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Os pés de Dante (**)
Ao meu sobrinho João (*)
As estrelas cantaram
quando os homens as inventaram
pelo olho de telescópios dourados
pousados nos telhados.
Cantaram e dançaram contra as nuvens da
noite
que rasgaram com a sua luz cósmica.
E o mais pequeno átomo daquela poeira
incandescente
ficou na tua mão, acabada de se
desprender do céu,
onde seguravas todas as luas dos
planetas.
Subiste todas as escadas das várias
equações
que para ti eram ainda poemas de Dante
quando ele saltitou pelas brasas do
inferno,
como se andasse a pisar uvas.
E aquele átomo iluminou-te por dentro
e abriu todos os livros dos Sábios
ao teu encantamento
e tu, por um momento,
pensaste que tinhas chegado ao
firmamento das galáxias
e começaste a contar as estrelas,
uma a uma
como se fossem grãos de areia de um
deserto.
E as tuas mãos saltitavam como os pés
de Dante…
Alexandre de Castro
Lisboa, Outubro de 2013
(*) No seu Doutoramento
(**) Título inspirado no título de um
poema de Maria Azenha,
"Num sapato de Dante".
3 comentários:
Quando chegar ao fim, é apenas o começo.
Belo!
Bom fim de semana, Alexandre.
Obrigado, Sónia.
Bom fim de semana.
Obrigado Tio! É uma honra ser presenteado com tal poema.
João
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