Óleo -
Daehyuk Sim Imagem selecionada pela autora |
A uma mulher de nome Joana
Dói este silêncio.
Esta montra d’água de luz insuportável.
E Deus vem
de vez em quando
abrir vogais na garganta
Com uma voz que logo arde
toquei a sua mão
que me conduz aos templos.
Moveu-se a grande porta dos segredos
com cerejas negras nos ouvidos
para atravessar a escuridão
de algumas páginas.
Ela entrava
pelas doze cordas da casa
com palavras sinuosas,
às dos condenados semelhantes
que se prendiam a estacas febris.
Que centro imóvel
vive agora
por detrás dos lagos?
Há uma faca que abre ao meio os sinos
e o nome das pedras
vem logo por dentro.
Há silêncio apenas.
Com os olhos cegos que ainda abrasam
vi uma gazela
ajoelhada na neve,
e estremeci.
Lá estava uma pedra a pedir perdão
e junto à pedra um barco
e as águas das trevas bateram-me nos ombros.
Em volta do seu nome aglomeram-se orquídeas
coroando a fronte.
Parece que tombam de jardins azuis
e se erguem pela casa
num último suspiro.
Tem sede de rosas brancas debruçadas sobre a ponte.
E o grande arquiteto escreve,
à custa do meu nome,
a errância da morte.
Maria Azenha
Dói este silêncio.
Esta montra d’água de luz insuportável.
E Deus vem
de vez em quando
abrir vogais na garganta
Com uma voz que logo arde
toquei a sua mão
que me conduz aos templos.
Moveu-se a grande porta dos segredos
com cerejas negras nos ouvidos
para atravessar a escuridão
de algumas páginas.
Ela entrava
pelas doze cordas da casa
com palavras sinuosas,
às dos condenados semelhantes
que se prendiam a estacas febris.
Que centro imóvel
vive agora
por detrás dos lagos?
Há uma faca que abre ao meio os sinos
e o nome das pedras
vem logo por dentro.
Há silêncio apenas.
Com os olhos cegos que ainda abrasam
vi uma gazela
ajoelhada na neve,
e estremeci.
Lá estava uma pedra a pedir perdão
e junto à pedra um barco
e as águas das trevas bateram-me nos ombros.
Em volta do seu nome aglomeram-se orquídeas
coroando a fronte.
Parece que tombam de jardins azuis
e se erguem pela casa
num último suspiro.
Tem sede de rosas brancas debruçadas sobre a ponte.
E o grande arquiteto escreve,
à custa do meu nome,
a errância da morte.
Maria Azenha
Nota: Limito-me a deixar uma simples frase, para classificar este e outros poemas de Maria Azenha: um verdadeiro delírio metafórico, a erguer-se sobre as palavras de uma catedral gótica.
A "poeta" Maria Azenha colabora neste
blogue, publicando-se um poema de sua autoria, às quintas-feiras.
1 comentário:
Uma vez mais
o equilíbrio
na assimetria
das pedras
que falam alto
nas escarpas
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