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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Escritores: Morreu Urbano Tavares Rodrigues

Urbano Tavares Rodrigues, quando novo

Morreu hoje o escritor e professor universitário Urbano Tavares Rodrigues, de 89 anos, confirmou ao DN a sua editora, a Dom Quixote.
A notícia foi dada pela filha, Isabel Fraga, na página de Facebook "Urbano Tavares Rodrigues - escritor", onde escreveu esta manhã: "O meu pai acaba de nos deixar. Estava internado nos capuchos há 3 dias. Não tenho mais informações. Soube agora mesmo".
Catedrático jubilado da Faculdade de Letras de Lisboa, membro da Academia das Ciências, tem uma obra literária e ensaística muito vasta e traduzida em inúmeros idiomas, do francês e do espanhol ao russo e ao chinês. Obteve diversos prémios, entre eles o de Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores, o prémio Fernando Namora, o Ricardo Malheiros da Academia das Ciências.
Entre os seus livros, destaque para 'A Noite Roxa', 'Bastardos do Sol', 'Os Insubmissos', 'Imitação da Felicidade', 'Fuga Imóvel', 'Violeta e a Noite', 'O Supremo Interdito', 'Nunca Diremos Quem Sois' ou 'A Estação Dourada'.
Urbano Tavares Rodrigues, que foi afastado do ensino universitário durante as ditaduras de Salazar e Caetano, participou activamente na resistência. Impedido de leccionar em Portugal, foi leitor de português nas universidades de Montpellier, Aix e Paris entre os anos de 1949 e 1955. E foi preso por várias vezes nos anos sessenta.
Doutorou-se em 1984 em Literatura com uma tese sobre a obra de Manuel Teixeira Gomes.

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Urbano Tavares Rodrigues foi um escritor que me marcou muito, na minha juventude. Ligado ao neo-realismo, nas suas primeiras obras, e influenciado pela mundividência cultural de Paris, onde se exilou, como refugiado político, Urbano Tavares Rodrigues depressa assimilou a corrente literária do existencialismo de Sarte e de Camus, autores que também foram para mim uma referência. Uma Pedrada no Charco é um romance notável, com Urbano Tavares Rodrigues a exibir o fulgor da sua criatividade ficcional e o seu abrangente Humanismo. Morreu sem que lhe fosse atribuído o Prémio Camões, para ao qual chegou a ser proposto, há uns anos, e que ele desejava. Um júri fundamentalista, no seu fervor anticomunista, roubou-lhe essa glória merecida e justa, atribuindo-o a um outro escritor de menor craveira. Mas o seu nome na História da Literatura Portuguesa ninguém o poderá apagar, onde figurará como o primeiro escritor a fazer a ponte entre o neo-realismo, já em decadência, e as novas correntes literárias, surgidas na década de sessenta do século passado. Foi um escritor geracional, um escritor de uma geração, que foi a minha. Tenho uma saudade imensa de Urbano Tavares Rodrigues.

1 comentário:

Mar Arável disse...

Há Homens que não se vendem