Os crimes de fraude fiscal qualificada e de falsificação de documento, alegadamente cometidos por António Preto, um conhecido militante do PSD e um protegido de Manuela Ferreira Leite, teriam ocorrido em 2002. Em 2005, a acusação foi concluída. Estranhamente, o julgamento só irá realizar-se em 27 de Novembro deste ano.
A morosidade dos julgamentos dos crimes de colarinho branco, que envolvem políticos e autarcas, ao constituir uma excrescência do sistema judicial, levanta legítimas suspeitas ao cidadão comum, que cada vez mais acredita na parcialidade da justiça, e no conúbio existente entre os diversos poderes do Estado, para que os seus principais agentes gozem de uma indigna e anacrónica impunidade. As investigações arrastam-se a passo de caracol, e o recurso a todas as subtilezas consentidas pela lei consegue ultrapassar prazos e esvaziar o sentido de oportunidade da aplicação da justiça. Com uma tal dilatação temporal, acontece que as testemunhas acabam por se esquecer de factos importantes para fazer prova em juízo, e, algumas delas, até acabam por morrer. As sucessivas reformas, introduzidas no Código Penal e no Código do Processo Penal, têm permitido, com uma intencionalidade evidente, proteger os políticos, colocando os crimes em que normalmente incorrem debaixo da alçada da pena suspensa.
E eu acredito que, nos tempos mais próximos, não iremos ver nenhum político na cadeia.
1 comentário:
Parece-me que foi marcado para 27 de Outubro
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