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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Opinião: O 31 de Janeiro de 1891 - por Carlos Esperança

Fotografia do Movimento Revolucionário 5 de Outubro
O 31 de Janeiro de 1891

Em Portugal, nos finais do século XIX, na ausência de soluções para a crise económica, social e política, a monarquia agonizava. Depois da conferência de Berlim, em 1885, o projeto português de ligar Angola a Moçambique colidiu com o plano inglês de ligar o Cairo ao Cabo (África do Sul).
A disputa do território africano que ficaria conhecido por mapa cor-de-rosa culminou com o Ultimatum, imposição do império inglês a Portugal, tão humilhante que inflamou o fervor republicano e o ódio ao trono e à Inglaterra.
Os ideais republicanos continuaram a seduzir os portugueses e a ganhar força à medida que a monarquia se esgotava, a pobreza aumentava e o sentimento coletivo, de vergonha e ressentimento, se acentuava.
«A Portuguesa» foi o hino que surgiu do rancor generalizado que cada vez mais se identificou com as aspirações republicanas que germinavam nos quartéis, na maçonaria e nos meios académicos. O Partido Republicano, até aí pouco expressivo, cresceu em adesões e consistência.
Entre os militares destacavam-se os sargentos no fervor republicano donde viria a surgir a primeira tentativa de implantação da República. Coube ao Porto a honra desse ensaio falhado que contou com alguns oficiais em que se distinguiu o alferes Malheiro e, ainda, o capitão Leitão e o tenente Coelho.
Com a banda da Guarda-Fiscal à frente, os militares republicanos avançaram ao som de «A Portuguesa» e assaltaram o antigo edifício da Câmara do Porto de cuja varanda, perante o entusiasmo da população que se juntou ao movimento, se ouviu o discurso de um dos lideres civis da revolta, Alves da Veiga, que proclamou a República.
Falhado o objetivo de ocupar o Quartel-General e o edifício do telégrafo, donde se anunciaria a todo o País a proclamação da República e a deposição da Monarquia, o movimento soçobrou perante a Guarda Municipal.
A semente dos revoltosos de 31 de Janeiro de 1891 frutificou em 5 de Outubro de 1910. Eles foram protagonistas de uma derrota que esteve na origem da vitória que triunfaria quase duas décadas depois.
Foi há 122 anos mas a memória histórica dos protagonistas do 31 de Janeiro está viva e é dever honrá-la.
O MR5O comemora amanhã, em Mira, com um jantar aberto a todos os republicanos, a data do sonho que teve de esperar. E… o sonho comanda a vida e… a História.
Viva o 31 de Janeiro!
Viva a República!
Carlos Esperança
Publicado na página do Facebook do Movimento Republicano 5 de Outubro.