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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Discurso da líder da Juventude Internacional Socialista torna-se viral

(Discurso completo) Beatriz Talegón: Revolución desde un hotel de 5 estrellas  

Beatriz Talegón, de la Unión Internacional de Juventudes Socialistas, pone los puntos sobre las íes a líderes socialistas de todo el mundo acusándoles de ser los responsables de la grave situación actual, mientras estaban reunidos en un hotel de cinco estrellas en Cascais para celebrar el encuentro del Consejo de la Internacional Socialista
"Me sorprende mucho cómo pretendemos remover la revolución desde un hotel de cinco estrellas en Cascais, llegando en coches de lujo. Me pregunto de verdad si nosotros podemos darle a los ciudadanos una respuesta cuando vosotros, líderes políticos, les decís que los entendéis, que sufrís porque somos socialistas. ¿De verdad sentimos ese dolor aquí dentro?, ¿de verdad podemos entender lo que estamos pidiendo al mundo desde un hotel de cinco estrellas?"
"Desgraciadamente, no hemos sido los socialistas del mundo los que hemos animado a la gente a salir a la calle ni a movilizarse, y lo que debería dolernos es que ellos están pidiendo democracia, están pidiendo libertad, están pidiendo fraternidad, están pidiendo una educación pública, una sanidad pública y nosotros no estamos ahí".
"Vosotros, líderes, mal llamados líderes porque sois los responsables de lo que está pasando".
"Luego os llenaréis la boca en vuestros discursos hablando del desempleo juvenil, de que os preocupan mucho los jóvenes: no os preocupamos en absoluto porque nos tenéis aquí y ni siquiera venís a preguntarnos cuál es nuestro punto de vista".
"Tenemos mucho que decir porque a la gente le interesa saber qué piensan los jóvenes, porque somos nosotros los que estamos pagando las consecuencias de vuestra acción o de vuestra falta de acción".
Vital Aza (You Tube)
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Beatriz Talegón alega que "a esquerda" passou a estar ao serviço das elites, "dança com o capitalismo" e é "burocrática".
Um vídeo com a intervenção da secretária-geral da União Internacional de Jovens Socialistas durante a reunião da Internacional Socialista (IS) em Cascais, na semana passada, onde tece duras críticas aos líderes socialistas, tornou-se viral em Espanha, está a ser muito partilhado em Portugal e, via redes sociais, a chegar à América Latina.
Na intervenção em Cascais, referiu-se ao que considera ser a crescente distância entre os dirigentes e as forças socialistas e a geração mais jovem, criticando a contradição entre o luxo da própria reunião e o elevado desemprego ou a contestação nas ruas de Espanha. Exigindo que as contas da IS não sejam um “mistério”, recusou que os militantes jovens só sirvam para “aplaudir” e acusou os dirigentes de serem em parte “os responsáveis pelo que está a acontecer” e de não lhes preocupar “em absoluto” a situação.
“O que nos deveria doer é que eles estão a pedir democracia... e nós não estamos aí”, afirmou a jovem de 29 anos, referindo-se à falta de apoio das lideranças para os jovens que protestam nas ruas. “Não nos querem escutar”, disse, considerando que “a esquerda está agora ao serviço das elites, dança com o capitalismo, é burocrática”. “Tem perdido completamente o norte, a ideologia, a conexão com as bases. E isso é algo que a esquerda não se pode permitir.”
À propagação do vídeo de Cascais, os cibernautas da esquerda não afecta ao PSOE está a responder com a carta aberta que Julián Jiménez, um antigo dirigente local da Juventude Socialista espanhola, dirigiu a Beatriz Talegón nesta terça-feira. O professor de 29 anos acusa a antiga companheira no Partido Socialista espanhol – que abandonou em 2009, em desacordo com o rumo político do Executivo de José Luis Zapatero – de estar apenas a autopromover-se.
Num longo texto, Jiménez lembra que, quando em 2009 se apresentou publicamente com um discurso de teor idêntico ao de Talegón, foi criticado dentro do PSOE, incluindo pela própria Beatriz, que depois o terá acusado de “deslealdade” após a dissidência. “Ao ouvir-te hoje, querida Beatriz, não pude deixar de me lembrar daqueles comentários que deixaste na minha rede social quando tomei aquela decisão”, escreve. “Aqueles em que falavas de lealdade, de que ser socialista era defender a política do PSOE quer gostes ou não, de que criticar o que agora criticas tu era deslealdade.”
