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quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Poema: A uma mulher de nome Joana - por maria azenha

Óleo - Daehyuk Sim
Imagem selecionada pela autora

A uma mulher de nome Joana

Dói este silêncio.
Esta montra d’água de luz insuportável.
E Deus vem
de vez em quando
abrir vogais na garganta

Com uma voz que logo arde
toquei a sua mão
que me conduz aos templos.

Moveu-se a grande porta dos segredos
com cerejas negras nos ouvidos
para atravessar a escuridão
de algumas páginas.

Ela entrava
pelas doze cordas da casa
com palavras sinuosas,
às dos condenados semelhantes
que se prendiam a estacas febris.

Que centro imóvel
vive agora
por detrás dos lagos?

Há uma faca que abre ao meio os sinos
e o nome das pedras
vem logo por dentro.

Há silêncio apenas.

Com os olhos cegos que ainda abrasam
vi uma gazela
ajoelhada na neve,
e estremeci.

Lá estava uma pedra a pedir perdão
e junto à pedra um barco
e as águas das trevas bateram-me nos ombros.

Em volta do seu nome aglomeram-se orquídeas
coroando a fronte.

Parece que tombam de jardins azuis
e se erguem pela casa
num último suspiro.

Tem sede de rosas brancas debruçadas sobre a ponte.

E o grande arquiteto escreve,
à custa do meu nome,
a errância da morte.


Maria Azenha

Nota: Limito-me a deixar uma simples frase, para classificar este e outros poemas de Maria Azenha: um verdadeiro delírio metafórico, a erguer-se sobre as palavras de uma catedral gótica.

A "poeta" Maria Azenha colabora neste blogue, publicando-se um poema de sua autoria, às quintas-feiras. 

1 comentário:

Mar Arável disse...

Uma vez mais

o equilíbrio
na assimetria
das pedras
que falam alto
nas escarpas