Jaime Gama preocupado com a credibilidade do primeiro-ministro
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Depois da dramatização e da ameaça
de uma crise política, o PS teme agora
um problema chamado José Sócrates.
O incómodo provocado pela divulgação
das escutas do processo Face Oculta
(as já noticiadas pelo Sol e as que o
semanário promete revelar na sexta-feira),
e que atingem a credibilidade do
primeiro-ministro, já se faz sentir ao mais
alto nível do Estado. Ao que o PÚBLICO
apurou, o presidente da Assembleia
da República (AR), Jaime Gama, já
manifestou a sua profunda preocupação
com os efeitos que as notícias podem vir a
ter no Governo, no PS e na liderança do partido.
PÚBLICO
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Este toque a rebate de Jaime Gama só peca por tardio. Em nenhum país desenvolvido seria permitido manter em funções um primeiro-ministro envolvido em tantos casos de legalidade duvidosa. Por situações menos graves, nesses países, primeiros-ministros, ministros, deputados e dirigentes partidários tomaram a decisão de se demitir, porque perceberam a tempo a quebra da sua credibilidade perante as suas opiniões públicas. E era esse gesto que José Sócrates deveria ter tomado logo, no caso do Freeport, onde o seu nome apareceu associado a práticas de corrupção.
Também os mais influentes dirigentes socialistas não projectaram em tempo útil os nefastos efeitos políticos, de longo prazo, para o país e para o seu partido, ao insistirem no apoio cego e irracional a um líder sobre o qual recaiam graves suspeitas de comportamentos incompatíveis com o exercício do cargo de primeiro-ministro. Durante a legislatura anterior, José Sócrates gastou mais tempo a defender-se das acusações fundadas, que sobre ele recaíam, do que a governar.
Chegou-se agora ao ponto de saturação. O incómodo dentro do Partido Socialista começa a ser grande. Por outro lado, a opinião pública, alarmada, resolveu retirar o benefício da dúvida a um primeiro-ministro que mentiu ao país, tal como o teor dos despachos dos magistrados de Aveiro revelam. É impossível adiar por mais tempo a decisão de obrigar José Sócrates a demitir-se ou a ser demitido. Os custos políticos do seu afastamento serão sempre menores dos que adviriam, caso ele, teimosamente, se mantivesse no poder. Como se disse aqui, por várias vezes, o país não pode ter um primeiro-ministro sob suspeita permanente.
http://publico.pt/Política/jaime-gama-preocupado-com-a-credibilidade-do-primeiroministro_1422053
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