“Queria acreditar em ti, cara ex-companheira, mas não posso fazê-lo. Creio recordar que trabalhavas então em Bruxelas, para o partido a nível europeu. Por que não foste rebelde naquele momento? Quem conhece o podre funcionamento do PSOE sabe que um rebelde nunca chega a um cargo de tanta responsabilidade como o de dirigente da União Internacional de Jovens Socialistas”, atira Jiménez, enumerando depois um conjunto de críticas aos últimos anos do governo socialista e os entendimentos com o PP de Rajoy.
O jovem activista diz acreditar “sinceramente” que o discurso de Talegón é “mera pose” dirigida aos “incautos de boa-fé”, para que vejam nele “um ar fresco que, honestamente, não existe no PSOE”.
PÚBLICO
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Ontem, fiquei agarrado à cadeira, ao ler um empolgante e grandioso poema. Hoje, fiquei novamente agarrado, ao ouvir as cáusticas acusações da jovem dirigente da União Internacional das Juventudes Socialistas, Beatriz Talégon, na reunião da  Internacional Socialista (IS), em Cascais, que, de uma maneira clara e objetiva, desmascarou a hipocrisia dos partidos socialistas, acusando-os de fazerem o jogo do capitalismo. Comecei a desamarrar-me da cadeira, quando comecei a ler a Carta Aberta do dissidente do PSOE,  Julián Jiménez, que acusava Beatriz Talegon de oportunismo. 
Não sei qual dos dois tem razão, já que, neste momento, isso pouco interessa. Interessa-me sim, dando razão a Beatriz Talégon, a denúncia do posicionamento dos partidos socialistas na atual crise financeira da Europa e, particularmente, da dos países periféricos. A sua ação em pouco se diferencia da ação dos partidos da direita. Incidem nos mesmos erros e utilizam a mesma metodologia. Na oposição, prometem o céu e, quando no governo, abrem as portas do inferno. O percurso dos partidos socialistas da Espanha, da França e, principalmente, os da Grécia e de Portugal, é um rosário de cedências à ditadura do capitalismo financeiro e à chantagem das várias instituições da UE, a sua maior expressão política. Não podem dizer que não tiveram culpas na eclosão da atual crise, assim como, por outro lado, ainda não ofereceram aos cidadãos uma alternativa credível para dela sair. Na Grécia e em Portugal, associaram-se aos partidos da direita, para permitirem que os seus países fossem tutelados pela troika, quando, na realidade, havia outras alternativas que não comprometeriam o desenvolvimento económico nem ameaçariam o Estado Social.
Mas, por outro lado, também não posso deixar de dar razão a Julián.Talégon, a acreditar no factos que ele apresenta, e que não foram desmentidos por ninguém, em Espanha. O que não falta aos partidos socialistas é a existência, no seu seio, de aventureiros e oportunistas, que se servem da política para, exclusivamente, se servirem a si próprios. 
Os partidos socialistas europeus têm um problema importante para resolver: a sua identidade socialista. E é uma contradição de termos erguer a palavra socialismo, ao mesmo tempo que, na prática, se adotam as práticas do neoliberalismo.Socialismo e neoliberalismo são como a água e o azeite. São realidades imiscíveis.  

2 comentários:

José Gonçalves Cravinho disse...

Mas a Internacional Socialista com Sede na terra dos Lordes,quando muito será Social Democrata,pois os Partidos nela representados até optam pelo Liberalismo económico e financeiro em que cada qual se safa como pode e quando estão no Governo procedem de modo a que,como sucedeu com o PSOE,o Povo desiludido vai depois votar na Direita,como sucedeu também com o Partido Trabalhista do sorridente Blair.
Na Holanda,o Partido Trabalhista que em tempos que já lá vão até cantava a Internacional,coligou-se
com o Partido Liberal.

Alexandre de Castro disse...

Tem razão, Gonçalves Cravinho. Falta aos partidos da Internacional Socialista a assumpção da identidade socialista e a renúncia clara do neoliberalismo.