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quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Poema: As mães trazem dentro todo o mar - por Maria Azenha

Cristina Gauer | Mãe e filho

As mães trazem dentro todo o mar

As mães trazem dentro todo o mar   Alongadas nas casas
com movimentos perpétuos não param de escutar
as tempestades vindas da profundidade das águas
Elas vivem suspensas da matéria até ao dia em que nascem e
quando entoam cânticos ocupam todos os lugares da Terra Ficam por detrás das portas
para as abrir e fechar como lâmpadas em moradas
Iluminadas por construções de crianças Que hão de vir dos corações das corolas
Constroem filhos de fogo Para o próprio mundo arder em flamas
Uma construção de nove meses é um poema que cai no avesso da alma
As mães aprendem a chorar com os lagos nas esferas da solidão de deus
Brotam da terra com espelhos de beleza em todo o lado E os mortos
descem através das paredes E cantam canções de vento em estrelas e nebulosas
Quando dormem estão terrivelmente mortas as mães Levantando a água dos bosques
Com pequenas flores nos dedos E aves voando para fora da boca noturna dos lagos
As mães são o que sobra de deus Do lado absolutamente feminino da escuridão

© maria azenha
***«»***
O que posso eu escrever sobre este encantamento das palavras, que aqui ganham ressonâncias e ecos?!
Vergo-me ao peso da Maravilha!

A "poeta" maria azenha colabora regularmente no Alpendre da Lua.

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