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quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O governo quer “matar” os processos de avaliação

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O governo quer “matar” os processos de avaliação

Ao desvincular os funcionários públicos, que ocupam cargos de direcção, das repercussões dos resultados da avaliação na progressão da sua carreira, permitindo que, automaticamente, “a subida na escala salarial não dependa da avaliação do desempenho correspondente”, o governo desferiu um golpe mortal na credibilidade deste importante instrumento da gestão dos recursos humanos.
Além de injusta e imoral, para os restantes trabalhadores da função pública, cuja progressão depende, muito justamente, da avaliação de desempenho, esta discricionária medida agride um dos princípios fundamentais em que se apoia um qualquer processo de avaliação, que se pretenda justo, rigoroso, independente, motivador e não repressivo, transparente e pró-activo.
Para evitar o nepotismo, o favorecimento pessoal e a irresponsabilidade das chefias, aquele irrecusável princípio estipula que, qualquer avaliador, que terá de ser o imediato coordenador (chefe hierárquico), também será obrigatoriamente avaliado pela forma como avalia os seus subordinados, ao mesmo tempo que subordina parte do seu próprio desempenho ao desempenho global da equipa, tornando-o co-responsável pelos seus sucessos e insucessos. Se esta vinculação de co-responsabilidades não for respeitada em toda a cadeia da hierarquia, apenas terminando nos titulares de cargos, onde começa a responsabilidade política, que compete aos eleitores avaliar, o processo começa a ficar inquinado por falta de transparência, de equidade e de credibilidade, e os efeitos serão tanto mais devastadores, quanto mais elevado for o patamar, onde essa co-responsabilização na avaliação e no próprio desempenho não seja respeitada.
E este governo, que não está minimamente interessado em implementar um processo de avaliação dos funcionários públicos, sério e honesto, que dá muito trabalho e exige muita competência, procura apenas fazer reverter politicamente, para seu benefício, os efeitos de um arremedo de um processo, que funciona apenas como “fachada”.

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