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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Notas do meu rodapé: José Sócrates ainda tem condições para continuar como primeiro-ministro?


Já foi dito aqui, no Alpendre da Lua, que as escutas telefónicas do processo Face Oculta, que envolvem o primeiro-ministro José Sócrates, apesar de não terem tido validade jurídica, por decisão, aliás controversa, do presidente do Supremo Tribunal de Justiça, adquiriram, contudo, importância política, o que exigiria que tivessem sido analisadas e discutidas a esse nível.
Também aqui foi dito, várias vezes, que Portugal não poderia ter um primeiro-ministro sob suspeita permanente, tantos foram os casos em que o seu nome apareceu associado à eventual prática de ilícitos criminais, cujos indícios eram evidentes.
Hoje, com a oportuna divulgação, pelo semanário Sol, do teor dos despachos dos magistrados de Aveiro, que, extraindo certidões do processo Face Oculta, requereram a abertura de um inquérito autónomo para averiguar a interferência do governo, nomeadamente do primeiro-ministro, no sector da comunicação social, com intenção de a controlar e de despedir os jornalistas incómodos, foram muitas as pessoas que vieram à praça pública abordar a melindrosa questão nos mesmos termos.
A partir de hoje, por muito que isto custe aos dois mais altos magistrados do sistema da Justiça, já desacreditados perante a opinião pública, o assunto transitou para a política, o que obriga a pedir aos deputados da oposição e ao Presidente da República a assumpção das suas responsabilidades, sem pruridos, sem disfarces e sem tibieza. O primeiro ministro tem de ser confrontado com as suas condenáveis atitudes e com as suas mentiras, e aqueles dois órgãos de soberania têm de decidir, através das competências de cada um deles, se José Sócrates tem condições para continuar a ser primeiro-ministro de Portugal.

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