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O pesadelo ainda não terminou. Agora, com outras
armas, as armas da morte lenta!...
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Um dos melhores poemas sobre a Guerra Civil de Espanha (1936-39) foi escrito por um poeta
português: Reinaldo Ferreira.
A que morreu às portas
de Madrid
A que morreu às portas de Madrid,
A que morreu às portas de Madrid,
Com
uma praga na boca
E
a espingarda na mão,
Teve
a sorte que quis,
Teve
o fim que escolheu.
Nunca, passiva e aterrada, ela rezou.
Nunca, passiva e aterrada, ela rezou.
E
antes de flor, foi, como tantas, pomo.
Ninguém
a virgindade lhe roubou
Depois
de um saque – antes a deu
A
quem lha desejou,
Na
lama de um reduto,
Sem
nausea, mas sem cio,
Sob
a manta comum,
A
pretexto do frio.
Não quis na rectaguarda aligeirar,
Não quis na rectaguarda aligeirar,
Entre
champagne, aos generais senis,
As
horas de lazer.
Não
quis, activa e boa, tricotar
Agasalhos
pueris,
No
sossego de um lar.
Não
sonhou minorar,
Num
heroísmo branco,
De
bicho de hospital,
A
aflição dos aflitos.
Uma
noite, às portas de Madrid,
Com
uma praga na boca
E
a espingarda na mão,
À
hora tal, atacou e morreu.
Teve
a sorte que quis.
Teve
o fim que escolheu.
Reinaldo Ferreira
(1922-1959)
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