsipras, o líder carismático grego, já nos
disse o que não quer. Fez o diagnóstico correto da situação, que nós já sabemos.
Falta-lhe dizer o que quer e prescrever a terapêutica, o que é mais difícil,
principalmente para quem ainda não compreendeu que o problema está no euro.
Neste particular, até se parece com António José
Seguro.
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