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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Notas do meu rodapé: Trata-se de um mitigado crescimento não sustentado


Economia voltou a crescer no terceiro trimestre
Depois de, ao fim de dez meses de contracção, ter interrompido a recessão técnica no segundo trimestre do ano, a economia portuguesa voltou no terceiro trimestre a crescer, anunciou esta quinta-feira o Instituto Nacional de Estatística.
Entre Julho e Setembro, o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 0,2% face aos três meses imediatamente anteriores. No segundo trimestre do ano, o crescimento em cadeia tinha sido de 1,1%. Portugal consegue, assim, suster a tendência de retoma iniciada em Abril.
Ainda assim, o PIB continua a estar a um nível inferior ao verificado no mesmo período do ano anterior. A contracção do PIB em termos homólogos foi de 1% no terceiro trimestre do ano, mesmo assim, uma melhoria significativa face à queda de 2% no segundo trimestre (valor que foi agora revisto contra 2,1% da anterior estimativa do INE). Pelo Governo e a troika é esperada uma contracção de 1,8% no conjunto do ano.
PÚBLICO

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Trata-se duma gota de água, no meio de um oceano de marasmo económico. Esta ligeira recuperação do consumo interno deveu-se sobretudo ao aumento de importações de produtos para incorporar em produtos para exportar (setor automóvel e indústria petrolífera) - importações estas, cujo valor não entra no cálculo do PIB - e não ao aumento do rendimento disponível das famílias, que continua a pressionar negativamente aquele componente da estrutura do PIB. É o que se deduz, quando o INE informa que a procura externa líquida (exportações menos importações) deixou de ser tão positiva. No próximo ano, quando as novas medidas de austeridade se fizerem sentir, esta ilusão estatística, em relação ao consumo interno, deixará de aparecer, pois a sua previsível queda, induzida pela diminuição do poder de compra das famílias, anulará o efeito do consumo de produtos importados para incorporar em produtos para exportar.
E a particularidade desta situação estatística do terceiro trimestre  deste ano, leva-me a estabelecer um conceito ao nível da classificação das exportações, e que os economistas deveriam trabalhar, até para desmascarar este plano de ajustamento da troika, que baseou presunçosamente a recuperação económica do país, exclusivamente no aumento das exportações, desvalorizando, com a insana austeridade, o consumo interno. E o conceito referido aponta para a distinção entre as exportações que, maioritariamente, incluam matérias primas e produtos intermédios de origem nacional (as boas exportações), e as exportações que, maioritariamente, incluam matérias primas e produtos intermédios de origem estrangeira (as exportações menos boas). Em relação ao investimento estrangeiro aquela distinção já se faz, considerando-se melhores os investimentos com maiores potencialidades de acrescentar valor ao produto (caso da Auto Europa).
AC

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